Nesta semana, Arapoti recebe o “Pomar – Festival de Teatro”, que faz sua estreia na cidade promovendo apresentações teatrais e oficinas gratuitas. A programação, que teve início na segunda-feira (16) e vai até o sábado (21), inclui cinco peças que abordam os mais diversos temas. O projeto oferece também duas oficinas de formação, com atividades nos dias 16 e 18 de setembro. A mostra ficaa em cartaz na Asfuca e na Linha Verde.
A atriz, produtora e arte-educadora Juliana Cordeiro, uma das organizadoras do Pomar, reforça que o objetivo do evento é promover o fortalecimento da cultura na cidade de Arapoti e também na região, das cidades que ficam no entorno, e que, além de gratuita, a programação é totalmente inclusiva.
“O nosso evento proporciona um momento para ser compartilhado em família, e pela primeira vez o público da cidade poderá conhecer e usufruir do recurso de acessibilidade de audiodescrição, além do recurso de acessibilidade em libras também”, comenta Juliana. O Pomar também prevê a transmissão ao vivo de dois espetáculos, via YouTube, com libras e audiodescrição.
Sensação de pertencimento
O festival surge com a ideia de fortalecer a presença dos jovens e fazer com que sintam vontade de se envolver nos projetos teatrais e ficar em suas regiões. Sabe aquela coisa de sentir que são acolhidos e que têm espaço? Juliana destaca que essa é a principal busca.
“O Pomar Festival de Teatro nasce da ideia de desenvolver o pertencimento a um lugar. Fazendo uma analogia: a gente é como uma árvore, que quando vive de uma maneira saudável, a gente consegue fazer crescer as suas raízes e se nutrir daquela terra, para então poder gerar seus frutos e alimentar aqueles que vivem à nossa volta”, conta.
Ao longo do tempo de profissão, e até mesmo da experiência em sala de aula, Juliana já percebeu que muitos dos jovens acabam indo embora das cidades pequenas, ou se perdendo no meio do caminho por não terem recursos para o desenvolvimento dos seus sonhos. O festival quer promover esse reencontro com a essência destas pessoas.
“A gente almeja, com a primeira edição, que ela possa ser um nutriente. E assim fortalecer a ideia de pertencimento e poder de transformação que cada um possui. A gente acredita que a arte é fundamental para o bom desenvolvimento dessas sementes, que são esses jovens em formação”.
Carência de arte
Ao mesmo tempo, o Pomar – Festival de Teatro, supre a carência de espetáculos artísticos de qualidade em Arapoti.
“Arapoti é uma cidade onde quase não têm, quase não se oferecem espetáculos teatrais. Por vários motivos, tanto pela falta de estrutura, como pela falta de incentivo, que possam viabilizar essas ações. Esses espetáculos vão ampliar o repertório artístico cultural e histórico do público que vai ser atingido”, destaca a produtora.
Já no caso das oficinas, a ideia é fazer com que mais gente se interesse pelo assunto e desenvolva habilidades.
“As oficinas, elas oferecem parte integrante do projeto, porque tem a função de tirar o público da esfera de mero espectador ali, sentadinho na cadeira, incentivar e provocá-los para que eles se tornem agentes criadores do fazer artístico, e melhor ainda, transformadores do seu próprio futuro. Em resumo, o projeto Pomar avisa instigar seu público e, acima de tudo, não deixar que eles parem de sonhar”.
Teatro no interior, sim senhor
Quando olhamos as programações das grandes turnês teatrais, é raro quando alguma delas acaba passando pelo interior. No caso do Paraná, nem sempre isso acontece. Juliana comenta o que um festival como o Pomar pode representar para essas pessoas, quando pensamos dessa forma.
“A gente sempre vivenciou a ausência da difusão teatral na cidade. Por vários motivos: a falta de equipamento cultural adequado para a realização, principalmente a carência de iniciativas públicas e privadas no incentivo dessa atividade cultural. E não é só com teatro que isso acontece, é com todas as outras áreas culturais, todas as outras áreas artísticas”.
A organizadora considera que a realização da primeira edição do Pomar – Festival de Teatro é um marco para Arapoti. Inclusive por ser um festival criado e executado por produtores e agentes culturais locais.
“E isso tudo só está sendo possível devido à conquista da lei emergencial Paulo Gustavo, é importante a gente lembrar disso. Ela possibilitou que recursos fossem distribuídos para as cidades que não fazem parte dos povos culturais, como por exemplo Curitiba, a capital, ou Londrina e Maringá”.
Além de levar arte, o Pomar – Festival de Teatro também quer mostrar a todos que o interior também pode ser um centro produtivo.
“O interior também tem pessoas capacitadas para criar e gerir um projeto como esse. Assim como também tem cidadãos com fome de cultura. Então, dessa forma, o Pomar é um evento que representa um novo olhar para a cultura local. Tanto para as pessoas que virão como espectadores da programação, quanto para os agentes culturais que estão aqui, se envolvendo na realização deste trabalho”.
Peças e oficinas gratuitas
Como o teatro é pouquíssimo difundido na região, nada melhor do que uma programação que envolva a cidade e que seja gratuita. Foi por isso a organização entendeu que oferecer os espetáculos e oficinas gratuitamente seria o caminho.
“Nossa cidade não tem uma programação contínua. Quase nenhum espetáculo vem pra cá, então as pessoas não têm o hábito de ir lá e assistir, e muito menos consumi-lo, seja pagando o ingresso. Então, nesse momento, a gente está empenhado em formar plateias primeiro, porque a gente acredita que o acesso gratuito é um fator importante para democratizar”.
Ao mesmo tempo, o festival também quer mostrar às pessoas a importância de que haja recurso, como a lei Paulo Gustavo, que permite o acesso à arte.
“O ingresso gratuito, a gratuidade de toda a programação, é porque nós conseguimos um recurso para cobrir todos os gastos do festival. É importante, porque às vezes as pessoas acham que o artista trabalha de graça. Não, eles estão recebendo envolvidos ali na produção do festival”.
Confira a programação completa
Aniversário do Palhaço , o que é? (Cia Filhos da Lua)
Datas e horários: 17 (terça) às 14h e 18 (quarta) às 8h30 e 10h (apresentações exclusivas para escolas)
Local: ASFUCA – Rua Luiz Pinheiro, 99, Arapoti
Sinopse: a história conta as peripécias da família de palhaços “Azucrinada” durante a organização do aniversário do palhaço “Churumela”, no “Gran Circo de La Lona Furada”. Ao narrar essa cômica estória, o espetáculo traz também muita música, poesia e encantamento, marca registrada da Companhia Filhos da Lua.
Alberto, o menino que queria voar (Cia Karagozwk)
Data e horário: 18 (quarta) às 19h30 (apresentação aberta ao público)
Local: ASFUCA – Rua Luiz Pinheiro, 99, Arapoti
Sinopse: O ator-animador vive o personagem de um mecânico da época, amigo de Santos Dumont, para contar a história deste homem ilustre. A incrível trajetória de descobertas aeronáuticas deste perseverante brasileiro, que genialmente, desde menino, afirmava que: “…O HOMEM PODE VOAR….” Misturando linguagens, Marcello usa o recurso da figura humana, do teatro de sombras e da música para levar o espectador de todas as idades, pais e filhos, à Paris em 1.900, em um palco cheio de imagens e luzes, projetando as máquinas voadoras criadas por Alberto Santos Dumont.
Atravessar o mar para sempre (Cia Teatro de Bagagem)
Data e horário: 19 (quinta) às 9h30 e às 14h (apresentações exclusivas para escolas) e às 19h30 (apresentação aberta ao público)
Local: ASFUCA – Rua Luiz Pinheiro, 99, Arapoti
Sinopse: Duas pessoas caminham há muito tempo, vivem em travessia para fugir de uma guerra inesperada. Em suas bugigangas possuem um rádio onde ouvem uma rádio-novela e reinventam o próprio cotidiano para seguir o caminho. Durante a travessia recriam a radionovela com os objetos que tem à mão. É nessa brincadeira que conhecemos a travessia de Pérola, Violeta, Ícaro e Girassol. Essa é a brincadeira narrativa e que envolve todo o aspecto visual do espetáculo: sobreviventes que constituem e reinventam, pela poesia e esperanças, suas historicidades.
Lugar de ser inútil (Grupo Olho Rasteiro)
Data e horário: 20 (terça) às 9h30 e às 14h (apresentações exclusivas para escolas)
Local: ASFUCA – Rua Luiz Pinheiro, 99, Arapoti
Sinopse: “Lugar de Ser Inútil” resgata o olhar meticuloso para ciscos, latas, animais e andarilhos. Na obra, seres e coisas ínfimas servem como fruto e inspiração, mesmo sendo enxergadas muitas vezes como inúteis aos olhos de uma sociedade onde o consumismo se faz presente e a relação com objetos, pessoas e pertences, se tornam cada vez mais descartável. A peça é regida por dois personagens “bocós” (termo este considerado um elogio aos olhos do poeta) que refletem o ponto de vista de Manoel de Barros.
Encontro de gigantes (Cia Ás de Paus/Londrina)
Data e horário: 21 (quarta) às 10h (apresentação aberta ao público)
Local: Linha Verde próximo ao chafariz (caso chova a apresentação será transferida para o ASFUCA – Rua Luiz Pinheiro, 99, Arapoti)
Sinopse: Duas figuras excêntricas e divertidas aguardam com curiosidade a realização do tão esperado “Encontro de Gigantes” na companhia do público. Enquanto nada acontece, questionamentos mirabolantes são levantados: Mas, o que seria esse tal de Encontro? Os gigantes, aqueles que conhecemos de histórias, realmente existem? E afinal, como podemos saber que uma coisa realmente existe? Cansada da espera, a dupla decide ir embora, quando de repente, é surpreendida por uma figura fantástica. Nesse encontro, todos somos convidados a conhecer a história de um elemento que atravessa épocas, permeando diversas culturas e transformando a dimensão do humano: como num passe de mágica… todos podemos ser Gigantes!
Oficina teatral para jovens e adultos “Desenvolvendo o seu eu criativo”
Data e horários: 16 (segunda) das 08h às 11h (público agendado)
Ministrante: Renato Aguiar, o Palhaço Siricotico
A construção do ser passa por um processo pedagógico de autoconhecimento, aceitação e despertar para uma nova realidade. Esta oficina foi criada para colaborar no desenvolvimento da comunicação e dos relacionamentos, despertando através de técnicas lúdicas a criatividade, sem omitir a identidade real de cada participante.
Oficina teatral para crianças “Paisagens reais e fictícias”
Data e horários: 18 das 13h às 14h30 e 19 das 15h15 às 16h45 (público agendado)
Ministrante: Patrícia Cretti
A oficina pretende trazer para as crianças a discussão de compreensão de território – tema que norteia os afetos e as noções de pertencimento. A ficção, usada aqui por meio do teatro que é território do brincar e do inventar, é o meio de pensar em possibilidades de futuro. Outras construções de paisagens, de cenários e de formas de pertencer a um território. A cartografia dos afetos e dos lugares é o direcionamento principal desta oficina e a criação teatral é a possibilidade máxima de inventar outras formas de mundo.
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(Foto: Celso Margraf)