Por Israel Reinstein, Fernando Ghignone e André Lopes
O líder do governo Bolsonaro, o deputado federal Ricardo Barros (PP), recebeu o portal de notícias HojePR para fazer um balanço sobre a convenção do PP, falar do futuro do partido e os rumos da disputa nacional. Barros destacou que a legenda está se preparando para participar da disputa nos municípios em 2024 e para compor a chapa majoritária de 2026. E fez um alerta sobre a eleição presidencial: Acredita em segundo turno entre Lula e Bolsonaro, numa disputa duríssima entre os dois candidatos com direito a ataques pesados.
HojePR: Qual a sua avaliação da convenção do PP?
Ricardo Barros: Foi uma convenção democrática e mostrou a força do PP. Fizemos na segunda maior cidade do Paraná, em Londrina, cidade do prefeito Marcelo Belinatti, que tem 70% de aprovação. Foi uma convenção em que demonstramos a qualidade do nosso quadro político. Sob a liderança da presidente estadual do partido, a deputada Maria Victória, com a presença de seis deputados estaduais e cinco federais, além da presença do governador Ratinho Junior (PSD). Em seu discurso, o governador Ratinho falou de sua amizade com Guto e também agradeceu a ex-governadora Cida Borghetti por ter entregue um governo com as contas em dia e da amizade deles, ao longo de convivência por três mandatos de deputados. Em suma, o partido reforçou que quer um espaço em 2026 e vai concorrer a chapa majoritária.
HojePR: É possível dizer que a candidatura ao senado do deputado Guto Silva está sacramentada?
Ricardo Barros: O Guto é o nosso candidato ao Senado e o Progressista deseja lançar seu nome como senador. Mas temos um compromisso anterior com o governador Ratinho Junior e o presidente Jair Bolsonaro. E vamos ouvi-los. A eleição do Senado ainda está confusa. A nossa ata está aberta. Vamos acompanhar a escolha e posicionamentos dos demais partidos. E avaliar a conveniência ou não da candidatura do Guto. O partido quer lançar, mas só não o fará se receber um pedido, com argumento justificável, do governador Ratinho ou do presidente Bolsonaro.
HojePR: O PP vai judicializar a candidatura do ex-juiz Sergio Moro?
Ricardo Barros: A filiação do Moro está impugnada por uma filiada do União Brasil. Os argumentos estão na internet, sobre o domicílio eleitoral dele. É um assunto que eles têm que resolver entre eles. O Moro já tinha despachado o Paraná quando mudou-se para São Paulo. É natural que os colegas aqui do Paraná estejam desconfortáveis em recebê-lo de volta.
HojePR: Existe alguma estratégia na organização dos partidos para formar um palanque para o presidente Bolsonaro no Paraná?
Ricardo Barros: O governador Ratinho vai apoiar o presidente Bolsonaro. É natural que a estrutura do Bolsonaro gire em cima da campanha do governador, que tem muita capilaridade e reúne todas as lideranças. Vou continuar meu trabalho de trazer o presidente para o Paraná. Não fui nomeado para isto, mas vou continuar fazendo este papel. Sempre fui mais dado a articulação política. Entendo que a vinda do presidente não deve ser feita em favor de um e em detrimento de outro. Toda participação do presidente no Paraná será amplamente acessível para todos os partidos.
HojePR: O senhor falou que o PP vai ter candidatura própria para a disputa de 2026. A ex-governadora Cida Borghetti é a candidata do partido?
Ricardo Barros: O PP tem nomes. A Cida é uma boa opção. O Belinati (prefeito de Londrina, Marcelo Belinati) é muito bem avaliado. Tem rodado o Paraná fazendo palestras e é bem recebido a e fazer palestra. Temos o Guto Silva, que pode se consolidar como liderança do partido. Temos os deputados. O partido tem boa estrutura. E isto nos permite dizer que estaremos na chapa majoritária de 2026.
HojePR: E na disputa de 2024?
Ricardo Barros: Boa parte da nossa chapa são pessoas que concorrerão para prefeitos ou vereadores. Pessoas que estão em processo político. Inclusive na Capital, temos a Maria Victória, Pier Petruziello, a deputada Cristina Yared. Temos muito trabalho para fazer. Após a eleição desse ano, haverá muita migração nos partidos. E o PP será uma boa escolha. Temos bom tempo de televisão e rádio e essas lideranças vão buscar onde terão melhor oportunidade e condições para disputa.
HojePR: As pesquisas sugerem um quadro eleitoral definido no primeiro turno. Qual a sua avaliação?
Ricardo Barros: O quadro não está definindo. Está muito longe de ser decidido. A eleição vai ter segundo turno. Um segundo turno de quatro semanas. Teremos uma eleição duríssima. Haverá uma contenção no primeiro turno, os principais concorrentes irão vender o seu peixe. Mas, no segundo turno, haverá ataques pesados de um contra outro. E sem a terceira via para ganhar os votos dos principais concorrentes, no segundo turno, o voto que se perde lá vem para cá. Temos alguns aperitivos dessa disputa. O Lula fez convenção e não compareceu a sua própria convenção. Já o Bolsonaro fez com o Maracanãzinho lotado. Essas imagens são percebidas pela população. Vão ficando na percepção dos eleitores. Acredito que, no final, isso faz diferença. Em uma eleição nacional vale a economia. E neste momento, o alimento está caro. E isto tem sido um dificultador para o Bolsonaro. A ajudas oferecidas agora, para minimizar o impacto da pandemia e da crise provocada pela guerra da Ucrânia com a Rússia, ajudam uma pequena parcela da população. Mas este não é o assunto da campanha. O assunto dessa eleição é quem pode governar melhor o Brasil. E o presidente virá com suas conquistas na infraestrutura, nas rodovias, em portos, aeroportos, bilhões de investimentos contratados. Temos o crescimento de 1% no primeiro trimestre, com o menor índice de desemprego.
HojePR: A sua capacidade de articular é frequentemente elogiada.
Ricardo Barros: Para mim, articular é uma coisa familiar. Quando nasci, o meu pai já era vereador. Cresci fazendo isto. Eu faço política. Não tenho adversários, tenho concorrentes. Para mim, adversários são pessoas opostas. Concorrentes são pessoas que concorrem para o mesmo objetivo, que é servir a população. Se você disputa uma eleição e vence, tem a oportunidade de liderar. Se perde e não vence, tem a oportunidade de cooperar pelo mesmo objetivo. Não é porque perdeu a eleição que você perde os objetivos. Nós trabalhamos na lógica de somar e construir. Política de resultados. Termina eleição começamos a cooperar com as pessoas. Dessa maneira fica mais fácil de conversar.