O pão nosso de cada dia está prestes a ficar mais caro. Segundo o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do estado (SIPCEP), o preço do pão pode subir mais de 10% no Paraná. Segundo especialistas consultados pelo G1, esse aumento é influenciado por diversos fatores, como a alta dos combustíveis e a guerra na Ucrânia.
De acordo com o último levantamento feito pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), em fevereiro, o preço médio do quilo do pão francês era R$ 10,26, no estado. O valor é 1,2% maior que o registrado em janeiro deste ano e 5% maior do que na comparação com fevereiro de 2021. Confira no gráfico a seguir a evolução dos preços.
De acordo com a reportagem, o presidente do SIPCEP, Vilson Felipe Borgmann, afirmou que algumas padarias já reajustaram o preço do pão no mês de março, em 10%. Segundo ele, os ingredientes para produzir o pãozinho estão mais caros, principalmente o trigo.
“O trigo aumentou para nós, este mês, em 20%. O óleo de cozinha também já aumentou. Os ovos aumentaram também, o leite teve uma pequena alta. Então, nós estamos com a nossa matéria-prima subindo. O gás que subiu agora. Tudo está aumentando nossos custos”, explicou. Para que o reajuste não impacte fortemente a inflação, as padarias e confeitarias têm tentado parcelar os aumentos.
As empresas também estão de olho nos reflexos da guerra no leste europeu, já que Rússia e Ucrânia produzem grande parcela de todo o trigo mundial. “Se não sair produções de trigo e não plantarem nessas próximas safras por causa da guerra, aí vai estrangular o mercado. A gente depende, bem dizer, da boa vontade dos caras lá pararem de brigar. A economia mundial fica no meio dessa encrenca toda”, disse Borgmann.
Como a guerra influencia no preço do pão?
O mestre em Administração de Empresas e professor de graduação e pós-graduação nas áreas de Finanças e Mercado Samir Bazzi explica que o preço do pão é pressionado pela guerra, justamente por causa da alta no valor do trigo. Segundo o professor, o Brasil produz menos da metade do trigo que consome e precisa importar o produto de países como Argentina, Canadá e Estados Unidos.
Mesmo importando pouco trigo da Rússia e da Ucrânia, a dificuldade de negociação com esses dois países, por causa da guerra, faz com que outras nações busquem o produto nos locais onde o Brasil compra. Com o aumento da procura nos mercados onde o Brasil é cliente e a redução na oferta mundial do trigo, o preço acaba subindo.
“Isso acaba impactando o custo do pão, e não só do pão. Se olhar no mercado, o macarrão já subiu também. Tudo aquilo que é relacionado com trigo, seja de forma direta ou indireta, já está subindo. Isso vai impactar muito no preço dos alimentos de uma forma geral”, explicou Bazzi.
Para o professor, o cenário dos próximos meses é de muita incerteza, com tendência de piora nos índices da inflação. Neste caso, a continuação ou fim do conflito entre Rússia e Ucrânia serão fundamentais para a estabilização ou alteração nos preços dos alimentos.
“Se a guerra continuar, isso vai levar a um período de novos aumentos, vão ficar em níveis mais altos e persistir durante um período de tempo até que o conflito se acabe. Creio que nos próximos dois ou três meses a situação, infelizmente, vai ficar um pouco mais complicada”, disse.