Quem tiver a curiosidade de ler os apelidos adotados pelos candidatos das eleições deste ano vai perceber que duas profissões de destacam: professores e militares. Tanto para deputados estaduais como para federais, esses dois grupos superam as demais profissões usadas como marketing para atrair eleitores.
Ao todo, 75 candidatos e candidatas usam o termo professor, professora ou prof na eletrônica. Seja na disputa para uma vaga ao Congresso Nacional ou para a Assembleia Legislativa do Paraná. A maior quantidade está entre os candidatos a deputado estadual, com 42 candidatos professores. Já para a Câmara Federal, 33 candidatos usam esses termos.
No caso dos militares, a divisão acontece por patentes, mas juntos representam 56 candidatos que usam a sua patente ao lado de seu nome. Há mais sargentos disputando um cargo, que tenente-coronel. São 18 sargentos disputando uma vaga ao legislativo, sendo metade para estadual e a outra para federal. Depois seguem os soldados com 14 candidatos, e vêm os cabos, com nove candidatos, cinco capitães, cinco tenentes ou subtenentes.
Os “doutores” ligados a medicina são outro grupo grande com 9 candidatos a deputado federal, que usam no apelido no lugar do nome de batismo. E 13 candidatos com o termo doutor para deputado federal, totalizando 22 nos dois grupos. Logo em seguida seguem os pastores com 18 integrantes na disputa das duas cadeiras.
O uso dos apelidos ajudam na hora do voto. É o que afirmam os especialistas da área. “Títulos religiosos, como pastor, ou ligados à área de segurança, como capitão, são códigos para tentar chamar a atenção do eleitor. Assim como também são as ocupações de saúde, que estão chamando bastante atenção”, afirma Carlos Ranulfo, professor do Departamento de Ciência Política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Segundo Ranulfo, “o que pode influenciar também é a denominação junto ao nome, como fulano ‘da ambulância’ ou ciclano ‘técnico de enfermagem’. É uma estratégia utilizada por todos os candidatos.”
Já Lucas Gelape, doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), destaca nomes eleitorais que procuram evocar a proximidade do candidato com uma localização. “Não por acaso, a gente vê muito candidato a vereador colocando ‘da farmácia’ e ‘do bar’ em seus nomes de urna”, diz Lucas. “O vínculo local – com o bairro, com a região da cidade – acaba ficando mais evidente.”
Confira a lista de profissões e apelidos usados nas urnas eleitorais
Candidatos a deputado federal
33 professores
9 sargentos
7 soldados
5 cabos
4 capitães
1 tenente
1 capelã militar
9 doutores
3 enfermeiros
1 pessoa com famárcia no nome
8 pastores
3 jornalistas
1 advogado
2 pessoas com sobrenome Bolsonaro
1 pessoa usando o termo Bolsolavista
2 pessoas usando a sigla do PT no nome
Candidatos a deputado estadual
42 professores
9 sargentos
7 soldados
4 cabos
4 policiais
1 capitão
3 subtenentes
1 tenente-coronel
13 doutores
3 enfermeiros
1 usando farmácia no nome
8 pastores
1 usando pastoral no nome
2 jornalistas
3 usando Bolsonaro como sobrenome
2 usando PT no nome
1 usando patriota no nome