Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (14), após reunião do Conselho Deliberativo, a diretoria do Coritiba apresentou o projeto de reestruturação do clube. O presidente Juarez Moraes e Silva anunciou que o Coritiba entrou com um pedido de recuperação judicial (RJ) para dar suporte à criação do Coritiba SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Também foi divulgada a contratação da XP Investimentos, que tem a missão de buscar investidores para ao clube.
Em entrevista exclusiva ao HOJEPR, o 1º vice-presidente do Coritiba, Glenn Stenger, explicou que o pedido de recuperação judicial é um instrumento legal, amparado na legislação vigente e na Lei que criou as SAF (Sociedade Anônima de Futebol). “A RJ poderá fazer com que tenhamos a solução definitiva para o endividamento de muitas décadas que o clube possui”, explicou.
As SAFs foram legalizados em 2021 e permitem aos clubes criarem sociedade anônima e integralizar os ativos para facilitar a entrada de investidores e reestruturações de dívidas, que no caso do Coritiba é de aproximadamente R$ 300 milhões.
Segundo Stenger, os benefícios da RJ para o clube vão aparecer assim que o pedido for aprovado pelo poder Judiciário. “O Coritiba terá condições de ajustar seu fluxo de caixa, tanto no tocante a valores quanto a tempo necessário para pagamento de todos os seus compromissos. Em suma, ganhará condições de arcar com todos os seus compromissos já assumidos”, afirmou o dirigente.
Dessa forma, avalia Stenger, os fornecedores do clube podem ficar tranquilos em relação aos pagamentos devidos. “A RJ não é um calote. Ao contrário, é um instrumento previsto integralmente na legislação que propicia ao clube honrar todos os compromissos financeiros que possui. Certamente, se não aderíssemos a esse instrumento, aí sim o clube teria sérias dificuldades em efetivar seus pagamentos”.
Stenger garante que todos os credores do Coritiba vão receber o que o clube lhes deve e que, assim que a RJ for aprovada, o clube vai poder compor os pagamentos. “A partir da aprovação do pedido pelo poder judiciário, todos os credores serão chamados para tratar seus débitos e em quais condições eles serão liquidados”, ressaltou.
Stenger explica que o plano de reestruração financeira do Coritiba, junto ao pedido de recuperação, propicia ao clube uma situação chamada ‘Stay Period’. “São ao menos 180 dias em que só se pagarão as despesas correntes (dia a dia). Esse período é o necessário para que sejam feitas as adequações necessárias para o início dos pagamentos”.
Junto a esse pacote de medidas, o Coritiba anunciou a contratação da XP Investimentos para buscar investidores ao clube. Pensando nessa parceria com a XP, Stenger reforça que o pedido de recuperação cria o que ele chama de ‘empacotamento’ da dívida. “Ciente do tamanho da dívida do clube é transparente para nós que o valor que o clube conseguirá atingir junto a eventual investidor na SAF, será bem superior ao valor que obteríamos sem o dito ‘empacotamento’”.
Ciente da preocupação da torcida em relação à saúde financeira do Coritiba e de como o mercado analisa o pedido de recuperação, Stenger mostra-se tranquilo. “O mercado tem que entender o seguinte. Há um problema de décadas. Um endividamento que cresce dia a dia e que pode inviabilizar a continuidade da instituição. Um endividamento que poderia ceifar o emprego de centenas de colaboradores. Era necessário, de uma vez por todas, encarar o problema de frente e buscar solucioná-lo. E a RJ é a alternativa legal que se apresenta para que a instituição tenha continuidade”, diz Stenger.
Glenn reforça que as medidas adotadas pela diretoria do Coritiba fazem com que o clube seja administrável, “sob o aspecto financeiro e até sob o aspecto competitivo, pois possibilita investir, mesmo que pouco nesse momento, no futebol. Para que o clube tenha um futuro mensurável, essa é uma etapa que não poderia ser colocada de lado”, finaliza o dirigente.
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