Um dos SUVs mais populares da última década no Brasil, o Renault Duster perdeu um pouco de espaço nos últimos anos com a enxurrada de novos concorrentes. Marcas como Volkswagen e Fiat, que por anos ficaram de fora dessa disputa, atualmente estão fortes na categoria. Assim como a Hyundai com o Creta, e a Chevrolet com o Tracker.
Essa concorrência evidentemente forçou a evolução do modelo da Renault, que estreou em 2011 pautado na relação custo-benefício. Foi necessário refinar o Duster com mais tecnologia e uma mecânica mais pujante. Pois essa evolução está em sua plenitude no atual Duster Iconic Plus.
A versão de topo de linha do SUV compacto é atualmente uma das mais divertidas de guiar na categoria. O motor 1.3 TCe turboflex, capaz de gerar 162 cv de potência com gasolina e até 170 cv com etanol, entrega muito no Duster, proporcionando acelerações consistentes e prazerosas. São 27,5 mkgf de torque máximo disponível logo a 1.600 giros.
Embora utilize um câmbio automático CVT de oito marchas, o Duster não desaponta na hora de ganhar velocidade. Prova disso é a aceleração de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos, com velocidade máxima de 190 km/h. Os 1.353 kg de peso (em ordem de marcha) ajudam o SUV a arrancar com vontade.
Já o consumo não é de brilhar os olhos. Segundo o Inmetro, o SUV faz médias de 7,7 km/l (etanol) e 10,8 km/l (gasolina) na cidade, e de 8,4 km/l e 11,5 km/l na estrada, respectivamente. Ou seja, longe de ser um carro muito econômico, embora, com o tanque cheio de gasolina, rode até cerca de 529 km – isso, claro, na melhor das hipóteses.
Outro ponto alto é o ajuste de suspensão. O Duster é bastante alto – são 23,7 centímetros de altura do solo. Apesar disso, entrega excelente equilíbrio dinâmico em curvas e retas, assim como é robusto em rampas e sobre piso irregular e quando encontra buracos, lombadas e valetas. Na prática, é um dos SUVs compactos urbanos mais preparados para a terra (mesmo sem oferecer uma versão 4×4).
O conjunto mecânico e a suspensão são, portanto, os trunfos do Renault Duster na gama atual. O problema é que o motor 1.3 turbo está disponível apenas na versão Iconic Plus. As demais opções do SUV trazem o veterano 1.6 flex aspirado de até 120 cv e 16,2 mkgf de torque. Neste caso, há opção de câmbios manual de cinco marchas ou CVT de 7 velocidades. Porém, o desempenho fica muito abaixo, com 0-100 km/h em 12 segundos.
No geral, o Duster continua a se impor nas dimensões. São 4,37 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,69 m de altura e 2,67 m de distância entre-eixos. A bordo, o espaço é dos maiores do segmento, com ótimos vãos para pernas e cabeças no banco traseiro e um porta-malas de 475 litros no padrão VDA (aferido com tijolinhos de isopor).
Já o acabamento é mais rústico que o visto em alguns concorrentes diretos, como Hyundai Creta, Honda HR-V e o próprio Nissan Kicks Play. O padrão está mais próximo de modelos da Volkswagen, como T-Cross e Nivus.
Já a conectividade é o ponto fraco do SUV da Renault. O quadro de instrumentos, por exemplo, mantém o formato clássico, com relógios tradicionais para velocímetro e conta-giros, e um pequeno visor central para o computador de bordo. Já o multimídia do sistema DisplayLink tem tela de 8 polegadas com boa resolução, mas limitada em cores e sensibilidade (exige mais precisão e contato do dedo no visor).
O dispositivo não tem internet própria, mas oferece espelhamento sem fio com Apple Carplay e Google Android Auto. Outra falha do Renault Duster, algo limitado pelo projeto mais antigo, é a ausência de assistentes semiautônomos mais avançados do pacote ADAS – disponíveis em vários concorrentes, como controle de cruzeiro adaptativo (ACC) e assistente de manutenção de faixa.
O pacote de equipamentos da versão Iconic Plus reúne alertas de pontos cegos nos retrovisores, frenagem automática de emergência com aviso sonoro e visual (no painel), controles eletrônicos de estabilidade e de tração, e seis airbags de fábrica. Há ainda sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, e sistema de câmeras multivisão.
Vale a compra?
O atual Renault Duster está no fim do ciclo de vida da geração atual, que já foi substituída na Europa. Por lá, o novo Duster é um SUV mais moderno e interessante, que oferece versões com conjunto mecânico híbrido. No Brasil, a marca evita falar do modelo já disponível no exterior, já que, antes da troca de geração, vai lançar o Boreal, um SUV maior e inédito.
Contudo, o SUV compacto feito em São José dos Pinhais, no Paraná, ainda tem seus predicados. Ao volante, é sem dúvida um dos modelos com desempenho mais interessante na categoria. Sua robustez de suspensão e peças acessíveis também são bons argumentos. Assim como o visual, que foi atualizado na linha 2024 e trouxe assinaturas de luzes mais modernas.
O problema do Duster Iconic Plus com motor 1.3 turboflex é o preço, um tanto salgado diante dos principais concorrentes. Por exemplo, o Jeep Renegade Sport 2026 parte de R$ 118.290 já com o motor 1.3 turboflex de 176 cv. Ou seja, é mais potente e custa muito menos que o Renault. A marca francesa deveria considerar aposentar o 1.6 flex e padronizar a linha do SUV com o 1.3 TCe, caso queira brigar por volume até a chegada da nova geração do SUV, que deve ficar para 2026.
FICHA TÉCNICA
Renault Duster Iconic Plus CVT 2025
• Motor: 1.3 16V, injeção direta, turboflex
• Potência: 162/170 cv a 5.500 rpm (G/E)
• Torque: 27,5 mkgf a 1.600 rpm
• Câmbio: Automático CVT de oito marchas
• Comprimento: 4,37 metros
• Largura: 1,83 metro
• Altura: 1,69 metro
• Entre-eixos: 2,67 metros
• Porta-malas: 474 litros
• Tanque de combustível: 46 litros
• Peso (ordem de marcha): 1.353 kg
• Altura do solo: 23,7 cm
• Aceleração 0-100 km/h: 9,2 segundos
• Velocidade máxima: 190 km/h
• Preço: R$ 171.290
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