A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972, marca o início dos debates globais sobre os impactos da poluição e da ação do homem na natureza. Outro marco histórico é a Eco 92, que aconteceu no Rio de Janeiro e tratou de Meio Ambiente e Desenvolvimento. Saiu deste encontro a Agenda 21, que deu visibilidade aos conceitos de sustentabilidade. Ela trata de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. São 50 anos de debates, boas ideias e boas intenções, mas com poucos resultados práticos.
Ação inequívoca
Mesmo com a criação de ODMs, ODSs e da Agenda 2030, dados científicos mostram que nas últimas décadas a influência do homem sobre o aquecimento global só aumentou. Aquilo que no passado era classificado como perceptível e provável, agora é considerado inequívoco. A consciência ambiental cresceu, mas não foi suficiente para frear os efeitos do “desenvolvimento”.
Ganhos econômicos
Uma das razões que talvez explique a situação vivida pelo mundo seja a falta de real engajamento de grandes corporações na pauta ambiental. Um obstáculo lógico seria a dificuldade de quebrar seculares paradigmas empresariais (custo/investimento/lucro)para vislumbrar ganhos econômicos com ações de preservação do ambiente.
Trilhões de dólares
Diversas tentativas de monetizar boas intenções e iniciativas de proteção e preservação ambiental já foram tentadas, mas agora a situação pode estar mudando de forma radical com a transformação dos princípios ESG em grandes negócios. Trilhões de dólares circulam em fundos de investimento atrelados à questão da sustentabilidade e diversas métricas estão medindo a eficácia da adesão das empresas.
Não é ESG, corra!
Há dois anos o diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, Carlos Pereira, já ressaltava a importância do real engajamento do mundo corporativo na agenda ESG. “ESG não é uma evolução da sustentabilidade empresarial, mas sim a própria sustentabilidade empresarial”, escreveu. “Se você não internalizou a sustentabilidade, corra! O mercado está nervoso e a sociedade, vocal e ruidosa”.
ESG não é moda
A agenda ESG não é uma moda. Este é o sentido do alerta da Atmos Capital, gestora de fundos de sustentabilidade. Em carta aos associados, a administradora usa uma metáfora para chamar a atenção para a questão: “O fogo foi domesticado pelo Homo Erectus para aperfeiçoar sua condição de vida, não para impressionar um primata ao lado”, diz o texto que reflete sobre a necessidade do mundo empresarial tratar da agenda com sobriedade.
Geração futura
A mensagem da Atmos reforça que a pauta ESG tem enorme importância para a sustentabilidade e deixa a reflexão de que a agenda precisa ser tratada adequadamente. O recado é de que não se trata de instrumento para propagandear uma marca. “ESG tem uma importância expressiva no legado que a geração atual pode transmitir para as seguintes”, pontua a análise elaborada pela empresa.
Atalhos e checklists
Em outra parte, o escrito da companhia diz que “ao se focar em atalhos e checklists dados por uma cartilha, perdemos o foco do contexto no qual as empresas estão inseridas e no real objetivo que devemos perseguir enquanto sociedade.”
Foto: José Fernando Ogura/AEN
Silvio Lohmann é jornalista. Atuou como repórter e editor de publicações setoriais. Tem uma longa trajetória profissional na área pública. Coordenou as áreas de imprensa do Sistema Fiep, entre 2003 e 2009, e do Governo do Paraná, de 2011 a 2021.