O mundo precisa construir 600 milhões de novas habitações, de acordo com o Fórum Econômico Mundial (WEF), para cumprir um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. O ODS 11 fala em “garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas”, até 2030.
Ocorre que para cumprir este compromisso haveria um impacto imenso sobre o meio ambiente, seja pela necessidade de ampliar a exploração de insumos naturais necessários para a construção civil, seja pela ocupação de áreas que ainda estão preservadas ou pela perpetuação de espaços já degradados. Outra situação crítica é a destinação de resíduos inerentes ao processo construtivo. Além disso, há um fato prosaico: a quantidade de concreto para dar conta da meta é imensa.
Hoje, o mundo produz quatro toneladas de concreto por habitante e a construção é um dos setores que mais contribui com a mudança climática, com a geração de 21% das emissões globais de gases de efeito estufa. Só a produção de cimento responde por 8% das emissões totais de CO2. Em 2022, os edifícios também consumiram 34% da energia gerada no mundo, dando grande contribuição ao aquecimento da atmosfera.
O fato é que o mundo dificilmente dará conta de cumprir as metas da ONU. Um balanço divulgado no ano passado mostra que apenas 15% dos ODS estão no caminho certo. Em relação à habitação, o desafio é acelerar as soluções sustentáveis, para evitar ainda mais problemas ao meio ambiente.
Cimento alternativo (I)
O WEF estima que nas próximas três décadas “a procura de cimento será surpreendente, potencialmente levando à emissão de quase 100 bilhões de toneladas de CO2” caso medidas para descarbonizar a produção do insumo não forem rapidamente implementadas. Uma das soluções consideradas promissoras é o uso em grande escala do LC3 – Limestone Calcined Clay Cement (Cimento de Argila Calcinada Calcária), que já tem diversas fábricas ao redor do mundo.
Cimento alternativo (II)
No cimento Portland, o clínquer é o principal componente. O produto é extremamente intensivo em carbono. No LC3, a argila calcinada e o calcário moído substituem metade do clínquer. Neste composto, 600 quilos de CO2 podem deixar de ser emitidos a cada tonelada. Outro ganho é a redução no uso de combustível/energia, já que o processamento pode ser feito em temperaturas mais baixas. Na soma, o LC3 tem potencial para reduzir as emissões de CO2 em cerca de 40% na comparação com o cimento convencional.
Consumo sustentável (I)
A startup Orbit Data Science mapeou 44 mil comentários nas redes sociais TikTok, X (ex-Twitter), YouTube, Instagram e Facebook para identificar hábitos e comportamentos sobre sustentabilidade e consumo no Brasil. A captação foi feita em abril, utilizando expressões como “marcas sustentáveis”, “marca ecológica” e “eco friendly”. A conclusão é que os brasileiros estão engajados em causas ecológicas, mas não acreditam que “é possível mudar o mundo sozinho” e culpam as empresas pela crise ambiental.
Consumo sustentável (II)
De acordo com a análise da Orbit, o Tik Tok é a plataforma que mais estimula conversas sobre produtos sustentáveis e, no geral, 58% dos comentários têm teor positivo quando o tema é desenvolvimento sustentável, e 39% são posições negativas, inclusive sobre veículos elétricos. O apoio às marcas ecologicamente corretas alcança 45% de todas as opiniões avaliadas. Grande parte das discussões mapeadas tratam de moda, estética e higiene.
Crédito bilionário
Em uma operação de US$ 1 bilhão, a gestora de ativos florestais Timberland Investment Group (TIG), que é vinculada ao banco BTG Pactual, vai vender oito milhões de toneladas em créditos de carbono para a Microsoft. Segundo as duas empresas, é a maior transação conhecida do gênero. Os créditos serão gerados a partir da restauração e reflorestamento de 260 mil hectares de áreas desmatadas ou degradadas na América Latina. O acordo vale até 2043.
Até o McDonald’s!
“Até o McDonald’s faz propaganda dizendo que sua carne não é proveniente de áreas desmatadas. Por que você acha que falam isso? Porque é importante para o negócio. Meu ponto é geracional. Se a minha geração não deixou um Brasil melhor aos nossos filhos, ela deixou filhos melhores ao Brasil”. A consideração é de Fábio Barbosa, principal executivo da Natura e pioneiro no Brasil em práticas ESG, em entrevista para a newsletter Negócios Sustentáveis, do portal UOL.
Fim do El Niño
Em um boletim conjunto, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) confirmaram o fim do El Niño, que surgiu em junho do ano passado e foi um dos mais intensos já registrados. O fenômeno é marcado pela elevação da temperatura do Oceano Pacífico em 0,5 graus ou mais. No Brasil, gera seca no Norte e chuvas no Sul, além de provocar fortes ondas de calor.
Chegada da La Niña
De acordo com projeções do Inmet, há 70% de chances da La Niña chegar em setembro. Neste caso, o fenômeno provoca um resfriamento das águas do Pacífico e os efeitos clássicos no Brasil são o aumento das chuvas no Norte e Nordeste e da seca no Sul. Outra situação esperada é a entrada de mais massas de ar frio no País, gerando maior variação térmica.
Foto: Nel Ranoko/Unsplash
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