O Movimento Brasil Livre (MBL) anunciou, nesta quarta-feira (7), a expulsão do vereador João Bettega (União Brasil), de Curitiba. A decisão foi tomada de forma unânime pelo núcleo estadual do movimento no Paraná e contou com o apoio de todos os assessores parlamentares do vereador, que pediram exoneração coletiva em protesto contra a condução política de Bettega.
A ruptura foi tornada pública por meio de uma nota oficial do MBL, repleta de críticas e acusações contra o parlamentar. Entre os principais motivos apontados estão a “traição” aos princípios do grupo, a ausência de atuação política efetiva — com destaque para a produção de “vídeos idiotas”, segundo o texto —, além de suposta conivência com práticas do Partido Liberal (PL) em Curitiba e comportamento autoritário no gabinete.
A crise entre o vereador e o grupo já se arrastava há semanas, mas teria atingido seu ápice após Bettega, segundo o MBL, ter condicionado um “aceno político” à demissão do próprio chefe de gabinete, atitude considerada como um ultimato inaceitável. A alegação é de que o vereador ignorou todos os apelos por mudanças e tratou os próprios colegas com desprezo.
O coordenador nacional do MBL, Renan Santos, repercutiu o episódio nas redes sociais, afirmando que o caso representava “a maior traição da história do MBL” e enaltecendo o gesto dos assessores, que preferiram abrir mão dos cargos a seguir ao lado do parlamentar. “É a mais bonita das atitudes que já vi na política”, escreveu.
O movimento também apontou que Bettega teria sido confrontado com um vídeo, mantido em sigilo até então por um assessor, no qual o vereador critica o MBL e demonstra alinhamento com a agenda bolsonarista. A reação do vereador ao conteúdo, descrita como “de total indiferença”, contribuiu para o desfecho.
Conhecido nas redes sociais por vídeos polêmicos, Bettega já havia se envolvido em controvérsias anteriores. Em janeiro, publicou uma gravação em que invadia o Hospital Cajuru para o que classificou como uma “fiscalização”. Em março, foi condenado pela Justiça após divulgar imagens expondo um adolescente autista.
Até o momento, João Bettega não se manifestou publicamente sobre sua expulsão. O espaço segue aberto para eventual posicionamento.
Nota oficial do MBL na íntegra:
“Por decisão unânime do núcleo do Paraná e de todos, ABSOLUTAMENTE TODOS OS ASSESSORES PARLAMENTARES (que pediram exoneração), João Bettega está expulso por:
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traição
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ausência de trabalho político (só grava vídeos idiotas)
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fazer vista grossa para crimes cometidos pelo PL em Curitiba
A decisão veio através de semanas de discussões. O vereador ignorou todos os apelos e chamamentos à razão. Fez uso do medo para pedir a cabeça de diversos assessores que discordavam. Ao fim, exigiu da nacional a cabeça do chefe de gabinete em troca de “fazer acenos” ao MBL.
O MBL definiu que isso deveria ser decidido pelo grupo do Paraná. O grupo conversou com ele e percebeu, através da série de mensagens desconexas e ausentes de sentido, que Bettega apenas mentia e enrolava.
Um a um seus assessores se ofereceram para sair caso ele não mudasse; não mudou. Foi então que um deles revelou esse vídeo/entrevista em que atacava o MBL e abraçava a agenda do Bolsonaro. Ele estava guardando para “no momento certo” divulgar.
A revelação do vídeo e sua reação (deu de ombros), além da falta de empatia com os membros do gabinete, que toparam ficar desempregados a aceitar sua insanidade, foram a gota d’água. Absolutamente NINGUÉM quer mais esse rapaz por perto.
É por isso que acato a decisão local e aviso que ele está fora do grupo. É uma decisão definitiva.
O time de Curitiba tem todas as conversas da deliberação e pode esclarecer todos os detalhes. É o caso mais insólito de traição e despreparo que já vi em 11 anos de MBL. Um rapaz que se nega a fazer mandato (quer apenas gravar vídeos), que vive de “debater” com moradores de rua e senhores de idade, que se nega a sequer divulgar seus próprios projetos de lei e que tem vergonha do grupo que o elegeu só poderia ter um fim destes.
Fico triste, mas me espanta que ele sequer sinta remorso. Trai, mente e ignora o apelo de 100% das pessoas ao redor. É o rapaz mais burro e autoritário que já vi. Não à toa, aliás, disse ao grupo que o partido Missão era um “erro” e que “não achava” que iria sair do papel.
Já vai tarde, João Bettega, o único vereador no Brasil afastado por TODOS os assessores.”
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