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HojePR

Voluntarismo ambiental não basta

25/08/2022

Não são poucas as vozes que alertam para o provável insucesso de compromissos anunciados nos últimos anos por governos e países para combater e reduzir os impactos das mudanças climáticas. O próprio secretário-geral da ONU, António Guterez, já afirmou que há muito discurso e pouca prática. A advogada e ambientalista Farhana Yamin, que trabalhou na elaboração do Acordo de Paris, reforça o coro. Numa crise como a pandemia e a guerra, aponta ela, o mundo mobiliza o que for necessário para se proteger. “Não fizemos isso com as mudanças climáticas”, afirma.

 

Voluntarismo ambiental não basta I

Para Farhana, as soluções não estão mais em “pedidos educados” de apoio feitos por organismos internacionais e especialistas em clima. “Falta vontade política”, afirma, completando que ações voluntárias de empresas e estados não resolvem o problema do planeta. Em entrevista para a Folha de S. Paulo, disponível no Youtube, ela defendeu que é preciso haver a regulação das indústrias e dos países que causaram os maiores danos climáticos. “Quem polui menos não deve pagar o maior preço”.

 

Greenwashing impulsionado

Outra questão sobre sustentabilidade que continua chamando a atenção é a proliferação do greenwashing, as peças de marketing que empresas utilizam para mostrar engajamento à pauta sustentável, mas que não se sustentam. A maquiagem das ações está na pauta de diversas instituições certificadoras, que se mobilizam para determinar padrões e tentar inibir a prática.

 

Greenwashing impulsionado I

Uma das ideias é a inclusão de métricas de ESG no plano de prêmios e incentivos de executivos. A dificuldade é estabelecer critérios que permitam atingir metas de ganhos financeiros para a companhia e, ao mesmo tempo, comprovar a aderência do negócio aos quesitos da responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG). Ser sustentável custa caro, mas o resultado aparece no médio prazo.

 

Compliance para ESG

Outra ideia é fazer uma derivação do chamado compliance puro, que se preocupa com atos ilícitos, para que o programa de integridade corporativa também seja voltado para as práticas ESG. Além de “fiscalizar” a alta direção, o sistema pode engajar organicamente outros setores do negócio na agenda da sustentabilidade e ajudar a prevenir a prática do greenwashing.

 

Caminho sem volta

A Securities and Exchange Commission (SEC), entidade que regula o mercado americano de capitais, informa que mais de 90% das companhias listadas na bolsa de Nova York, e 70% das que têm ações na bolsa de Londres, já divulgam suas e investimentos em ESG. Apesar disso, os investimentos em ativos chamados de sustentáveis caíram 13% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Há certa desconfiança do mercado sobre os ativos, mas especialistas dizem que não há caminho de volta para as empresas que querem demonstrar compromisso com a sustentabilidade. Elas terão que demonstrar engajamento.

 

Curitiba elétrica

A marca chinesa BYD (Build Your Dreams) inaugurou uma revenda de automóveis elétricos em Curitiba, em parceria com o grupo Servopa. Vai vender inicialmente dois modelos, um SUV de sete lugares e um sedan de luxo. Mas a atividade da empresa na capital paranaense não se resume ao comércio de carros. Em parceria com a prefeitura da cidade, a companhia estuda soluções para o transporte de massa com ônibus eletrificados. Novidades sobre o assunto devem ser anunciadas nas próximas semanas.

 

BYD no Brasil

A BYD relata que está no Brasil desde 2015, quando iniciou a operação de uma unidade para montagem de ônibus 100% elétricos em Campinas (SP). A cidade também sedia uma fábrica da marca para a produção de módulos fotovoltaicos. Em 2020, os chineses inauguraram uma indústria de baterias de fosfato de ferro-lítio para abastecer a frota de ônibus elétricos. A unidade fica no Polo Industrial de Manaus (PIM). A empresa informa ainda que atua em dois projetos de SkyRail (monotrilho) no país: em Salvador, com o VLT do Subúrbio, e em São Paulo, com a Linha 17 – Ouro. No Brasil, a BYD também comercializa empilhadeiras, caminhões e furgões totalmente elétricos.

Foto: Naja Bertolt Jensen/Unsplash

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