A Volkswagen não esconde que espera que o Tera se torne o seu modelo mais vendido. A verdade está no vidro traseiro do pequeno SUV, onde a marca incluiu a silhueta de três carros: o próprio lançamento, o Fusca e o Gol, modelos que venderam 3 milhões e 7 milhões de unidades no Brasil, respectivamente. É chegada a grande hora de dirigir o lançamento para responder a pergunta: será que ele tem qualidades para chegar lá?
Vamos começar pela oferta. A precificação da versão 1.0 aspirada é de R$ 99.990, mas há uma pegadinha: o valor diz respeito às 999 primeiras unidades, o que não é nada para um fabricante de massa, logo depois passará a R$ 103.990. As vendas começarão no dia 05 de junho. Como não poderia deixar de ser, a Fiat seguiu a VW de perto e lançou o Pulse 2026 1.3 manual por R$ 98.990. É que nem no futebol: a competição começa nas categorias de base.
Por enquanto, não foi possível dirigir o Tera 1.0 MPI básico, então testamos o Tera em sua versão High 1.0 TSI Outfit The Town de R$ 142.290 para vermos o quanto ele é capaz. Seu preço o deixa próximo do Fiat Pulse Impetus Turbo 200 Hybrid automático (R$ 146.990) e Renault Kardian Première Edition (R$ 145.990). E ainda tem o Citroën Basalt 1.0 turbo Shine, que é menos completo, tem a mesma mecânica da Fiat e custa R$ 120.900, embora possa ser encontrado em promoção por R$ 109.490, um valor muito inferior ao dos rivais.

O painel se diferencia dos demais VWs brasileiros em estilo. As superfícies são texturizadas e mesclam elementos preto brilhante e uma pequena faixa de vinil para dar um toque macio. Há revestimentos em material semelhante nos forros das portas dianteiras.
O espaço interno é limitado pelos 2,56 m de entre-eixos, o mesmo do hatch compacto. Dois adultos podem ir atrás de boa, porém, se a altura deles for superior a 1,80 m, não há muita folga. Ao contrário do Polo, não há saídas de ar traseiras, apenas duas saídas USB do tipo C. Por sua vez, o porta-malas de 350 litros é 50 l maior, o que dá para uma mochila extra.

O painel digital de 10,25 polegadas é o mesmo do Polo. A central multimídia VW Play tem 10,1” e tem uma diferença interessante: a oferta do assistente de inteligência artificial Otto, uma figurinha com visual de Kombi que é capaz de responder dúvidas aleatórias, marcar pontos de interesse ou acessar o manual do carro, entre outras funções. Junto com conectividade 4G e integração com o smartphone, o recurso é interessante e estará no mercado no segundo semestre.
Em itens de série, o Tera High vem com ar-condicionado digital automático, direção elétrica, volante com ajuste de altura e profundidade, banco do motorista com regulagem de altura, encostos traseiros bipartidos, câmera de ré, central multimídia, painel de instrumentos digital, carregador de celular por indução (com refrigeração), cinto do motorista com regulagem de altura (não há para o passageiro), trio elétrico (vidros um-toque na dianteira), iluminação interna com LEDs, espelho retrovisor eletrocrômico, rodas aro 17 calçadas em pneus 205/55, para-sóis com espelhos iluminados, rack de teto, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, borboletas para mudança de marchas e descanso do braço dianteiro.
A segurança é reforçada por seis airbags (frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina), detector de fadiga, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, acionamento dos freios pós-colisão e os obrigatórios freios ABS e controles de estabilidade e de tração (com assistente de partida em rampa). Ainda dentro do mesmo capítulo, os faróis de LED vêm de série e têm 140 metros de alcance.
Impressões ao dirigir
Ao sentar ao volante, nota-se que a ergonomia é tipicamente germânica. Tudo está à mão e encontrar a melhor posição de dirigir é rápido e fácil. A diferença em relação ao Polo é a altura de condução. Ao volante, nota-se o quanto você está sentado mais alto, uma sensação que é reforçada até pelo capô elevado. Os bancos inteiriços podem não agradar a todos, porém envolvem bem o corpo. Há apoio de braço só para o motorista, o que abre espaço no console para dois grandes porta-copos e trecos em geral, mas não dá o mesmo conforto para o carona. Contudo, é dirigindo que as diferenças entre os modelos aparecem.
Ao contrário do 1.0 turbo manual, o automático vai de zero a 100 km/h em 11,7/11,8 segundos, 1,6 s a mais, ou seja, longe dos rivais Kardian e Pulse, que andam mais fortes quando equipados com o mesmo tipo de mecânica. Para termos um parâmetro de comparação, o Polo faz o mesmo em 10,5 s, olha que a diferença de peso entre a versão Highline do hatch e a High do Tera é de apenas 23 kg.
Como comparação, o Pulse 1.0 turbo Hybrid CVT vai de 0 a 100 km/h em 9,4/9,7 s graças ao seu motor de 130/125 cv e 20,4 kgfm. O Kardian 10 turbo com caixa automatizada de dupla embreagem faz o mesmo em 9,9/10,7 s, no que colabora o seu propulsor de 125/120 cv e 22,4/20,4 kgfm.
O primeiro Tera testado apresentou um defeito que impedia passagens sequenciais na alavanca e nas borboletas no volante, algo que não aconteceu no segundo, que pareceu mais desenvolto e capaz de imprimir melhor desempenho. O torque de 16,8 kgfm está presente em sua totalidade entre 1.750 e 4.500 rpm, rotação que está próxima das 5.000 rpm da potência máxima. Portanto, não é necessário ir até o corte de giro para fazer ultrapassagens e extrair todo o desempenho possível. É importante ressaltar que o carro avaliado estava com gasolina, então dispunha de 109 cv, contra 116 cv com etanol.

Para compensar, o consumo é baixo. Com etanol, o Tera testado faz 8,6 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada, sede que diminui para 12,2 km/l e 14,5 km/l com gasolina, segundo números oficiais. Obtivemos 13,8 km/l de média entre circuito urbano e rodoviário no teste.
A direção tem assistência bem calibrada e reações rápidas, o que combina com o bom ajuste dinâmico típico da VW – são 10,8 m de diâmetro de giro, com menos de três voltas de batente a batente. Por outro lado, a rodagem parece um pouco mais rígida que a do Polo, algo que pode ser explicado também pelo uso de rodas maiores. O isolamento acústico poderia ser um pouco melhor.
Diferentemente do Polo, o Tera 1.0 TSI utiliza freios a disco rígidos atrás, enquanto o hatch os abandonou para adotar tambores quando deixou de lado o 1.0 TSI de 128 cv. O conjunto é eficiente, com frenagens equilibradas.
Como se trata de um modelo com toques de SUV, o Tera tem rodagem de altura elevada. São 17,8 centímetros de distância do solo, um número superior ao do Polo Robust. A VW ainda tem 20,1 graus de ângulo de entrada e 33,4 graus de saída. Na medida para encarar buracos e valetas no dia a dia. E o melhor: não atrapalha a boa dinâmica do SUV compacto nas curvas.
Conclusão
É uma disputa e tanto. Atentas aos movimentos das marcas rivais, a Renault e Fiat prometem dar trabalho, enquanto o Basalt desponta como uma alternativa menos equipada e muito mais barata. O Tera tem condições de prosperar no mercado brasileiro com qualidades como design ousado, bom acerto e nível elevado de itens de série. Claro que o pacote ADAS é desejado e poderia vir de série, no entanto, para compensar, não chega a custar R$ 3 mil reais.
Ficha técnica
Volkswagen Tera High Outfit The Town
Preço sugerido: R$ 142.290
Motor: 1.0, 3 cil., 12V, turbo, flex
Potência: 116/109 cv a 5.000 rpm
Torque: 16,8 mkgf entre 1.750 e 4.500 rpm
Câmbio: Automático de seis marchas
Comprimento: 4,15 metros
Largura: 1,77 m
Altura: 1,50 m
Entre-eixos: 2,56 m
Porta-malas: 350 litros
Tanque de combustível: 49 litros
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