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GERSON-CABECA-COLUNA

Amizade madura: a arte de cultivar laços além do tempo

10/03/2025

Há alguns anos, antes de começar a colaborar com o HojePR, compartilhei no meu blog uma postagem copiada do Facebook sobre os encantos das amizades maduras. O texto era excelente, e a autora discorria com muita inteligência sobre como o binômio “tempo & distância” afeta as relações humanas.

Mais recentemente, aqui no portal, escrevi sobre uma verdade dos tempos digitais: o fato de só encontrarmos amigos e parentes em enterros. Repeti uma frase que uso muito: “As redes sociais aproximam os distantes e afastam os próximos”, dando-nos uma espécie de falsa proximidade.

Hoje retomo o assunto, considerando que a idade me dá a condição de olhar e avaliar os relacionamentos sob uma ótica diferente: a de como encaramos e cultivamos as amizades que vêm de muito tempo.

Para começo de conversa, é preciso lembrar que, diferentemente da relação entre pais e filhos ou entre irmãos, a amizade precisa ser reconhecida por ambas as partes. Outra coisa importante: com o passar dos anos, aprendemos que ela não se mede pela frequência das conversas nem pela proximidade geográfica.

Quando jovens, acreditamos que amigos inseparáveis são aqueles que compartilham cada detalhe da vida, estão sempre juntos e não permitem intervalos na comunicação. Atualmente, as amizades são medidas por trocas diárias — mensagens, likes, vídeos etc. —, mas a maturidade nos impõe uma verdade diferente: a amizade que resiste ao tempo é a que respeita os silêncios e comemora os reencontros.

A amizade madura não exige presença constante. Ela suporta longos períodos de ausência — até virtual — sem que isso signifique afastamento emocional. Um amigo maduro pode sumir na correria do dia a dia, mas, ao primeiro “Ei, cara, como você está?”, a conversa recomeça exatamente do ponto onde parou, como se o tempo não tivesse passado. Não há ressentimentos, apenas a alegria do reencontro — que, nesses tempos, nem sempre é ao vivo.

A amizade juvenil exige atenção e reciprocidade imediata e constante; já a madura sabe que a vida tem seus ciclos. Há momentos em que damos mais do que recebemos, mas a balança se equilibra com o tempo. O que vale não é a quantidade de interações presenciais ou virtuais, mas a solidez do vínculo.

Outro aspecto muito diferente (dá para chamar de privilégio?) é que a maturidade nos permite escolher quem realmente queremos manter por perto. Quando somos crianças, muitas amizades são circunstanciais (impostas…?) — colegas de escola, primos etc. Mais tarde, vêm os companheiros de trabalho, vizinhos, colegas de clubes e por aí vai. Com o tempo, conseguimos reconhecer aqueles que realmente acrescentam algo à nossa vida com seus valores — e até com seus defeitos.

E é isso que torna a amizade madura tão especial: ela não é imposta, mas decidida. E, a essa altura, mesmo que hajam separações impostas pelas circunstâncias, passamos a valorizar os gestos simples. Um reencontro, mesmo casual, traz uma enxurrada de memórias e risadas. Se acontecer um telefonema ou uma mensagem pelo WhatsApp com um “Sonhei com você, está tudo bem?”, é a glória. Um abraço apertado depois de anos sem se ver, então…

A amizade madura se manifesta nos detalhes, na cumplicidade silenciosa, no respeito pelas fases da vida de cada um. Acho que dá para definir que amigos de verdade não precisam estar presentes o tempo todo para serem parte essencial de quem somos, porque a amizade madura não se mede pelo tempo juntos, mas pela certeza de que, independentemente das curvas do destino, os laços nunca se desfazem.

Para terminar, copio as linhas do texto de Rafaela Carvalho, autora da postagem que me motivou a escrever sobre o tema:

A Amizade Madura

“É especial porque é a mais livre dos arbítrios.

É escolher manter no coração alguém que se não fosse pela amizade, seria apenas mais um estranho destes que a gente vê no cruzamento.

Sim, a amizade madura é uma escolha, sem interesses, sem segundas intenções ou lenga-lenga.

É uma decisão nossa, íntima.

E é isso que faz dela tão forte que nem o tempo, nem a distância, e nem as curvas da vida conseguem apagar.”

MÍNIMAS QUE SÃO O MÁXIMO

• “A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação circunda o mundo.”

(Albert Einstein)

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