Por Jaine Vergopolem

 

A revolução da inteligência artificial está transformando a maneira como trabalhamos em várias áreas, e o campo da advocacia não é exceção. Recentemente, o Chat GPT, um programa de inteligência artificial (IA), passou na primeira fase da prova da Ordem dos Advogados (OAB). A IA respondeu corretamente 43 das 80 questões, conforme relatado pelo advogado e doutor em Direito, Carlos Alberto Farracha de Castro.

 

Essa conquista do Chat GPT levanta questões sobre como a inteligência artificial pode impactar a advocacia. Farracha afirma que, “a partir de agora, muitos advogados utilizarão a inteligência artificial para preparar seus recursos e arrazoados”. No entanto, ele também prevê que a advocacia padronizada e em massa pode ser substituída pela inteligência artificial, deixando muitos advogados desempregados.

 

Mas nem tudo é negativo. Farracha sugere que a inteligência artificial pode reforçar o mercado de trabalho para os advogados que se concentram em negociações, diálogos, acordos e contratos, habilidades que exigem atributos exclusivos dos seres humanos, como sentimentos e empatia. “Portanto, a advocacia continuará a ser uma profissão essencial”, avalia.

 

Embora ainda haja muito a ser visto sobre como a inteligência artificial mudará a advocacia, Farracha afirma, que é importante considerar o impacto potencial em longo prazo. “Essa é uma opinião preliminar, mas claro que muito ainda tem para acontecer”, concluiu.

 

Empreender está mais fácil?

Segundo Luís Mário Luchetta, empresário do setor de Tecnologia da Informação, o Chat GPT traz um potencial gigantesco para as empresas de tecnologia, podendo ser uma espécie de “roupa do Homem de Ferro” (J.A.R.V.I.S.: Just A Rather Very Intelligent System) para todos os colaboradores da empresa.

 

Se bem utilizado, o Chat aumenta significativamente as capacidades do time todo e o desempenho da empresa, como um todo. E ele faz isso de maneira muito natural e democrática, potencializando e “turbinando” as habilidades de todos os que recorrem a ele, desde o presidente até o estagiário.

 

Charles Roberto Stempniak, Mestre em Engenharia Elétrica pela UTFPR, empresário apaixonado por Tecnologia, fala que, com a ajuda do próprio Chat GPT, uma startup pode incorporar IA em seus aplicativos e passar a realizar alguma tarefa ou funcionalidade de maneira automática e inteligente.

 

“Na minha startup de geoprocessamento, nós estamos utilizando o Chat GPT tanto nos produtos da empresa, que é um software, quanto nos nossos processos e nos serviços que prestamos aos usuários”, nos conta Stempniak.

 

O Chat GPT tem nos ajudado muito também em questões não técnicas, como um consultor, tendo sido útil em assuntos de RH, jurídico e de marketing. Segundo Charles Stempniak, o “que dá mais prazer é um sentimento de ‘recompensa’ imediata durante o desenvolvimento das atividades de minha startup. Sério, se eu passo muitas horas sem recorrer ao meu ‘novo assistente’, começo a pensar que estou sendo pouco eficiente.”

 

Uma reação viral

As pessoas experimentam de imediato, já que é de graça e está todo mundo falando sobre isso. A experiência do usuário é quase sempre surpreendente e impressionante. As pessoas gostam e comentam com seus amigos. Pronto, a reação ao Chat GPT já se tornou completamente viral!

 

Comparar os benefícios com os desafios é também desafiador, diante de tanto entusiasmo, subjetividade e das óbvias vantagens para quem domina a ferramenta. Mas, por outro lado, o uso indiscriminado desse tipo de IA por incautos ou por mentes preguiçosas realmente nos assustam e preocupam. De fato, existe um enorme risco para as pessoas e para as empresas que não souberem ‘surfar essa onda’.

 

Afinal, a adoção de ferramentas do tipo Chat GPT pelas empresas é inevitável. O grande desafio é evitar seu uso indiscriminado e preguiçoso. As pessoas caem na tentação de usar a IA em substituição ao seu próprio pensamento crítico e criativo. Esta formidável tecnologia tem, ao mesmo tempo e com o mesmo custo, o poder de aprimorar e de substituir o trabalho humano e, infelizmente, as pessoas não foram educadas corretamente para fazer essa escolha.

 

Tanto no nível de usuário do Chat GPT, quanto no nível de programador das APIs da OpenAI, essa IA se alimenta de informações muito sensíveis e auto-explicativas sobre os segredos de negócio de seus usuários.

 

O serviço é realmente gratuito?

Você já pensou no poder que essas empresas estão acumulando, prestando gratuitamente seus serviços? Que segurança os usuários da ferramenta de IA teriam ao contar, detalhadamente, para a Microsoft, ou para a OpenAI, Google, Baidu, Meta, Apple, IBM, etc. seus segredos, preocupações, ideias mirabolantes, vontades, códigos, dados sensíveis, em troca de insights igualmente valiosos?

 

Na opinião do empresário do setor de Tecnologia da Informação, Luís Mário Luchetta, a segurança e privacidade já se tornaram conceitos relativos. Ou seja, hoje são apenas sensações ou sentimentos, subjetivos e de difícil definição. Acredito que “nós já trocamos nossa segurança e nossa privacidade absolutas pelos ganhos de eficiência, de produtividade e de conforto, que obtemos ao utilizar todas essas IAs que estão por aí”, adiciona.

 

Desafios futuros

Para Luchetta, como grande desafio futuro, vamos ver que as empresas serão muito mais exigidas pelo mercado. Este tende a ficar cada vez melhor informado acerca das opções e das soluções alternativas existentes. “Será cada vez mais fácil uma empresa passar a competir com outra, já que as tecnologias de IA se tornarão commodity. Não serão mais uma barreira, segredo industrial, ou diferencial competitivo, mas serão pré-requisito indispensável para toda e qualquer empresa ou profissional no futuro”, finaliza ele.

 

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