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Parabéns Curitiba! Olhando pela janela do tempo

29/03/2023
curitiba

Curitiba tinha 280 anos e eu caminhava pela Rua XV de Novembro, a caminho do Colégio.

A cidade era outra. As pessoas também e nesse tempo era normal crianças andando desacompanhadas de adultos.

O trânsito de automóveis e algumas carroças se disciplinavam sem oferecer grandes perigos aos pedestres.

Não havia moradores de ruas nem drogados. Eram tempos de seguranca e liberdade.

Lembro que o vento frio batia no rosto nas manhãs de inverno.

Juntava dois dedos levando-os à boca e brincava soprando o ar e o vapor de água que saía se condensava formando uma fumacinha branca, imitando o cigarro dos adultos.

Tenho recordacao que as manhãs eram muito mais geladas.

Mas também sei que éramos mais mal agasalhados.

Não existia moletom. Nem japonas de nylon. Nem uniformes com agasalhos que cobriam as pernas.

O que existia e se podia usar por baixo eram camisetas de ban lon que pinicavam. E meia calça branca que também incomodava.

E havia os gorros de lã tipo Joana d’Arc.

O uso obrigatório do uniforme do colégio de freiras era composto de saia de pregas azul marinho, meia branca 3/4, sapato preto e camisa manga curta de tergal com botões e por cima um casaco de lã com zíper.

O casaco também era azul marinho e tinha umas listas brancas e a lã era áspera, dura, piniquenta.

Nem sei se era lã mesmo. Talvez fosse um ban lon grosso. Só sei que era desconfortável e não esquentava direito.

Tinha um zíper metálico também gelado.

O zíper era chamado de “fecho- éclair”.

Não deslizava bem, tinha a tendência do puxador emperrar nos dentes e eles desalinharem.

Era normal acontecer. Ao se puxar o cursor até em cima, conforme a pressa, corria-se o risco do zíper abrir inteiro em baixo do cursor.

Mas o pior era quando o puxador do zíper comia o tecido. Quanto mais força se fazia para soltar, mais ele engolia o pano. E acontecia até de pegar na pele da barriga.

Curitiba nunca foi para fracos e o clima foi sempre o maior enfrentamento.

Tenho certeza que esse friozinho que juntos compartilhamos criou um sentimento que nos une.

Uma pena que alguns que viveram esses tempos já estão indo embora e logo teremos todos partido.

Parabéns à Curitiba pelos 330 invernos gelados e a todos os valentes e valorosos curitibanos.

É um dia especial e que bom que temos tantas lembranças, e saudades para aquecer nossos corações.

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

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