Não era um trem-fantasma qualquer. Ficava no Parque Alvorada, em frente ao Passeio Público.
Após a longa fila, chegava finalmente a nossa vez. Mal se podia esperar por este momento.
Os carrinhos decorados com carrancas de dentes arreganhados começavam a andar na parte reta e térrea dos trilhos que ficava na frente da atração.
Começava o percurso de dois andares em que se transitava em plena escuridão ouvindo os impactos das rodas que faziam curvas abruptas e repentinas, alternando subidas, descidas, solavancos e freada súbita ao final.
O sobe-desce dos trilhos e o tranco das rodas nas curvas eram interrompidos por ligeiros feixes de luz que se acendiam na escuridão e mostravam esqueletos se mexendo, um cientista maluco retirando as vísceras de uma barriga cortada de um homem se contorcendo, múmias saindo de caixões , vampiros saîam do alto bem como teias de aranha, homem que se retorcia na cadeira elétrica através do efeito de luz estroboscópica, múmias que saíam de caixões, um homem assustador com um machado erguido em direção à sua cabeça, esqueletos se movendo e outras monstruosidades. Tudo isso ao som de gritos de horror!!!
Em uma parte do percurso no andar superior podíamos avistar o lado de fora do trem através do recorte nas chapas.
E aqui a leitora Vera Haut relata o episódio em que andava no trem fantasma ao lado da mãe e subitamente em uma das curvas, a mãe perdeu a bolsa.
Foi necessário parar a atração e os funcionários tiveram que acender as luzes.
E toda a magia se interrompeu por alguns minutos.
O sobressaltante passeio transformou-se em algo indiferente. Não parecia mais assustador e parecia mesmo tosco pensar em pagar para olhar aquele desfile macabro de tantas coisas que nos metiam medo ou causavam aversão, embora nos seduzissem.
A bolsa foi encontrada, as luzes apagadas e a atração voltou com as crianças e adolescentes novamente soltando gritos apavorados, gargalhadas e cobrindo o rosto com as mãos.
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