Minha mãe era vizinha de porta do meu pai ali na Rua D Pedro II.
Um dia ela se preparava para sair e, ao abrir a porta, olhou para ele de modo diferente quando o viu saindo assobiando “Recuerdos de Ipacarai”…
…e de tal forma se distraiu que se esbarraram na escadaria.
E nesse momento ela pensou: “Vou me casar com esse rapaz!”
E assim Lysete Leminski Daros casou com Antônio Carlos Daros em 31 maio de 1959, na Igreja Santa Teresinha.
Era prima irmã do Paulo Leminski. O pai de Lysete era irmão do pai do poeta.
Casa Humberto de Calçados Finos. Ficava na Travessa Oliveira Belo
Mas antes disso, Antônio Carlos Daros já arrasava corações na CASA HUMBERTO, loja de calçados onde trabalhava, na Travessa Oliveira Belo.
Sabia-se à boca pequena que mocinhas do Colégio Divina Providência “gazeavam aula” para ir ver o bonitão, que parecia um galã de Hollywood.
Antonio sempre só teve olhos para a esposa.
A foto acima, de 1966/67, mostra Antonio e o filho em frente à loja, onde ia aos domingos, exclusivamente para alimentar os peixes do aquário.
Ia passeando, sem pressa.
Porém quando estava descansando em casa e ameaçava cair um temporal, Antônio saía desembestado em direção à Casa Humberto.
Vestindo capa de chuva e galochas, corria com água pelas canelas erguendo as caixas dos calçados e tentando salvar o que pudesse.
As águas do Rio Ivo eram impiedosas e se somavam às águas da chuva alcançando até meio metro do nível da rua – tanto na Travessa Oliveira Belo como na Praça Zacarias.
Hoje o casal descansa no cemitério Água Verde, no mesmo túmulo que o poeta e outros familiares.
Por aqui, saudades dos poemas de Leminski e dos afinados assobios do pai.
Contribuição de Vera Daros (filha)
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Muito bom recordar
Ele era um 🍞pão