Este imóvel era a Clínica e Maternidade Romanó.
À esquerda com telhado europeu era a casa do VÔ Dante Romanó.
Atrás da casa, à esquerda, estavam construindo a Igreja da Guadalupe.
Atrás da clínica, onde vemos a cúpula em cobre, era a casa do Bisavô Nicolau Mäder.
Voltando ao início. Final da década de 1930, Vô Dante era professor de Técnica Operatória no curso de medicina da Universidade do Paraná.
Não havia direito um local onde seus alunos pudessem praticar as cirurgias pois o Hospital de Clínicas não existia e a Santa Casa era mais um reduto do Dr Mário Abreu.
Vô Dante era luterano e as irmãs da Santa Casa católicas.
Essa questão de religião era complicada na época e as freiras gostavam muito do excelente Dr Mario Abreu.
Então o Vô Dante resolveu construir um hospital próprio no terreno que tinha ao lado da sua residência.
E assim o fez.
Como já comentei, a região era muito pantanosa e foram utilizados troncos de pinheiro como estacas. No início a construção tinha só um andar.
Mas a Clínica e Maternidade Romanó já foi construída com tudo certo. Três quartos na frente bem arejados, enfermaria, cozinha, área de lavanderia, expurgo, etc.
Vó Cylá estava grávida do último filho (temporão) e o Vô Dante queria que o filho já nascesse na maternidade. Seria o primeiro dos 7 que não nasceria em casa.
Mas não deu. As obras atrasaram ou o filho adiantou e nasceu em casa também.
Veio mais um menino e o chamaram Cid Pasteur Romanó.
Pasteur foi pela admiração que o vovô sentia pelo cientista que descobriu que as doenças eram causadas por microorganismos e demonstrou a importância da pasteurização.
Mas voltando ao hospital, o mesma passou a funcionar e o Vô Dante, junto com os seus auxiliares, puderam ensinar as técnicas cirúrgicas com mais liberdade aos futuros médicos, já em pessoas vivas.
O senhor que trazia a lenha na carroça para ser usada no fogão do hospital (e da casa), e também nos ferros de passar, na fervura dos instrumentos cirúrgicos e na queima de todo o lixo hospitalar, certo dia ofereceu as duas filhas para trabalhar com minha vó.
Uma delas era a Eva. A outra era a Emília.
Foram maravilhosas e meu pai, que tinha asma brônquica terrível desde a infância, falava muito dos cuidados que recebeu da Eva nos momentos de crises.
Às vezes a cozinheira do hospital precisava faltar e nessas ocasiões, a comida para os pacientes era feita pela própria Vó Cylá. Na residência e transportada para o hospital.
A parte de passar as roupas era bem criteriosa.
Lembro bem do ferro de brasas.
Na verdade, no meu tempo já não usavam brasas e sim, um fio elétrico adaptado mas ainda no mesmo ferro pesado.
O uso do ferro para passar as roupas do Vô Dante, assim como os lençóis, toalhas e panos do hospital estava acima da questão estética.
O intuito maior era eliminar os germes.
Tudo era muito bem passado, ambos os lados.
O hospital tinha a lavanderia própria e na casa da Vó Cylá tinha também uma lavanderia grande.
Quem passava a roupa era a empregada. Mas vovó coordenava a fervura dos aventais nos baldes de zinco e ficava regando enquanto as roupas brancas estendidas no jardim coaravam.
Vó Cylá cozinhava tudo sempre. Ela não deixava ninguém fazer isso por ela.
Da foto restam a Igreja da Guadalupe e a Clínica e Maternidade, que hoje é um hospital e tem 2 andares.
Aparenta ser pequeno mas o terreno é comprido.
As duas palmeiras reais também não existem mais.
A Clínica e Maternidade Romanó mudou de nome para Hospital Nossa Senhora do Rosário, depois Hospital Mater Dei, agora Hospital Mater Dei- Nossa Senhora das Graças.
Há muitos anos é a maternidade onde mais nascem crianças no Paraná.
Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.
Muitos curitibanos nasceram aí! Parabéns pela história
Desvendando CWB