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gerson guelmann

Mãe: qual é a profissão dela?

13/05/2024
mães

Como ontem festejamos o Dia das Mães, pesquisei e descobri que, assim como no Brasil, o 2º domingo de Maio é adotado para a celebração em diversos países, ainda que de forma diferente em alguns deles.

Segundo se sabe, o Dia das Mães começou nos Estados Unidos, onde a data foi oficializada em 1914 pelo presidente Woodrow Wilson, após campanha feita por uma mulher chamada Anna Jarvis. A mãe de Anna faleceu em 1905 e ela começou o movimento para homenagear as mães pelo sacrifício delas em favor dos filhos. Apoiada por comerciantes a campanha ganhou impulso, levando o presidente a estabelecer a data como um feriado nacional. Verdade seja dita, com o passar dos anos Anna Jarvis se desiludiu com a comercialização excessiva da data, que ela desejava que fosse um dia para as pessoas expressarem seu amor e gratidão pelas mães de forma genuína.

Mesmo admitindo como corretas as críticas ao excessivo aspecto comercial da data, é perfeitamente possível compatibilizar isso com o desejo sincero das pessoas que desejam homenagear e agradecer às mulheres que as trouxeram ao mundo ou as aceitaram e criaram como filhos.

Ainda no espírito da homenagem resgatei um texto que ilustra bem o que as Mães fazem nos tempos atuais, onde se deparam com o dilema representado pelas responsabilidades familiares e profissionais e são forçadas a cumprir “um 2º ou 3º turno” para conciliar a maternidade com uma carreira profissional.

A elas, assim, minha homenagem!

“Uma mulher chamada Ana foi renovar sua carteira de motorista.

Pediram-lhe para informar qual era sua profissão. Ela hesitou, sem saber como se classificar.

“O que eu pergunto é se tem algum trabalho”, insistiu o funcionário.

“Claro que tenho um trabalho” exclamou Ana. “Sou mãe!”

“Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar dona de casa”, disse o funcionário friamente.

Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.

“Qual é a sua ocupação?” perguntou.

Não sei o que me fez dizer isto. As palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora: “Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas”.

A funcionária fez uma pausa, a caneta apontando para o ar, e olhou-me como quem diz que não ouviu bem.

Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.

Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo no questionário oficial.

“Posso perguntar” disse-me ela com novo interesse “o que faz exatamente?”

Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder: “Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso…), em laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa).

Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos (todas meninas)”.

Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?).

O grau de exigência é a nível de 14 horas por dia (para não dizer 24)”.

Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, se levantou, e pessoalmente abriu-me a porta.

Quando cheguei em casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 4.

Do andar de cima, pude ouvir meu novo experimento – um bebê de seis meses – testando uma nova tonalidade de voz.

Senti-me triunfante!

Maternidade… que carreira gloriosa!

Assim, as avós deviam ser chamadas “Doutoras-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas”, as bisavós “Doutoras-Executivas-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas” e as tias “Doutoras-Assistentes”.

Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas, companheiras, Doutoras na Arte de Fazer a Vida Melhor!”

 

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