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27/04/2024

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A evolução da fotografia em Curitiba e o dilema da valorização profissional

 A evolução da fotografia em Curitiba e o dilema da valorização profissional

Por Jaine Vergopolem

 

Curitiba, cidade de muitas faces, se destaca por sua beleza arquitetônica, pelo cuidado com a natureza, pelos seus restaurantes e por sua cultura. Mas o que talvez não seja tão conhecido é que ela é, também, um ‘celeiro’ de talentosos fotógrafos.

 

Desde a chegada do fotógrafo Justiniano José de Barros, em 1850, a cidade tem sido palco de importantes momentos da evolução da fotografia no país. Mas foi a partir do século XX que Curitiba se tornou uma importante referência no mundo fotográfico.

 

Atualmente, fotógrafos de diferentes especialidades, como fotojornalismo, publicidade, moda, retrato, shows, eventos, documental e outros, fazem de Curitiba um polo de criação e inovação.

 

O fotógrafo Oruê Brasileiro, nascido em Campina Grande do Sul, uma cidade da região metropolitana, é um dos exemplos dessa nova geração de profissionais. Começou a fotografar profissionalmente com doze anos e hoje tem dez anos de experiência. Ele trabalha com fotografia documental, shows e eventos, corporativos, políticos e de família. Ele já precisou de complementos de renda. No início, vendia pulseiras e doces na escola, fazia massagens junto com sua mãe, atuava como personal dancer também.

 

Oruê Brasileiro. Foto: Lis Guedes

 

“Começar muito cedo, a galera não dá muita moral. Esse retorno veio faz pouco tempo, no meu oitavo ano de profissão, atualmente são dez. Meu sonho hoje é abrir uma produtora audiovisual e dar oportunidade para mais gente, sempre pensando em ter uma equipe diversa e plural”, conta Oruê ao HojePR.

 

Foto de Oruê Brasileiro

Foto de Oruê Brasileiro

 

O ofício fotográfico também abriu portas para a inclusão social na cidade. A presença de uma mulher fotógrafa em Curitiba ocorreu numa época em que a estrutura social da cidade ainda não oferecia lugar para as mulheres, especialmente, em ofícios imagéticos, como era o caso da pintura e da fotografia. Fanny Paul Volk, fotógrafa alemã, chegou em Curitiba no final do século XIX e inaugurou o estúdio fotográfico Volk, abrindo uma possibilidade de projeção social para as mulheres da época.

 

Daniela De Melo Ferreira, natural de Atibaia, São Paulo, mora em Curitiba há dois anos. Fotógrafa há seis anos, ela trabalhou por três anos como funcionária CLT de duas empresas diferentes. Segundo Daniela, o volume de trabalho não condizia com o retorno financeiro.

 

Fotógrafa Daniela De Melo Ferreira

 

“Nessa trajetória percebi que o trabalho em si é admirado por todos, todos querem fotos profissionais, mas acredito que mais de 50% não está disposto a pagar o que ele realmente vale. Hoje trabalho apenas com fotografia feminina e não preciso de nenhum complemento de renda”, afirma Daniela.

 

Foto de Daniela De Melo Ferreira

 

Yasmin Victorino, de Maringá, já havia morado em Curitiba no período entre 2016 e 2019, e voltou a morar na cidade em 2022. Para ela, trabalhar com arte significa estar sempre em busca de inspiração, de novidades, de um público que entenda e consuma o trabalho.

 

Fotógrafa Yasmin Victorino.

 

“A fotografia é uma relação de entrega e vulnerabilidade, de ambas as partes. E aqui – em Curitiba – as pessoas buscam o diferente, o novo, alimentam minha criatividade e me dão muita liberdade na hora de fotografar”, diz Yasmin.

 

Foto de Yasmin Victorino.

 

Yasmin também nos conta que aprecia muito a confiança de quem a contrata e se permite ser retratado por ela, e que da mesma maneira entrega tudo de si. “Sou muito cuidadosa nessa parte, sei que estar na frente de uma câmera é intimidador e por isso busco criar um vínculo de firmeza e confiança com quem vou fotografar, é incrível as conexões que essa profissão me permite fazer”, detalha ela.

 

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