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06/05/2024

Bolsonaristas e Lulistas do Paraná sugerem estratégias para vencer o segundo turno

A 10 dias do segundo turno, quatro importantes defensores das candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram com o HojePR. De um lado, o líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado federal Ricardo Barros, e o ex-deputado Fernando Francischini. Do outro, o coordenador da campanha de Lula no Paraná, deputado estadual Arilson Chioratto, e o deputado federal Zeca Dirceu.

O HojePR fez as mesmas perguntas para os quatro. Confira as respostas e as estratégias das duas campanhas para vencer a eleição.

 

HojePR – Assim como em anos anteriores, este ano os institutos de pesquisa erraram em suas avaliações. A maioria dava como certa a eleição decidida no primeiro turno. Como conduzir os rumos da campanha com resultados tão discrepantes?

Ricardo Barros – Todas as campanhas têm as suas pesquisas internas de confiança, é assim que funciona o processo de elaboração da linha de comunicação, assim como as estratégias de operação e mobilização. Claro que os institutos têm errado no mundo todo, não é só aqui no Brasil. Então, precisamos banir de uma vez por todas a capacidade de influenciar os eleitores que as pesquisas eleitorais possuem. Não podemos mais permitir que os eleitores sejam induzidos a erro, quando decidem não perder o voto e votam em quem vai ganhar. Depois a urna abre e não era aquilo. Nas eleições do Senado as pesquisas são fatais, elas de fato mudam os resultados. Então, lamentavelmente, nesta eleição bastante apertada, o resultado das pesquisas podem ser indutores de mudança do resultado da eleição.

 

Arilson Chiorato – Vale lembrar que o Lula, desde o ano passado, vem com a mesma margem de votos confirmados pelas urnas no primeiro turno. Os institutos de pesquisa erraram nas suas avaliações por conta do candidato Bolsonaro. A eleição em primeiro turno era uma probabilidade muito grande. O Lula fez 48,4% dos votos. Foi a maior votação da história de um candidato a presidente no primeiro turno. Isso faz com que ele fique muito forte no segundo turno, que é o que a gente está vendo hoje. O Lula está trabalhando bastante e nós também. Estamos nos combate contra as fake news, as mentiras, e estamos juntos com a classe trabalhadora, com o povo, com o Brasil que é contra a fome, que quer o fim da miséria, que não quer mais a violência e o ódio. Estamos caminhando para vencer as eleições, com ânimo total.

 

Fernando Francischini – Os institutos de pesquisa não só erraram mas, para muitos, fraudaram os resultados tentando impactar na eleição do presidente Lula no primeiro turno. Não conseguiram, mas interferiram diretamente no resultado, que era para ser muito mais próximo. Eu espero que passe, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei que agora vai a voto, de criminalizar institutos de pesquisa que usam as pesquisas para interferir no resultado final.

 

Zeca Dirceu – Os institutos de pesquisas não erraram, acertaram. Previam que o Lula ia ser o primeiro colocado e o Bolsonaro segundo, e se concretizou. Inclusive, os institutos acertaram exatamente o percentual de votos do Lula. O que ocorreu do dia da pesquisa, que não é o dia da eleição, é um dia ou dois dias antes da eleição, é que houve um maior número de eleitores do Bolsonaro que foram votar. Houve motivação, mobilização, organização, condição financeira maior para que esse eleitor fosse votar. Pesquisa não erra, pesquisa é ciência, é estatística, é matemática. Eu não faço campanha e não vejo o PT, o Lula, a nossa frente de partidos, a nossa coordenação, fazendo campanha meramente observando pesquisas, que é apenas um elemento a mais de uma série de outros fatores que levamos em consideração na hora de decidir, na hora de planejar a campanha. Não acho que isso interfere ou atrapalha a condição da campanha no Brasil ou a condição da campanha no Paraná. O resultado da pesquisa com o resultado da urna serviu inclusive como um aprendizado. E temos que nos organizar melhor e eu estou muito otimista, muito animado e feliz porque agora há mobilização, motivação, agitação, haverá um número muito maior de pessoas que são eleitores do Lula indo votar do que vimos acontecer no primeiro turno, até porque inclusive alguns achavam que o Lula estava eleito. Lembrando que a votação que o Lula teve no primeiro turno é histórica. Nunca, nenhum outro candidato a presidente conseguiu ter uma quantidade tão grande de votos como o Lula obteve. E a votação que tivemos no Paraná foi recorde.

 

 

HojePR – Os resultados do primeiro turno mostraram um volume grande de indecisos e, também, de abstenções. Qual a estratégia para conquistar o voto desses indecisos e para convencer o eleitor a votar?

Ricardo Barros – Os indecisos, agora no segundo turno, vão poder entender melhor a condição de cada candidato. Os debates frente a frente são úteis para que haja posicionamento do candidato e avaliação do eleitor, especialmente no caso do governo Bolsonaro, que tem uma força de mídia contrária muito grande. A utilização do horário eleitoral mostrando as inúmeras realizações em diferentes áreas pode diminuir muito a rejeição.

 

Arilson Chiorato – Há muito a se fazer nesse segundo turno. A gente tem conversado bastante com os eleitores da Simone Tebet e do Ciro Gomes. Também com as pessoas indecisas, que é um trabalho bacana, e principalmente com quem não foi votar, explicando a necessidade da participação deles na política para que a gente tenha a fome diminuída, a violência abolida no Brasil, para que se resgate o direito do trabalhador e da trabalhadora, para que se tenha revogada a reforma da previdência e a reforma trabalhista, para que o diesel baixe o preço, para que a gasolina baixe o preço, para que a carne volte a um preço que as pessoas possam consumir, para que o gás deixe de ser R$ 120. Essa é a importância e a estratégia em conversar com quem se absteve, contando para eles o quanto é importante irem votar contra tudo aquilo que estão indignados. A estratégia é convencer esses eleitores a irem votar e escolherem o 13. Votar contra a situação econômica, social e caótica que vive o país.

 

Fernando Francischini – Nós estamos com uma campanha do presidente Bolsonaro em busca daqueles que se abstiveram, que não foram votar. São milhões de votos. A campanha de quem vota no presidente Bolsonaro busque mais um que não foi votar vai impactar. Esse enfrentamento mais duro da campanha, com a demonstração de tudo o que nós passamos na era Lula, na era Dilma, do PT no governo, de casos de corrupção, de desvios de conduta, servem para que os indecisos possam identificar que o presidente Bolsonaro é a melhor opção.

 

Zeca Dirceu – Eu acho que nem há mais tantos indecisos. Entendo que o que há agora, e houve na eleição, é ainda um número muito grande de pessoas que não decidiram se vão ou não votar. A nossa campanha, como deputado federal, com apoiadores e lideranças, conseguimos avançar muito nas últimas semanas no sentido de mobilizar, motivar e esclarecer, informar as pessoas do quanto que a abstenção pode sim atrapalhar e muito. Num resultado amplo, tivemos uma grande vitória, esmagadora do Lula nessa eleição. Em todas as cidades, temos caminhadas, plenárias regionais, estamos estimulando as pessoas, apesar da violência e do ódio implantado por Bolsonaro. Lula ganhou a eleição em 145 dos municípios do Paraná. Em algumas cidades o Lula chegou a ter mais de 70% dos votos e em muitas mais de 60%. Isso já está muito bem organizado e muito bem encaminhado e vamos intensificar nos últimos dias.

 

 

HojePR – Os ataques pessoais entre os dois candidatos – Bolsonaro e Lula – marcaram os debates eleitorais desse ano. Poucas propostas foram discutidas. Até o fim da campanha, teremos pelo menos mais três debates – SBT, Record e Globo. Como você avalia o desempenho do seu candidato nos debates, em especial o do Band, realizado no último domingo? Essa estratégia deve ser mantida?

Ricardo Barros – Os debates são uma oportunidade muito boa de esclarecer a boataria que está sempre presente nas eleições. É onde o candidato consegue se posicionar e esclarecer que determinadas questões vão ou não acontecer ou que determinadas políticas serão ou não implementadas. Também possibilita esclarecer acusações como esta última de pedofilia ou do aumento de combustíveis. A campanha adversária tem usando muitos ataques infundados confiando que o TSE não tiraria as peças do ar e tiraria as propagandas verdadeiras da campanha do presidente Bolsonaro. Lamentavelmente é isso que está se verificando. Os debates são boas oportunidades para corrigir esse desequilíbrio das campanhas e eliminar as dúvidas que são plantadas na cabeça do eleitor.

 

Arilson Chiorato – Na verdade, há muito mais ataques do lado do Bolsonaro do que do Lula. Todas as vezes nós estamos contra atacando. Muitas das coisas começam por conta de fake news, por conta das mentiras e do exagero da agressividade bolsonarista. Eu não acho correto colocar que há ataques pessoais entre os dois candidatos. Há ataque pessoal do lado de um, e o outro está respondendo. Note a agressividade das postagens, das mentiras e das fake news. Então, os debates que vão ocorrer daqui até lá, e com base no último debate, vencido pelo Lula, no último domingo, a gente vê que, em um primeiro momento, o Lula explorou bem e trabalhou muito a questão da pandemia, e o Bolsonaro, como foi uma pessoa que não trabalhou na pandemia e fez muitas pessoas morrerem, com sua ausência de política pública e efetividade, voltou ao velho tema da corrupção, do falso moralismo e coisas do tipo. O Lula tá respondendo. Quando ele é agredido e chamado de ladrão, ele responde. É isso que está acontecendo. Na verdade, não considero que há ataque dos dois lados. Há mais ataque de um lado e uma resposta do outro.

 

Fernando Francischini – O presidente Bolsonaro com certeza vai manter a mesma estratégia, da demonstração de quem é Lula, do que era o PT no governo, dos casos de corrupção, de desvios de conduta e que levaram o Brasil a quase uma quebradeira na área econômica. Com certeza, o ex-presidente Lula, depois do último debate, em que o presidente Bolsonaro praticamente atropelou ele, o Lula não sabia nem onde estava depois de tantas afirmações que demonstraram como o governo dele foi incompetente, como foi um governo corrupto, talvez o Lula nem vá nos próximos debates como a gente está vendo nos últimos dias. O presidente Bolsonaro vai manter a mesma linha, com a verdade acima de tudo, e com certeza a coerência no que ele vem sendo, uma pessoa real e não um político montado para ser candidato.

 

Zeca Dirceu – Lula ganhou o debate da Band, como já tinha ganho outros, e em vários momentos apresentou propostas. O Lula é o único que consegue prestar contas, mostrar os resultados, as boas ações, os indicadores positivos que conquistou durante os seus dois mandatos de presidente. O Lula terminou os seus oito anos de governo com 87% de aprovação nos mais diferentes institutos, reconhecidos pelos mais diferentes veículos de comunicação. Prova disso foi a eleição da Dilma, que ganhou a eleição, entre outras situações, pela alta popularidade do Lula, pelo quanto que a população estava feliz. O Lula é bem diferente do Bolsonaro, Lula tem um programa de governo publicado, debatido, construído, de forma coletiva com entidades, segmentos, organizações, associações, sindicatos, personalidades das mais diferentes áreas. Quem liga e vê o horário eleitoral gratuito, vê lá propostas, soluções. O Brasil de Lula vai voltar a reajustar o salário mínimo acima da inflação. O poder de compra da população não vai ser corroído ano a ano, mês a mês, como está sendo nesse descontrole, nessa desordem. Com o Lula, a inflação vai estar sob controle, o poder de compra das pessoas vai aumentar, o Brasil vai voltar a ser feliz de novo. Agora, é verdade, o Bolsonaro aposta no ódio, aposta na mentira. Vai para um debate procurando tratar de questões de ordem pessoal. É ele que foge do debate sobre as soluções. É ele que não tem nada para mostrar e, para quem não tem nada o que mostrar, só serve a possibilidade do ataque, da agressão, do insulto, da mentira, que é o que marcou toda a carreira política do Bolsonaro, porque ele nunca conseguiu construir nada de positivo.

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