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ANA CLAUDIA WIECHETECK

Qual é a responsabilidade social das marcas diante de uma tragédia como a do RS?

13/05/2024
tragédia

A tragédia que assolou o estado do Rio Grande do Sul nas últimas semanas abalou o Brasil inteiro. Pessoas perderam absolutamente tudo: casa, roupa, comida, tudo que lhes trazia conforto e segurança. Em uma onda de humanidade, pessoas se dispuseram voluntariamente de todos os cantos do país a levantar esforços, recursos e equipes para resgatar e dar suporte à população gaúcha neste momento de tanta dor e tristeza. Empresários, pessoas famosas e anônimos divulgando a real situação do estado, pedindo mais ajuda, recolhendo doações e prestando contas do que estava sendo feito para ajudar. Em meio a esse cenário devastador, uma questão surgiu naturalmente: qual é o papel das empresas e das marcas diante de uma crise deste porte? Estão genuinamente se solidarizando e ajudando, ou isso é apenas um oportunismo disfarçado de boa ação?

Qualquer empresa responsável tem a obrigação de olhar para as comunidades que elas estão inseridas e participar de ações sociais que beneficiem os seus consumidores e clientes. Mas o que estamos vendo é uma enxurrada de marcas e empresas divulgando as suas doações nas redes sociais. Mas e aquele ditado que diz que “o que uma mão faz a outra não precisa ficar sabendo.”?

Neste caso, sinceramente, este ditado não se aplica. Não acredito que todas estas iniciativas que estão salvando vidas, matando a fome e a sede e tratando dos feridos daquele povo sejam apenas ações de divulgação, propaganda e fortalecimento de marca. Infelizmente, uma ou outra marca pode estar sim, sendo oportunista usando desta tragédia para promover a sua imagem, mas a grande maioria está fazendo estas ações como generosidade e caridade, como realmente devem ser. E o fato de divulgar as suas ações só tem fortalecido ainda mais esta corrente do bem e incentivado várias outras pessoas, marcas e empresas a participarem deste movimento também.

Além disso, essas marcas têm sido transparentes em suas ações, comunicando de forma clara as doações que estão fazendo e apontando o objetivo destas ações: seus clientes, fiéis ou não, estão precisando de ajuda. Esse tipo de ação corrobora sim para a construção do branding no que diz respeito à humanização da marca, gerando relacionamento, confiança e credibilidade com os seus consumidores, demonstrando que as ações da marca não precisam ser exclusivamente para gerar vendas imediatas, mas também ser uma expressão genuína de solidariedade e responsabilidade social.

Por outro lado, existem os empresários do meio digital ou offline, muitos deles, grandes conhecidos, que divulgaram em suas redes sociais a sua ajuda para o socorro dos sobreviventes. Muitos deles divulgaram valores altos das suas doações. Em um primeiro momento, é questionável este tipo de divulgação, porque nos parece que o doador está se aproveitando de uma catástrofe para divulgação das suas boas ações. Mas provavelmente, estas doações divulgadas serviram de estímulo para outros doadores fazerem o mesmo. Tanto em valores, como em outros recursos igualmente necessários como helicópteros, barcos, alimentos, roupas, remédios, rações, itens de higiene entre tantos outros.

Em tempos como esses, as marcas e empresários precisam lembrar que a responsabilidade social não é uma opção, mas sim uma obrigação. Eles têm o poder e os recursos para fazer a diferença real na vida destas pessoas, e é esperado que usem esse poder de forma responsável e solidária.

Nós, como consumidores, também temos um papel a desempenhar nesse cenário: as doações de pessoas físicas, anônimos, desconhecidos também ajudam grandemente. O socorro deve vir de todos os lados. Mas além disso, também devemos apoiar ainda mais as marcas e empresas responsáveis das quais somos clientes e que ajudaram de forma generosa demonstrando verdadeiro compromisso e preocupação com o povo gaúchos e não apenas como mera obrigação de participar deste movimento. Apoiando estas marcas e empresas enviamos a mensagem de que as ações de apoio à comunidade são valorizadas e que o oportunismo ou a omissão nunca serão tolerados.

A resposta das marcas diante da tragédia no Rio Grande do Sul é parte do papel social que elas desempenham na sociedade e da importância de agir com integridade, empatia e responsabilidade. A construção do branding é diário, independente da crise que as marcas e a sociedade possam estar enfrentando. É hora das marcas não apenas falarem sobre valores determinados no seu posicionamento como solidariedade e apoio, mas também de colocá-los em prática de forma genuína e significativa. Ajude o Rio Grande do Sul. Toda ajuda importa.

 

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