No ano de 2018 (leia-se pré-pandemia), a LMC (Luxury Marketing Council) apresentou um painel de debates sobre o novo comportamento do consumidor que começou a mexer com o mercado de produtos e serviços de luxo: a ideia do ‘pós-luxo’.
A pesquisa e o conceito surgiram a partir dos hábitos de consumo dos chamados millennials, geração nascida entre 1980 e 2000, que hoje, segundo as estimativas, já representa 25% do mercado consumidor, podendo chegar a 45% até 2030. Altamente conectados à internet, seguidores de blogs e de influenciadores digitais, tais consumidores consideram que produtos e serviços de luxo não estão ligados apenas a uma grife de renome, onde o conceito de luxo tradicional muitas vezes é associado à ostentação e extravagância. Isto é, foi-se o tempo em que se media luxo apenas pelas réguas da raridade, exclusividade ou preço. No novo milênio, entram em cena ingredientes menos tangíveis, mas determinantes – pensar nas experiencias que poderão ser vividas, redução de tempo, menos impacto ao meio ambiente, sensação de conforto.
Pós luxo tornou-se um movimento. Vem alinhado a um estilo de vida e reflete os anseios de uma sociedade que viveu a pandemia de Covid-19. Dessa forma, é um estilo de consumo mais inteligente, que leva em conta também aspectos humanos, sociais e ambientais.
Em gastronomia e eventos, antes era preciso ter fartura de insumos caros como “cascata de camarão” e muita lagosta, para um evento ser chique. Hoje em dia, os produtos naturais, o conceito do “farm-to-table”, as fusões de cozinhas e o uso de novas técnicas estão em alta. Em vez de apenas cultuar o produto, se tornaram importante a proximidade às causas, à arte e a emoção.
Na área de moda e decoração, o pós-luxo é comprar peças mais exclusivas, artesãos locais, objetos que não estão nos shoppings, que tenham “mark-up” justo e matéria prima de excelente qualidade e de acordo com valores atuais.
Os novos empreendimentos imobiliários são um reflexo desta nova era e buscam suprir as demandas das gerações que priorizam o bem-estar onde há uma preocupação maior com a responsabilidade urbana, social e com a integração do imóvel à cidade. Por isso, empreendimentos sustentáveis e com um propósito são os que se destacam e conquistam essas novas gerações.
Em turismo, a tendência chique é fazer turismo sustentável/ecológico, com destaque para a autenticidade e bem-estar. Em meio a Serra da Mantiqueira, Fernanda Ralston Semler criou o Botanique Hotel & Spa, que é um refúgio ideal para quem procura silêncio, excelente gastronomia e conexão com a natureza. Fernanda também escreveu um manifesto para materializar o conceito do empreendimento. Leia alguns trechos do manifesto do pós-luxo, que é definido como “o luxo com razão de ser”:
• “O verdadeiro luxo está em locais, momentos e vivências.”
• “Que seja uma oferta que realmente valha o que custa.”
• “Um produto que não seja momentâneo ou se aproveite de modismos.”
• “Algo que seja feito dentro de um raciocínio que leve em conta o entorno e o contexto social.”
• “Algo que seja realmente único, profundamente pensado e resultante de paixão, em escala cuidadosa.”
O fato é que estamos mais críticos e mesmo pagando por imóveis, serviços e bens de consumo com valores mais agregados, não queremos investir dinheiro e tempo em algo desalinhado aos nossos valores e que não nos proporcione a qualidade de vida desejada.
A era do pós-luxo está em alta, a experiência toma a frente e a ostentação vai para escanteio. O novo luxo, ou pós-luxo, mantém o padrão de consumo criterioso, porém focado na autenticidade, em sustentabilidade, qualidade, originalidade e atemporalidade.
Fonte/fotos: Botanique Hotel & Spa – google
Leia outras colunas da Cynthia Karas aqui.