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01/05/2024



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Catarinas nas Letras paranaenses

 Catarinas nas Letras paranaenses

A interligação entre intelectuais paranaenses e catarinenses vem de muito longe. É provável que tenha começado com a parnanguara Júlia da Costa, radicada durante anos em São Francisco do Sul.

 

Destaque também para dois contemporâneos, a poeta e tradutora Josely Vianna Baptista, moradora de Florianópolis, assim como o londrinense Rodrigo Garcia Lopes, romancista, poeta, tradutor e compositor, hoje também ilhéu.

 

Mas a verdade é que existem muitos mais catarinenses que subiram a serra do que paranaenses que desceram. A Academia Paranaense de Letras é bom termômetro da migração, ela que possui tradição em acolher autores de todas as origens. Em sua composição atual, há dois portugueses de nascimento e outros de diversos estados brasileiros. Temos uma pernambucana, um baiano, um mineiro, um gaúcho, uma carioca e dois paulistas.

 

E, por incrível que pareça, seis (ou sete, como veremos) escritores nascidos em Santa Catarina, totalizando 15 naturais de outras regiões, paranaenses por adoção.

 

Vejamos os catarinenses. Na história da APL, tivemos Ruy Wachowicz ocupando a Cadeira 10. Nascido em Itaiópolis, Ruy foi um dos mais respeitados pesquisadores da história paranaense, bem como da contribuição da imigração polonesa para o desenvolvimento do estado. Criador da Semana de História, promovida desde o fim do último milênio, morreu cedo, aos 61 anos, em 2000.

 

Todos os demais catarinenses entraram na casa a partir de 2005, quando os acadêmicos tiveram a ousadia de eleger a mim, joinvillense, para ocupar a Cadeira 2. Fui o primeiro presidente da APL, e até agora o único, a ter nascido em Santa Catarina.

 

Cinco anos mais tarde foi a vez de Dante Mendonça, nascido em Nova Trento, mas morador de Curitiba desde 1970. Dante é um escritor de muitos méritos, um dos editores da Revista da APL e grande aglutinador de acadêmicos. Ocupa a Cadeira 1.

 

Em 2013 o escritor Paulo Venturelli (foto), brusquense, escritor de prestígio, passou a integrá-la na Cadeira 5 – hoje, compõe a Comissão de Avaliação de Candidaturas. Tive a honra de saudá-lo, como já tinha recebido Dante Mendonça.

 

Um ano mais tarde, a professora, escritora e poeta Marta Morais da Costa, nascida em Ouro, foi eleita para a Cadeira 27 e hoje ocupa a vice-presidência da Academia, além de ser a editora da nova edição da nossa Biobibliografia, a ser publicada no próximo semestre.

 

Roberto Gomes, natural de Blumenau, chegou à Cadeira 31 da Academia em 2017, saudado pelo conterrâneo Venturelli. Autor de renome nacional, Roberto é autor do premiado Alegres Memórias de um Cadáver, entre inúmeras obras.

 

Enfim, neste ano de 2023, tomou posse na Cadeira 26 o caçadorense Fernando Severo, habitante de Curitiba desde 1975. Severo é o primeiro cineasta a integrar a Academia, uma justa abertura da casa para outras formas de arte que não as de conteúdo literário.

 

Mas eu disse que os seis podem ser sete. Explico: Deonísio da Silva, nascido em Siderópolis, no sul de Santa Catarina, escritor com mais de 30 obras, vencedor do Prêmio Casa de las Américas, com um júri comandado por José Saramago, é membro honorário da APL desde 2020. Sete, portanto.

 

Já Cristovão Tezza, outro autor respeitado no cenário literário do país, também catarinense a viver no Paraná, por desinteresse mantém-se afastado do ambiente da nossa Academia.

 

Entre nós, brincamos que, caso a tendência de eleger catarinautas prossiga, qualquer dia a APL será obrigada a mudar seu nome para Academia Catarinense de Letras no Exílio.

 

Ou melhor: no Desterro, para fazer referência e homenagem a Florianópolis.

 

Leia outras colunas do Ernani Buchmann aqui.

 

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