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FERNANDA-CABECA-COLUNA

Além da TPM, você conhece o TDPM?

02/05/2025

Você já se sentiu uma outra pessoa dias antes de menstruar? Uma irritação fora do comum, uma tristeza que chega de repente, uma vontade incontrolável de comer doce ou simplesmente de se isolar do mundo? Se sim, saiba que você não está sozinha e talvez o que você esteja sentindo não seja só TPM.

Muita gente conhece a famosa tensão pré-menstrual, mas poucos já ouviram falar do TDPM, o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. O TDPM é uma condição mais severa da TPM, séria e ainda pouco reconhecida, que afeta de 3% a 8% das mulheres em idade fértil. Enquanto a TPM causa sintomas como inchaço, dor nos seios, alterações de humor, compulsão alimentar e sensibilidade emocional, o TDPM vai muito além. Nesses casos, a mulher pode sentir crises intensas de tristeza, raiva fora do controle, ansiedade extrema e até pensamentos negativos, que interferem diretamente na qualidade de vida, nos relacionamentos, no trabalho e na autoestima da mulher.

A origem dessas reações mais graves não está apenas na oscilação hormonal típica do ciclo menstrual. Estudos mostram que algumas mulheres com TDPM apresentam uma sensibilidade exacerbada à flutuação do estrógeno e da progesterona, o que pode impactar diretamente neurotransmissores como a serotonina e o GABA, responsáveis pela regulação do humor e do bem-estar. Ou seja, não é exagero, e sim bioquímica. Outra questão que está associada a sintomas mais intensos de TPM e TDPM são as deficiências de alguns minerais e vitaminas, como baixos níveis de magnésio, cálcio, vitaminas do complexo B (especialmente B6) e vitamina E.

Portanto a nutrição é uma das ferramentas mais poderosas nesse processo. Manter uma alimentação equilibrada, rica em alimentos anti-inflamatórios, vegetais verdes-escuros, grãos integrais, gorduras boas e fontes naturais de magnésio e vitamina B6 pode reduzir significativamente os sintomas. Evitar ultraprocessados, cafeína em excesso e o consumo exagerado de açúcar também fazem uma grande diferença.

Além da alimentação, a atividade física tem um impacto direto sobre o humor. Exercícios físicos regulares, mesmo que leves, favorecem a liberação de endorfinas e serotonina, ajudando a manter o equilíbrio emocional. Técnicas de gerenciamento do estresse, como yoga, meditação e boas noites de sono, também devem fazer parte do cuidado preventivo, preparando o corpo para esse momento do ciclo com mais estabilidade.

Quando falamos de suplementação e fitoterapia, alguns aliados se destacam. O óleo de prímula e o óleo de borragem, por exemplo, são ricos em ácido gama-linolênico (GLA), uma substância com potente ação anti-inflamatória e reguladora hormonal. Ambos atuam na modulação da produção de prostaglandinas, ajudando a reduzir a dor nas mamas e cólicas menstruais, além de melhorar o humor.

Entre as ervas calmantes, os chás e tituras de camomila, melissa, passiflora e valeriana são mais utilizados para aliviar a ansiedade e a irritabilidade. Outra planta que vem ganhando destaque é a Withania somnifera, conhecida como ashwagandha. Essa raiz adaptógena atua no eixo HPA, regulando os níveis de cortisol e melhorando a resposta do organismo ao estresse, com efeitos positivos sobre a ansiedade e o sono. Outra planta medicinal que atua na modulação dos níveis de estrogênio e progesterona, ajudando a equilibrar o ciclo menstrual e a aliviar os sintomas emocionais é o Vitex agnus-castus.

Suplementos como magnésio, triptofano, vitamina B6 e ômega 3 vêm sendo estudados com bons resultados, tanto em casos de TPM quanto no TDPM. O magnésio, por exemplo, ajuda a reduzir cólicas e irritabilidade, enquanto o triptofano é um precursor direto da serotonina. Mas é importante lembrar que a suplementação e o uso de fitoterápicos devem ser feitos com orientação profissional. Em casos de TDPM, pode ser necessário o uso de medicamentos antidepressivos ou terapia hormonal, sempre sob supervisão médica.

É importante lembrar que cada mulher é única, e os sintomas da TPM e do TDPM podem variar significativamente de uma pessoa para outra. O que funciona para uma mulher pode não ter efeito para outra. Portanto, é essencial buscar orientação profissional para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento que respeite essa individualidade. Com a combinação de uma alimentação pensada com carinho, prática regular de exercícios, manejo do estresse e, quando apropriado, o uso de fitoterápicos e suplementos, é possível, sim, viver esse período com mais leveza.

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