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19/04/2024



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BÊNIO e Seus Capangas Mascarados da Poesia

 BÊNIO e Seus Capangas Mascarados da Poesia

Nas segundas quintas-feiras de cada mês costumo resenhar um livro na coluna Frente Fria. Em fevereiro será diferente, a obra de que estou falando é uma mistura de álbum musical, documentário, filme de arte e até livro: “Bênio e seus Capangas Mascarados da Poesia”. Uma loucura destas só poderia ser feita pela gangue cultural mais ativa da Curitiba de hoje em dia: Valentino 5 Cordas, capitaneada pelo aglutinador GG Valentino, de dentro de seu estúdio na própria casa.

 

 

GG Valentino foi trabalhador formal por algum tempo, apenas pelo tempo de juntar dinheiro para montar um estúdio na garagem de casa e vir a chamá-lo de Play 31, depois rebatizado de Pequena Garagem Que Grava. Hoje ele é produtor musical e músico/compositor em uma das bandas mais nonsenses dos últimos séculos, o Valentino 5 Cordas. O músico percebeu que fazer músicas super bem pensadas e com letras mega poéticas no Brasil não significava absolutamente nada, então juntou suas inspirações mais bêbadas e os músicos mais sem futuro de Curitiba e montou não uma banda, e sim uma bunda.

 

No primeiro ano de vida da Play 31, então 2015, o músico produziu alguns artistas curitibanos da cena independente como a banda Marte em seu disco de estreia, a banda Zabilly, os caras do Lamba-Te entre outras tantas, e com a colaboração do músico Beer lançou no mesmo ano os singles “O Cigarro é Uma Merda” e “Tão Ruim”, músicas que falam abertamente de forma ultra sarcástica da vida de um músico muito louco. Já em 2017 o Valentino 5 Cordas entrou em um processo de produção em massa e lançou 3 álbuns, sendo eles “Curitibanos Não Joguem Lixo no Chão”, “Botando a Cara Pra Bater” e em parceria com o lenda do fuzz paranaense Joe Homeless lançou “Joe e Valentino na Republica do Funk”.

 

Mas tudo começou uns anos antes com o documentário “Onde estão as drogas?”, produzido por GG Valentino e filmado no Teatro Universitário de Curitiba nos anos de 2011 e 2014 para registrar um movimento com diversas bandas submundanas como Ovos Presley, Zigurate, Pineia, Grade, Fooling People, The Alens, Junkyardogs, Galax 80, Rabo de Galo, E.G.M., Fuss, Ponto 50, Renegados do Folk, Plá Rock e Os Valentinos 5 Cordas, Banks, Kama Sutra entre outras que contemplaram esse período no subterrâneo do TUC no centro histórico de Curitiba.

 

“Para Todas As Bandas” é o álbum de 2022 do Valentino 5 Cordas. Recheado de clássicos que exaltam e depreciam a cidade de Curitiba, mas sempre homenageando os grandes e anônimos artistas da cidade. Produzido por GG Valentino, o álbum traz participações como a de Joe Homeless (Blues Bend), W.Beer (Repossíveis), Andressa Dark Dress (Pineia), Derick Martins (Lamba-te), Bruno Ordak (Tripanossoma), Germano Strazzi (Renegados do Folk). O álbum carrega canções com um falso swing como “Artista de Curitiba” na qual GG Valentino retrata o ódio e afeto que Curitiba tem para com seus artistas. O disco também apresenta folks bem paranaenses, compostos de violão tosco, vocal embolado e cheio de sotaque, letras simples e sinceras, buscando muito mais a eficiência do que o floreio na expressão da poesia. Destaque para “Velho e Chato em Curitiba”, “Jacu de Curitiba” e “Para Todas as Bandas” que nomeia o álbum e descreve o cenário musical curitibano citando diferentes bandas da cidade. O disco também apresenta canções como “Gazeta do Povo e Os Reis da Fake News” um folk arrastado com letra forte que divide opiniões, bem estilo Bob Dylan. E assim segue o som, flutuando pelo punk, folk, reggae, porém no final tudo se encaixa trazendo um som tosco e um estilo único para as canções.

 

Mas agora é hora de falar do grande projeto de 2023 e GG Valentino soltou este comunicado para a Mídia de todo o Planeta:

 

“Bênio e seus Capangas Mascarados da Poesia é um projeto musical e audiovisual do Rodrigo Barros Del Rei (Beijo AA Força/Maxixe Machine/Orquestra Sem Fim) com o GG Valentino (Valentino 5 Cordas e da Pequena Garagem Que Grava). Juntos eles resolveram gravar um disco com poesias do Sergio Viralobos, Thadeu Wojciechowski e Magoo lenda do punk rock curitibano que faleceu depois de um acidente de caminhão ao sair do Lino’s Bar. Então, GG e o Rodrigo perceberam que o Sergio, que está bebendo uma garrafa de coca zero por dia e está sempre no médico, e o Thadeu que não está falando coisa com coisa de tanta coisa que ele tem para falar, mereciam uma homenagem em vida, pois logo eles irão desaparecer como o Magoo. Então o Rodrigo selecionou algumas poesias musicadas que ele tinha feito com os três e gravamos as canções no estúdio PEQUENA GARAGEM QUE GRAVA, nome em homenagem ao lendário estúdio Grande Garagem Que Grava. A princípio, o Rodrigão e o GG não são bons músicos, são apenas compositores que são obrigados a tocar e para gravar esse álbum eles resolveram chamar diferentes músicos de variadas bandas, misturaram todo mundo em um caldeirão de poesia e tudo bem, ninguém se feriu. Em cada canção há uma formação diferente, um estilo diferente com a característica de cada músico (depois eu falo quem participou). E assim começamos a gravar as canções que o Rodrigão foi apresentando. Começávamos a gravar às 14 horas e os músicos iam chegando no estúdio e acabávamos meia noite, processo bem cansativo, pois bebíamos e fumávamos maconha o dia inteiro, já que queríamos montar um álbum bem diferente do convencional. E assim foram 5 canções e 4 poesias: 5 dias intermináveis de muito caos e anarquia. Misturamos músicos da esquerda, da direita, músico da igreja, satanista, revolucionário, pois queríamos buscar o conflito para o disco, porém todo mundo se amou e se deu bem esquecendo o atraso ideológico. Durante o processo de gravação, filmamos tudo, e entrevistamos cada músico que surgia no estúdio, tudo muito bem pensado, e resolvemos montar um documentário sobre isso tudo, para atrair atenção para o álbum, que queremos lançar de uma forma diferente: forçar as pessoas a ouvirem. Então durante as gravações contamos bem explicadinho a verdadeira história do início do Punk Rock em Curitiba, com as próprias pessoas que começaram com essa história. O documentário começa em Curitiba de 1978, antes do Lino’s Bar: passamos pela banda Carne Podre, depois a Contrabanda, contamos a verdadeira história do Lino’s Bar, os primeiros shows do Beijo AA Força e paramos antes de começar o século XXI, pois estava ficando muito longo e cansativo o documentário. Optamos por explicar tudo para as gerações futuras, não para o público de hoje. Queríamos contar tudo isso em formato de livro, mas percebemos que as pessoas estão parando de ler, então fizemos em formato de documentário, e assim segue o filme: contamos as histórias do rock curitibano de 1980, festivais no Operário, CEFET, falamos do Retamozzo, Marcos Prado, Tatára, Lino, ressuscitamos os heróis do passado, e enquanto o documentário vai rolando, fomos inserindo trechos da gravação do álbum do BÊNIO, mostrando o processo de gravação do álbum. Muita gente legal participou do projeto como Lyrian e Mário Oliveira do Studio Tenda, W. Beer da banda Repossiveis, Alexandre Buhler da Trajano Records, Joe Homeless da Blues Bend, Carolina Saporski do Adeus Lunáticos, Marllen Cristina e Peterson Nunes da Madame Veneno, Fábio Gazabim da banda Gazaman, Fel Andreoli dos Renegados do Folk, Eduardo Moraes do Finis Africae e Estacas, Danieli Aguiar, Jika Castilho e assim vai, com entrevistas de Raphael Gorny, Marcus Coelho, Irineu Almeidassauro, Adriano Smaniotto, Renato Quege, Fernando Tupan, Luciano Popa, Mauricio Popija, Antonio Thadeu Wojciechowski, Wilson Molinari, Antônio Lino e assim vai, pois não finalizamos ainda. Está QUASE finalizado, já está tudo mais ou menos editado, porém faltam algumas entrevistas para fechar os retalhos e deixar tudo bem costuradinho. Vou lhe passar um link com um vídeo clip pré editado, sem tratamento de imagens e áudio, só para você ter uma noção, então calma, não julgue ainda que está ruim pois irá ficar bem legal: https://www.youtube.com/watch?v=uuq94SYYbKE.

 

ENTÃO resumindo a obra: GG Valentino e Rodrigão queriam lançar um álbum, mas queriam fazer tudo diferente, chamar a atenção para o disco, então fizeram um documentário junto, para que as pessoas interessadas na história do rock curitibano fossem seduzidas a ouvir o disco junto. É uma forma diferente de lançar a bagaça, pois misturamos a música com o documentário. E o álbum completo que estará disponível no Youtube (todas as canções tem vídeo clip) e o documentário ficou tão legal que resolvemos passar na Cinemateca. Não marcamos nada ainda, nossa previsão é para fevereiro ou março, pois está tudo praticamente pronto. Pensamos na parte física do álbum, que ninguém mais imprime CD (a gente também não faz mais isso), mas talvez a gente imprima um pequeno livro em formato de capa de vinil, com QR Codes das canções e do documentário para distribuir no dia de lançamento do filme na Cinemateca, pois consideramos bem importante as histórias do documentário para a geração futuras.

 

Poderíamos resumir tudo em 5 minutos e postar no Tik Tok e todo mundo assistir, mas preferimos fazer algo chato e para poucos pseudointelectuais assistirem. Não quero ser imodesto, mas é uma aula de rock and roll e poesia. Falta entrevistar o Thadeu Wojciechowski e mais um pessoal que irá participar, mas está a poucos minutos de chegar ao fim. O documentário foi editado e dirigido pelo GG Valentino que é jornalista gonzo, produtor musical e criador cultural, supervisionado pelo Rodrigo Del Rei, que é produtor, musico e já fez de tudo no cenário da música independente de Curitiba, talvez seja a maior referência do rock curitibano depois do Blindagem. A princípio não iremos fazer shows com essa banda, pois tem que ensaiar, reunir todo o pessoal e é uma tremenda confusão quando se reúnem 20 músicos no mesmo estúdio, PORÉM, escolhemos o personagem BÊNIO criado pelo Rodrigo Del Rei que é um militante radical anarquista que pensa que está constantemente sobre ataque nuclear, então ele usa uma máscara de gás sempre que sai de casa, todos da banda usam máscaras pois caso algum músico não compareça a gente substitui e ninguém fica sabendo, a gente não tem muito apego aos músicos e sim à forma. Talvez no futuro os Valentino 5 Cordas saiam em turnê tocando as canções do Bênio, o Rodrigão não vai querer, então vamos colocar a máscara de gás do Bênio em alguém e dizer que é o Rodrigão. O NOME Bênio e seus Capangas Mascarados da Poesia na verdade é BEN10, personagem de desenho, pois uma vez o Bênio estava desfilando com a máscara de gás e colocou um boné do BEN10 só que parecia que estava escrito Bênio e como ele não tinha nome, todo mundo começou a chama-lo de Bênio, e o restante do nome veio do GG Valentino e do Sergio Viralobos, pois eles são capangas, são mascarados e todos que participaram do álbum são poetas. Vamos lotar a Cinemateca no lançamento e fazer a maior arruaça. Um tempo passado fizemos um documentário sobre a vida do Plá Rock – músico de Curitiba e lotamos a cinemateca: foi bem legal e pretendemos repetir a dose. No mais é isso, é importante conversar com o Rodrigão, ele é o cabeça do projeto, eu só cumpro ordens.”

 

Obedecendo as ordens de GG Valentino, fiz estas perguntas pro Rodrigo Del Rei:

 

Sérgio Viralobos: De onde surgiu o Bênio?

Rodrigão: Bênio veio do boné paraguaio do Ben10.

 

Sérgio Viralobos: Qual o conceito do seu primeiro álbum?

Rodrigão: O conceito é : eu e o GG , GG e eu. Vai ser um álbum conceitual como um vídeo inteiro.

 

Sergio Viralobos: Será o primeiro e último?

Rodrigão: Então, essa é uma parte do álbum do Bênio. Uma poesia de Jika Castilho repleta de enigmas, pois no intervalo de cada canção o álbum apresenta segredos, receitas, matemática, existe um código escondido no álbum completo do Bênio, que te leva a um ponto da Trajano Reis no qual está cimentado um pen drive que só é possível removê-lo com um alicate e ele reserva segredos que te levam a uma segunda dica, a qual esconde uma relíquia curitibana nunca antes vista, sem nome, apenas identificada ao apontar dos dedos. Em breve. Lançamento do disco no final de fevereiro.

 

Depois desta curta entrevista, Rodrigo me entregou o release oficial da parada toda:

 

“Bênio e Seus Capangas Mascarados da Poesia é uma gangue de desordeiros da música e da arte, pois eles flertam com filmes, poesias, rádio, caos e sinergia. Bênio é um professor de biologia que após um acidente laboratorial ficou atormentado por um terrível trauma quimiobiológico. Sempre que sai de sua casa esterilizada veste uma máscara de gás, assustando todos que cruzam seu caminho. Poucos já viram seu rosto e neste isolamento se reúne com seus capangas mascarados para escrever beldades e coisas do coração recheadas de temores e ilícitos. Neste círculo macabro se reúnem poetas, músicos e economistas que afetados por alucinações escrevem versos e neste clima decidiram gravar um álbum, produzir um documentário, um livro e em poucos meses esse círculo de 20 músicos gravaram um disco no estúdio Pequena Garagem Que Grava (Curitiba) com composições de Rodrigo Del Rei – Sérgio Viralobos – Thadeu Wojciechowski – Eduardo de Moraes – Amarildo Anzollin – Maggo – Bênio, com o acompanhamento de músicos de diversas bandas como Rodrigo Barros Del Rei – Voz /Violão, Marllen Cristina Dos Santos – Vocal, Carolina Biscaia Saporski – Vocal, Sérgio Viralobos – Vocal, Peterson Nunes – Baixo, Eduardo de Moraes – Vocal, W. Beer – Bateria, Joe Homeless – Guitarra, Fábio Gazaman – Guitarra, GG Valentino – Baixo/Vocal – Lyrian Oliveira – Vocal, Mário Oliviera – Bateria, Jika Castilho – Vocal, Fel – Guitarra, Danielli Aguiar – Vocal, Alexandre Buhler – Vocal.

 

E assim Bênio também conhecido como Bendez realiza um de seus objetivos que é gravar um disco com seus capangas e produzir um documentário que conte a histórias do submundo curitibano, histórias do Lino´s Bar, do início do underground, aventuras com a banda Beijo a Força e Contrabanda, lembranças com o Thadeu, Marcos Prado e Retamozzo, o pulsar dos primeiros acordes do punk rock curitibano. Vale ouvir o álbum completo repleto de armadilhas poéticas e ilusões pessoais e assistir o documentário com informação e histórias inéditas sobre o rock curitibano. O documentário apresenta entrevista com diversos artistas de Curitiba e foi dirigido por GG Valentino, o álbum foi mixado por Fábio Gazaman e W. Beer, os arranjos das canções por Rodrigo Del Rei, gravado na Pequena Garagem Que Grava, em dezembro de 2022, distribuído e masterizado pela Trajano Records e gravado por diversos músicos e parceiros das reuniões místicas realizadas pelo Bênio, mas afinal, quem é Bênio? Confira no documentário Bênio e seus Capangas Mascarados da Poesia.”

 

Leia outras colunas Frente Fria aqui.

12 Comments

  • Ahhh… Processo mais nonsense e lunaticamente fantástico, que amei fazer parte! Ainda estou recolhendo os fragmentos de sanidade que me restaram depois dessa incrível experiência! Vlw demais GG e Rodrigo.

  • Lamentável como degrinem a imagem da verdadeira música Curitibana. Um reputação que por anos tentamos manter e uma meia dúzia de zeros a esquerda conseguem acabar em cinco minutos de play

    • Cala a boca Sid!

  • Uma honra tocar com esses caras, é uma celebração de música desajustada que não toca na rádio

  • Eu voltei do inferno simplesmente para ouvir o álbum do Bênio.

  • Já toquei com o GG Valentino e com o Plá no 92º e espero conhecer essa criatura chamada Benio.

  • Mas vamos levar o todos juntos pra cadeia

  • Não sei como me meti nisso , agora não consigo mais sair pois virei cúmplice de um algo ilegal com o Gege… provavelmente acabaremos presos.

  • Um soldado sem braço não faz sentido.

  • O Thadeu vai amanhã no GG Valentino pra conhecê-lo e ser entrevistado. Na próxima vez que vier à Curitiba, Clemente, quero te levar lá. Eles pagam o maior pau pra você.

  • Estamos no aguardo do Bênio vir tocar em São Paulo. Me lembro quando os Inocentes tocaram em Curitiba com o Beijo a Força. Histórico. Abraço pra todo mundo e conhecer pessoalmente esse doente do GG Valentino.

  • Eu adoro toda essa loucura e essa gente maravilhosamente à margem da lei.

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