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25/04/2024



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David Cronenberg

 David Cronenberg

Sempre gostei de Cinema. Comecei a assistir filmes mais “cabeças” lá pelos quinze anos. Lembro de ver Cidadão Kane, de Orson Wells, numa sessão vazia no gigantesco Cine Brasília. Estava empolgado para ver “o maior filme de todos os tempos” e fiquei angustiado com aquela interminável cena inicial da tempestade, mas ao final concordei com a opinião da maioria dos críticos. Quando vim pra Curitiba passei a frequentar a Cinemateca e pude aumentar bastante minha coleção de filmes essenciais, que nunca para de crescer. Mas confesso que meu cineasta favorito não é Glauber Rocha, Herzog, Kurozawa ou Fellini, mas nada menos que David Cronenberg!

 

Vi seu primeiro filme em 1983: Videodrome – A Síndrome do Vídeo e foi um impacto. Fiz um resumo empolgado da obra para meu amigo Rodrigo Del Rei, que foi correndo assistir e achou uma merda. Desde então, ele diz que minhas resenhas são melhores que os próprios filmes, nem é preciso gastar dinheiro com o ingresso do cinema. Evidente exagero. Mas exagerado mesmo é Cronenberg, só um exemplo: em 2022, ele decidiu leiloar NFTs de 18 pedras que retirou de seus rins por um lance inicial de dez etherium. A obra se chama Beleza Interna e está relacionada ao seu mais novo filme, Crimes do Futuro, onde Viggo Mortensen, seu ator favorito, interpreta um artista performático que faz cirurgias em seu corpo ao vivo.

 

David Paul Cronenberg completou oitenta anos em março deste ano e, ao longo deste tempo todo, dirigiu nada menos que trinta e quatro filmes. Como ficamos sabendo por nossa amiga Wikipédia, este cineasta canadense extravagante é um dos principais criadores do gênero comumente conhecido como horror corporal, com seus filmes explorando a transformação visceral, doenças infecciosas e o entrelaçamento do psicológico, do físico e do tecnológico. É mais conhecido por explorar esses temas por meio de filmes de terror de ficção científica, embora também tenha dirigido dramas , thrillers psicológicos e filmes de gangsters.

 

Seus filmes polarizam tanto a crítica quanto o público. O Village Voice o chamou de “o diretor de narrativa mais audacioso e desafiador no mundo de língua inglesa”.

 

Seis de seus filmes foram selecionados para concorrer à Palma de Ouro, sendo o mais recente Crimes do Futuro, que foi exibido no Festival de Cinema de Cannes de 2022, com boa parte do público saindo antes do final da exibição.

 

Nascido em Toronto, Ontário, foi criado numa família judia progressista de classe média. Todos os seus avós eram judeus da Lituânia. Leitor voraz desde tenra idade, Cronenberg começou a gostar de revistas de ficção científica como The Magazine of Fantasy & Science Fiction , Galaxy e Astounding , onde encontrou pela primeira vez autores que se tornariam influentes em seu trabalho, incluindo Ray Bradbury e Isaac Asimov . Também lia quadrinhos de terror publicados pela EC, que, em contraste com os outros, descreveu como “assustadores, bizarros, violentos e desagradáveis – aqueles que sua mãe não queria que você tivesse”.

 

Suas primeiras influências incluem filmes de vanguarda, terror, ficção científica e suspense, como Guerra dos Mundos, Um Cão Andaluz, Freaks e Alphaville. No entanto, Cronenberg também citou filmes menos óbvios como: Bambi e Dumbo. Ele disse que achou esses dois filmes de animação da Disney “aterrorizantes”, o que influenciou sua abordagem do horror. Bambi foi o primeiro filme importante que ele viu, citando a cena em que a mãe do veadinho morre como particularmente poderosa. Cronenberg até desejou exibir o filme como parte de uma exibição em um museu de suas influências, mas a Disney recusou a permissão.

 

O fascínio de Cronenberg pelo filme Winter Kept Us Warm (1966), do colega de classe David Secter , despertou seu interesse pelo cinema. Começou a frequentar locadoras e fez dois filmes em 16mm ( Transfer e From the Drain ). Inspirado pela cena cinematográfica underground de Nova York, ele fundou a Toronto Film Co-op com Iain Ewing e Ivan Reitman . Depois de tirar um ano para viajar pela Europa, voltou ao Canadá em 1967 e se formou no University College da Universidade de Toronto como o primeiro da turma.

 

O governo canadense forneceu financiamento para seus filmes ao longo da década de 1970. Durante este período, ele se concentrou em seus filmes de “horror corporal” como Calafrios e Enraivecida na Fúria do Sexo, estrelado pela atriz pornográfica Marilyn Chambers, num trabalho em um gênero diferente.

 

Cronenberg disse que seus filmes devem ser vistos “do ponto de vista da doença”, e que em Calafrios , por exemplo, ele se identifica com os personagens depois que eles são infectados pelos parasitas anárquicos. Doença e desastre são menos problemas a serem superados do que agentes de transformação pessoal . Sobre as transformações de seus personagens, Cronenberg disse: “Na verdade, quando olho para uma pessoa, vejo esse turbilhão de estruturas orgânicas, caos químico e eletrônico; volatilidade e instabilidade, brilho; e a capacidade de mudar, transformar e transmutar.”

 

Além de Na Hora da Zona Morta (1983) e A Mosca (1986), Cronenberg pouco produziu no mundo do cinema de grande orçamento do mainstream americano. Embora tenha trabalhado com várias estrelas de Hollywood, ele continua sendo um cineasta firmemente canadense, com quase todos os seus filmes tendo sido filmados em sua província natal, Ontário. A maioria das produções foi pelo menos parcialmente financiada por Telefilm Canada , e Cronenberg, um defensor de projetos de filmes apoiados por governos, disse: “Todo país precisa de um sistema de subsídios do governo para ter um cinema nacional em face de Hollywood”.

 

Em uma entrevista em setembro de 2013, Cronenberg revelou que o diretor de cinema Martin Scorsese admitiu a ele que ficou intrigado com seus primeiros trabalhos, mas posteriormente ficou “apavorado” em conhecê-lo pessoalmente. Ele respondeu a Scorsese: “Você é o cara que fez Taxi Driver e está com medo de me conhecer?” Na mesma entrevista, identificou-se como ateu. “Sempre que tento me imaginar me espremendo na caixa de qualquer religião em particular, acho isso claustrofóbico e opressivo”. Revelou também que depende da hora do dia se ele tem ou não medo da morte.

 

Em Cronenberg on Cronenberg , o diretor elaborou ainda que foi criado em um lar judeu secular e, embora ele e sua família não desprezassem nenhuma religião, esses assuntos não foram discutidos. No mesmo livro, Cronenberg disse que na adolescência passou por uma fase em que se questionava sobre a existência de Deus, mas acabou chegando à conclusão de que o conceito de Deus foi desenvolvido para lidar com o medo da morte. Em uma entrevista de 2007, Cronenberg explicou o papel que o ateísmo desempenha em seu trabalho: “Vamos discutir a questão existencial. Todos nós vamos morrer, esse é o fim de toda a consciência. Não há vida após a morte. Não há Deus. Agora, o que fazemos. Esse é o ponto em que começa a ficar interessante para mim.”

 

Como forma de homenagear este grande criador de histórias, dono de uma perturbadora imaginação, farei uma pequena resenha de cada um dos nove filmes de Cronenberg que assisti e de mais um que provavelmente nunca verei:

 

Videodrome – A Síndrome do Vídeo (1983)

O filme fala sobre um programador de TV às voltas com um novo programa para sua emissora, literalmente fora da caixinha. Max Renn é o diretor da CIVIC-TV, uma pequena emissora de TV a cabo que usa um satélite pirata para transmitir programas de TV de canais estrangeiros, assim evitando pagar os direitos de exibição. Sua grade consiste apenas de filmes ultraviolentos de baixo orçamento e pornografia barata. A busca de Max por um programa que torne a CIVIC-TV relevante e popular termina quando descobre “Videodrome”, um programa aparentemente exibido na Malásia, onde pessoas são torturadas violentamente e mortas em frente às câmeras.

 

Acreditando que o futuro da TV está em filmes snuff forjados, Max começa a ter alucinações e sofre uma mutação corporal, em que um orifício emerge de seu estômago, como se fosse um videocassete. É uma das cenas mais bizarras do filme.

 

Procurado pela polícia, Max se esconde em um barco abandonado, onde encontra um aparelho de TV transmitindo “Videodrome”. O sangue sai da TV e tinge as paredes do barco de vermelho, tornando-o idêntico ao set do filme. Max grita “Vida longa à nova carne!” e comete suicídio.

 

A Mosca (1986)

Não tem jeito: o maior clássico da carreira de Cronenberg e o filme ao qual muitos ainda o associam é A Mosca. Isso significa sucesso e popularidade, foi seu único blockbuster. A Mosca marcou época e se tornou um dos filmes de terror mais assustadores dos anos 80. Isso porque traz muito drama em seu roteiro, e uma qualidade identificável, de um cientista egocêntrico que termina brincando de Deus e com a própria vida, e se tornando um monstro. O que muitos podem não saber é que se trata de uma refilmagem de uma obra B de terror dos anos 1950, e é também um dos maiores exemplos de remake melhor que o original.

 

Gêmeos – Mórbida Semelhança (1988)

O cult marca a primeira parceria de David Cronenberg com Jeremy Irons, continuada em M. Butterfly (1993). Aqui, Irons vive gêmeos, ambos ginecologistas, que possuem o estranho hábito de se passarem um pelo outro, aproveitando o fato de que ninguém consegue distingui-los. Desde muito cedo eles se interessaram pelos mistérios do corpo humano. Até mesmo as brincadeiras na infância prenunciavam a carreira brilhante que teriam no campo da medicina. Mais adiante, seja desenvolvendo instrumentos revolucionários ou demonstrando um conhecimento cada vez mais apurado dos mecanismos que possibilitam a vida, constroem uma grande reputação. Beverly e Elliot desempenham papeis distintos nessa equação que possibilita o sucesso de ambos. Enquanto Beverly, sensível e frágil, se dedica arduamente à pesquisa, Elliot, pragmático e inescrupuloso, se atém aos discursos e às aparências.

 

Eis que a atriz Clair Niveau (Geneviève Bujold) vai até à Clínica Mantle em busca da expertise dos gêmeos no tratamento da infertilidade feminina. Ela se sente vazia sem filhos, e mais, pensa que não ser mãe é estar para sempre na condição de menina. Elliot transa com ela, proporcionando a Beverly logo depois “experimentar” (expressão dele) a paciente famosa. Contudo, o primeiro não contava que o segundo se apaixonaria, o que inicia um processo de implosão de seu relacionamento.

 

O antagonismo comportamental dos Mantle é um ilusão que pouco a pouco cede espaço às complexidades instauradas, principalmente depois que a ruptura acontece. A dependência de remédios se encarrega de acelerar uma violenta e mútua derrocada. Beverly tem constantes surtos que o fazem, inclusive, interpretar morfologias uterinas incomuns como mutações. Para lidar com elas, cria utensílios bizarros que, além de representarem um risco à saúde das pacientes, deixam claro seu nível de insanidade. Em princípio cuidador, Elliot cai gradativamente na mesma espiral de vício e instabilidade. Assim, elementos responsáveis por contradizer a incompatibilidade inicial se impõem de tal maneira que, a partir de dado momento, não vemos apenas a semelhança física, mas também uma destrutiva similaridade/simbiose psicológica.

 

Cronenberg constrói um pesadelo crescente, que de contornos falsamente simplistas passa a brilhante estudo de personagens e suas respectivas personalidades, repleto de horror, ou seja, fiel às origens, ao cinema que o canadense praticava no começo, só que agora no patamar de obra-prima. O filme é tão cult que acaba de virar uma série de TV na Amazon Prime: Gêmeas Mórbida Semelhança, com grande interpretação de Rachel Weisz.

 

Naked Lunch (1991)

Talvez o melhor exemplo de um filme que cruza a linha entre as obras cronenberguianas de caos pessoal e confusão psicológica seja a “adaptação” de Naked Lunch (1959), de seu herói literário William S. Burroughs , logo do seu livro mais controverso. O romance foi considerado ” infilmável “, e Cronenberg reconheceu que uma tradução direta para o cinema “custaria 400 milhões de dólares e seria proibida em todos os países do mundo”. Em vez disso, filmou uma série de alucinações provocadas pelo vício em drogas do personagem principal. Alguns dos “momentos” do livro (assim como incidentes vagamente baseados na vida de Burroughs) são apresentados dessa maneira no filme. Cronenberg afirmou que enquanto escrevia o roteiro de Naked Lunch sentiu que a conexão entre seu estilo de roteirista e o estilo de prosa de Burroughs era tão forte que caso Burroughs morresse ele escreveria seu próximo livro.

 

Crash – Estranhos Prazeres (1996)

Talvez ‘Crash’ seja o filme mais “ame ou odeie” da carreira de David Cronenberg e um que com o passar dos anos muda a forma como é visto. Em sua época de lançamento atingiu status de cult e assim permaneceu por muito tempo. A perturbadora história mostra um grupo de pessoas que sente prazer com acidentes de carros, cicatrizes e ferimentos. Ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes de 1996 , um prêmio único que é distinto do Prêmio do Júri por não ser concedido anualmente, mas apenas a pedido do júri oficial , que neste caso, o concedeu “pela originalidade e pela ousadia”.

 

eXistenZ (1999)

Trata-se de um thriller passado no futuro, onde o mundo virtual ganhou um lugar importante na vida das pessoas. Uma importante designer (Jennifer Jason Leigh) de jogos de realidade virtual é a criadora de um novo jogo interativo chamado eXistenZ, e acaba por ser vítima de uma intensa e feroz perseguição por um grupo de fanáticos fundamentalistas que a querem matar. Em fuga desesperada, é obrigada a esconder-se juntamente com um segurança (Jude Law), que está decidido a protegê-la contra os fanáticos. Todavia, durante a perseguição os dois foragidos experimentam um mundo novo e desconhecido onde os limites entre a fantasia e a realidade não existem e nada é o que aparenta ser.

 

Considerado na época o “anti-Matrix” por alguns críticos, essa produção de David Cronenberg, lançada no mesmo ano do blockbuster com Keanu Reeves, até aborda alguns dos mesmos temas, como realidade e o mundo virtual. A diferença é que o faz à maneira do diretor, repleto de sangue e vísceras, e de forma nua e crua. Ganhou o Urso de Prata, no Festival de Berlim.

 

Senhores do Crime (2007)

Esse foi o filme que David Cronenberg lançou logo após ‘Marcas da Violência’, e os dois seguem uma linha parecida – misturando suspense, drama e crime. Aqui o foco é a máfia russa – com um sujeito (papel de Viggo Mortensen) escalando a hierarquia de uma família mafiosa, ao mesmo tempo em que precisa lidar com o filho de um poderoso chefão, e o aparecimento de um bebê e uma enfermeira. O momento inesquecível deste filme é a cena da batalha de facas na sauna. O personagem de Viggo Mortensen está nu, completamente desprotegido e sem ter muito para onde correr, então briga ferozmente contra a iminência da morte, derrubando um a um seus opositores, claro, não sem ferimentos profundos.

 

Um Método Perigoso (2011)

O longa relata a história de como a relação entre Carl Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen) fez nascer a psicanálise. A atriz Keira Knightley vive Sabina Spielrein, paciente que acaba se envolvendo com Jung e também com Freud. Um Método Perigoso conta com atuações memoráveis e uma ambientação digna de prêmios. Direção de arte, figurinos, cenários, tudo foi pensado detalhadamente, dando à produção um caráter de registro histórico impressionante. O filme foi produzido pelo produtor independente britânico Jeremy Thomas.

 

Mapa para as Estrelas (2014)

Esta foi a primeira vez que o canadense filmou nos Estados Unidos. A proposta é dar uma descortinada na vida das estrelas de Hollywood, e os profissionais que os cercam, através da família Weiss, que está muito longe de ser normal. O pai é terapeuta de celebridades e uma paciente se sente perturbada pelo espírito da mãe, quem também era atriz. Enquanto isso, a filha da família recebe alta e o irmão entra para a reabilitação. Este irmão é o garoto Benjie Weiss (Evan Bird) que enfrenta problemas ao lidar com seu novo colega de elenco, já que é a estrela principal de uma série de TV de relativo sucesso. Entretanto, como esteve internado recentemente, está sob a atenção especial de sua mãe (Olivia Williams) e dos produtores da série, que temem um escândalo. Uma das cenas mais impactantes do filme, pelo que me lembro, é aquela em que o ator mirim Benjie dá um tiro na própria boca.

 

 

Crimes do Futuro (2022)

Marcando seu regresso ao terror corporal com debates de humor ácido sobre arte e mortalidade, David Cronenberg está de volta com mais um tema de transformação corpórea. Estrelando Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart, Crimes of the Future é uma ode provocante à atração sensual da carne.

 

O mundo do filme é ditado pelo tédio e pela insensibilidade de um apocalipse estendido indefinidamente; Cronenberg inclui isso na própria premissa, ao estabelecer que o corpo humano evoluiu para uma condição em que não se sente mais dor, e o que resta do autoflagelo, esvaziado de religiosidade, são suas finalidades de fetiche. O diretor dá a si mesmo então a oportunidade de atualizar os seus filmes de tecnologia, sexo e aparatos bizarros, como Gêmeos – Mórbida Semelhança e ExistenZ, mas agora numa chave mais minimalista e contida, mais afinada com o seu cinema no século 21, que renegou a explicitude que tradicionalmente se espera de um filme de body horror.

 

Que Cronenberg consiga extrair um noir cyberpunk relativamente empolgante de toda essa formulação deprimente é um grande atestado da segurança e da firmeza de um cineasta na sua fase mais madura. A predileção tardia de Cronenberg pelos close-ups em grande angular com fundo desfocado – muito usados nos seus dois filmes anteriores, Cosmópolis (2012) e Mapas para as Estrelas (2014) – encontra aqui uma função mais condizente e torna a experiência do filme menos disruptiva do que nos outros dois longas citados, uma vez que os fundos nas sombras, a prioridade dada aos diálogos e aos iluminados semblantes de desconcerto contribuem para que o mistério policial e conspiratório deste noir ganhe vida nas frestas do minimalismo.

 

A fonte da resenha de Crimes do Futuro é o site omelete.com.br. Depois de ler muito sobre ele na Imprensa, confesso que ainda não tenho estômago para assisti-lo na tela de um cinema.

 

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