Então…quantas vezes aconteceu de você estar em um velório e ao encontrar um amigo ou pessoa da família, dizer ou ouvir:
– Nossa, a gente só sê vê em enterros…
Essa frase muitas vezes vêm acompanhada do arrependimento de não ter visto a pessoa falecida ainda uma vez quando estava viva, não é verdade? Assim, me parece que a expressão que uso há muito tempo é absolutamente correta no mundo cada vez mais digital:
– as redes sociais aproximam os distantes e afastam os próximos.
Falo isso por mim. Das redes existentes sou mais presente no Facebook e lá retomei contato com muitos amigos de infância e juventude. A maioria dos reencontros foi “digital”, mas é fácil supor que depois de 50 ou 60 anos dificilmente teríamos como nos reconectar, já que muitos estão geograficamente distantes. Mas ao mesmo tempo reconheço que infelizmente estou cada vez mais longe de gente querida…
Então, falando desses que não estão tão distantes, sabemos que é verdade. As novas tecnologias de comunicação dão a sensação de estarmos próximos e conectados, os contatos físicos tornam-se cada vez mais raros e aquela expressão vira um lugar-comum.
Pensando nisso lembrei de texto que representa o sentimento que temos quando sentimos que fomos negligentes e deixamos de dar o último adeus aos amigos e familiares falecidos. É da autoria de Mônica Moro Harger, que o publicou em 27/03/2018:
“Vá aos encontros felizes”
Recentemente participei da formatura de uma prima, numa quarta-feira, distante 300 km da minha casa. Peguei o carro e fui. Sozinha, eu e minhas músicas. Encontrei primos que não via há anos, abracei a tia que aos 96 ainda sabe quem eu sou, comemorei, sorri e chorei (de alegria). Me esforcei para estar presente. E como valeu a pena!
“Vá aos encontros felizes”, eu sempre penso. Pode ser complicado, difícil, caro. Pode ser uma viagem longa (ou até pode ser ali do lado mas bate aquela vontade de sofá). “Vá!” Tem festa de 80 anos da tia? “Vá!” Aniversário do filho dos amigos? “Vá!” Encontro de 20 anos da sua formatura? “Vá!” Amigo secreto das amigas de infância, casamento do primo, show da sua banda preferida? “Vá!” Pega o carro, o ônibus, o avião… pega carona! Fica no hotel, na tia, agora tem airbnb! Parcela a passagem, combina com a sócia uns dias de folga, dá um jeito! Sabe por quê? Porque nos encontros tristes você irá. Quando alguém morre todos vão. Por protocolo, por obrigação ou por amor (e dor). As pessoas vão, se esforçam. Pedem folga no trabalho, deixam as crianças com a avó, levam as crianças, cancelam a reunião, transferem as entregas. E todos se reúnem e se abraçam e choram juntos. E é bonito isso. E é bom que seja assim. Mas é bom que seja assim também, e, principalmente, nos momentos felizes. É bom estar junto nas comemorações, nas conquistas, nas festas que brindam a vida! Dando risada com os amigos, relembrando as histórias de família, deixando-se levar pela alegria despretensiosa dos momentos bons. Penso que assim vamos juntando as peças na melhor coleção que a vida tem a oferecer: a dos encontros felizes!”
Vamos?
Mônica Moro Harger • 27/03/18
(Publicado no Facebook, aqui)
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1 Comentário
Gérson, tive a mesma experiência da Monica recentemente em Vinhedo Sp., na comemoração de 70 anos de um primo querido e amigo de infância que não via a aproximadamente 40 anos.
Encontrei amigos e parentes que também não os via a décadas. No meu retorno refleti ” o que nos faz distanciar destes encontros felizes”