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O Experimento do Marshmallow (para pais, avós e educadores)

21/10/2024

“Você trocaria uma recompensa imediata por um prêmio maior no futuro?”

E se a questão fosse endereçada a uma criança, o que ela responderia?

Esse dilema é o centro de um dos estudos psicológicos mais famosos do século passado: denominado “O Experimento do Marshmallow”, nome de uma série de estudos realizados no final dos anos 60 e início dos anos 70 na Universidade de Stanford pelo psicólogo Walter Mischel. Judeu nascido na Áustria em 1930, seus pais fugiram para os Estados Unidos após a ocupação nazista, quando tinha 8 anos. Ele cresceu no Brooklin, em Nova York, e tornou-se PHD em Psicologia em 1956. Essa experiência de adversidade e superação moldou sua vida e carreira, culminando em uma das pesquisas mais relevantes e de maior legado da psicologia moderna. Mischel faleceu em Nova York em 2018.

Os testes conhecidos como “Estudos de Recompensa Retardada” foram realizados com crianças entre 4 e 5 anos, baseados na observação dos hábitos dos 3 filhos do próprio Mischel, sempre a mesma sequência: começavam com a oferta de um marshmallow à criança, após o que o pesquisador dizia que sairia da sala por alguns instantes e se ela esperasse seu retorno sem comê-lo, ganharia mais um. Feito isso ele deixava a sala por 15 minutos. Algumas crianças comiam o doce logo que a porta se fechava, enquanto outros tentavam se conter mas caiam na tentação alguns minutos depois; apenas uma pequena parte conseguia aguardar o tempo todo. A variedade de guloseimas oferecidas também incluía cookies e pretzels, o que aumentava o apelo da escolha.

Assim, “O Experimento do Marshmallow” continua a ser uma metáfora poderosa para escolhas que fazemos todos os dias: você esperaria pelo segundo marshmallow? Adiar recompensas imediatas pode nos levar a conquistas maiores no futuro?

O estudo foi publicado em 1972, mas a parte interessante veio anos depois. À medida que o tempo passou e as crianças cresceram, os pesquisadores realizaram estudos de acompanhamento e rastrearam o progresso delas em várias áreas, com descobertas surpreendentes: as crianças que adiaram a recompensa para receber o segundo doce tiveram melhor pontuação em todos os parâmetros de medição. Os cientistas verificaram que tanto nos índices relativos a saúde mental e física, incluindo, veja só, índices de ‘Massa Corporal’ (IMC) mais baixos e uso de substâncias tóxicas como no desempenho acadêmico e nas habilidades sociais, os adultos que ‘adiaram a recompensa’ superaram os demais.

Ainda que o experimento continue sendo um marco na psicologia, pesquisas mais recentes oferecem novas perspectivas: um estudo de 2018 publicado na revista Psychological Science sugeriu que fatores socioeconômicos, como a educação dos pais e a renda familiar, podem ter um impacto significativo na capacidade das crianças de aumentar o autocontrole e adiar a recompensa. Isso mostra a importância de considerar o contexto social na interpretação dos resultados de experimentos como esses.

Seja como for, o estudo ainda inspira pesquisas sobre autocontrole, tomada de decisão e desenvolvimento cognitivo em crianças, contribuindo para a compreensão mais ampla do comportamento humano valorizando o trabalho de Walter Mischel.

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