HojePR

Um dia para comemorar, outro para recordar

06/02/2023
recordar

O dia 6 de fevereiro me traz ótimas lembranças. Nesse dia, há exatamente um ano, publiquei minha 1ª coluna no HojePR.

 

Já o 7 de fevereiro me traz lembranças amargas; nessa data, em 1965, meus pais e minhas duas irmãs faleceram em pavoroso acidente na então BR-2, hoje BR-116, voltando de São Paulo.

 

Nesse dia, um domingo, a família de 7 pessoas foi reduzida a 3.

 

Isaac, meu pai, completaria 42 anos dia 19.

 

Minha mãe, Selda, faria 40 no dia 16, também naquele mesmo mês.

 

Gisele, uma das meninas, completaria 12 em março e Gilce, a caçula, faria 9 em maio.

 

Eu e meus outros dois irmãos os aguardávamos para o almoço: Gilberto o mais velho, logo faria 19; Gilson tinha 13 anos e eu estava com 17.

 

A dor intensa aos poucos deu lugar a uma espécie de resignação. Mesmo depois de 58 anos jamais deixo de divagar sobre como teriam sido as nossas vidas se o acaso não tivesse nos atingido daquela forma.

 

Nossos pais, teriam sido longevos? E as meninas, teriam casado, teriam tido filhos? Hoje são 10 netos e 6 bisnetos. Quantos mais poderiam ser?

 

Sonhos, apenas. Desejos de que as coisas tivessem sido diferentes, uma saudade enorme daquilo que não foi vivido.

 

Eu sempre soube que uma pessoa não está morta enquanto for lembrada por alguém. Muitos familiares e amigos ainda os têm na memória e essa é a razão pela qual jamais deixo de fazer essa lembrança.

 

E aos entes queridos que hoje habitam meus sonhos, deixo as palavras do imortal Fernando Pessoa que representam muito bem o que sinto no coração:

 

“Tenho, do passado, somente saudades de pessoas idas, a quem amei; mas não é saudade do tempo em que as amei, mas a saudade delas; queria-as vivas hoje, e com a idade que hoje tivessem, se até hoje tivessem vivido”.

(Fernando Pessoa, Carta a João Gaspar Simões – 11 Dez. 1931)

 

Leia outras colunas do Gerson Guelmann aqui.

11 Comentários

  • Estimadíssimo amigo Gerson Guelmann,todo ano fico profundamente consternado quando lembro desta terrível tragédia com seus pais e irmãs !Receba meu afetuoso e fraterno abraço e minhas orações às boníssimas almas deles !

  • Gerson durante todos os anos que convivemos nunca soube desta parte triste da sua história. Só
    Muito recentemente, você me contou. Meus sinceros sentimentos, sempre.

  • Meu eterno amigo!
    Sinto tanto quando lembro deste fato.
    Os meus sinceros pesares e um grande abraço.

  • Sensibilizado e solidário a VC meu querido amigo!

  • Um abraço carinhoso a você, amigo. A memória dos queridos os mantém vivos, verdade.

  • Sentimento que todos sentimos, uns ao seu tempo, outros por todo o tempo! Fraterno beijo à você; parafrazenado-o, pois em 1998 você se referiu a mim…”o mais novo velho amigo”

  • Gerson, eu conhecia a história desse acidente através do meu pai, Aristides Gonçalves de Lima. Eu tinha 10 anos em 65. Conhecia, mas não sabia que eram seus pais e suas irmãs. Foi uma história que me marcou muito. Mesmo tantos anos depois, e dificil não sentir a tristeza .

  • Emocionante.

  • Querido amigo. Já tivemos oportunidade de comentar esse triste episódio! Pude sentir o seu sentimento e dele partilhei, de coração! Novamente, meu abraço fraterno e sentimentos pela data!!

  • Lamentável aquela ocorrência, lembro do fato. Deve mesmo ser cultuada a memória do Sr Isacc Guelmann! Ilustre pessoa.

  • Que recordações! Sinto muito pela perda dos seus entes queridos. As saudades não desaparecem nunca, nossa memória vai registra-las sempre! Assim é a vida. Eu costumo dizer que o tempo não passa, nós é que passamos no tempo

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