Em menos de três semanas, dia 6 de outubro, vamos repetir o que fazemos a cada dois anos no Brasil: escolher nossos governantes.
Vivendo no meio político há muitos anos e tendo me aventurado pessoalmente na disputa em 2020, percebo que há uma tendência no sentido da ‘‘hierarquização’’ nas eleições, onde os pleitos federais e estaduais, com de Presidente e Governador, com Deputados Federais, Estaduais e Senadores, são considerados mais importantes que os municipais, que escolhem Prefeitos e Vereadores. No entanto, o ex-governador do Paraná Jaime Lerner dizia que a vida das pessoas acontece nas cidades, onde o acesso aos serviços essenciais, à infraestrutura e o bem-estar estão diretamente ligados à administração municipal.
É fácil constatar que o Jaime tinha razão: em meio às turbulências econômicas e políticas que abalam o cenário nacional, alguns municípios são verdadeiras ilhas de prosperidade, mostrando que os investimentos estratégicos em educação, saúde e infraestrutura reduzem os efeitos das crises e fomentam o desenvolvimento. Neles, o chamado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) prova que a correta aplicação dos impostos pode transformar a realidade social e econômica. Aliás, o conceito “pensar globalmente, agir localmente” associado à ECO-92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 e na qual Curitiba teve participação relevante, enfatiza a importância disso.
Então, como a dualidade na política brasileira através do debate entre esquerda e direita têm foco na questão da corrupção, como se houvesse o campeonato do ‘quem rouba mais’, resgatei um texto erroneamente atribuído à Voltaire, o filósofo francês; lendo o texto você entenderá, basta lembrar que na época dele as pessoas não andavam com relógios, muito menos com telefone. Seja como for, vale destacar a permanente reflexão que temos que fazer sobre o que esperamos da nossa classe política.
Ao final, para enriquecer a reflexão, incluo um vídeo onde o humorista e comediante George Carlin fazia uma crítica afiada aos políticos em seus stand-ups, estimulando a abstenção (lembro que nos Estados Unidos o voto não é obrigatório).
Vamos lá, então:
Voltaire e os 2 tipos de ladrões
Na vida, existem 2 tipos de ladrões:
1- O ladrão comum: é aquele que rouba o seu dinheiro, sua carteira, relógio, telefone, etc.
2- O ladrão político: é aquele que rouba o seu futuro, seus sonhos, seu conhecimento, seu salário, sua educação, sua saúde, sua força, seu sorriso, etc.
Uma grande diferença entre estes dois tipos de ladrões, é que o ladrão comum escolhe-o para roubar os seus bens enquanto o ladrão político é você que o escolhe para ele o roubar. E a outra grande diferença, não menos importante, é que o ladrão comum é procurado pela polícia enquanto o ladrão político é geralmente protegido por um comboio policial. Pense antes de escolher o seu ladrão, da próxima vez…
Leia outras colunas do Gerson Guelmann aqui.