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20/05/2024

O desabafo do Presidente do Inter

inter

Ontem ouvi o relato do amigo Alessandro Barcellos. Presidente do Internacional de Porto Alegre. E cabe nele uma reflexão muito profunda sobre valores. E sobre o quanto o futebol hoje é tratado como negócio apenas, esquecendo a essência do ser humano.

Vivemos talvez a maior tragédia humanitária ocorrida no Brasil. Presenciamos mortes, devastação. Perdas materiais, perdas pessoais. Problemas futuros que ainda nem podemos medir. Problemas financeiros, problemas psicológicos, problemas de saúde pública. Uma reconstrução que demorará tempo que sequer conseguimos saber qual será.

Presenciamos um estado (chamado democrático de direito) morto, ineficaz, podre, corrupto que pensa apenas em manter privilégios e legislar em causas próprias e que pouco auxilia o cidadão que mais precisa dele. Não foi (e nem será) capaz de prevenir, de corrigir e de projetar melhorias ou reparos necessários para que a população fosse menos impactada. A sociedade civil (minimamente organizada) é responsável por amenizar os impactos da tragédia.

Nesse momento terrível, alguns “players” do mercado de futebol oferecem seus CTs, seus campos, suas instalações, para que times gaúchos treinem, joguem. Que o campeonato brasileiro de futebol continue acontecendo como se tudo que vemos no Rio Grande do Sul fosse um problema à parte.

Aí chega o Alessandro (do qual me tornei ainda mais fã) e diz: “Só um pouco! Não vou abandonar o meu povo aqui! Futebol não é feito só de jogadores e dirigentes (que, quase na totalidade, foram menos impactados pela tragédia). O Inter tem cerca de 400 funcionários. Desde o menor na hierarquia até os maiores, todos têm família sofrendo os impactos. Inclusive, quanto menor for a graduação do funcionário, possivelmente mais ele e sua família estarão sofrendo diretamente todos os malefícios da tragédia”.

Como vender uma imagem que o clube é um só, composto por cada um dos funcionários que estão ali doando-se no dia a dia, com um objetivo comum, se numa situação de extrema dificuldade como essa, abandonam-se vários dos “tripulantes do barco” e coloca-se “o barco” para navegar em águas que hoje são tranquilas?

Essa é a realidade do mundo do futebol que trato coluna após coluna. É o maior produto de entretenimento mundial. É o maior gerador de receita de entretenimento no planeta. Não se consegue medir o volume de dinheiro que orbita nesse negócio. E, quando se coloca só o dinheiro como objetivo, se esquece de vários outros adjetivos que o ser humano deve sempre prezar: lealdade, compaixão, empatia, honradez.

Parabéns amigo Alessandro. Não sei se sua voz ecoará. Os interesses que terá que combater são gigantes. Mas a tua postura foi digna e merece aplauso e respeito.

 

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