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16/06/2024

glenn stenger futebol

O peso de um ídolo

ídolo

Cássio chegou ao Corinthians em 2012. Já com 24 anos. Não foi criado ali. Iniciou no Grêmio e depois ficou 5 anos no PSV. Lá nunca foi titular. Basicamente nem jogou em terras europeias.

Chegando ao clube paulista viu sua trajetória mudar. Tornou-se o maior ídolo, símbolo de lealdade ao clube, escudo de proteção para os mais novos. Ganhou 9 títulos. Inclusive o maior título da história – o campeonato mundial – com destacada atuação. Nos 12 anos de sua passagem fez 712 jogos (algo como 50 por ano) e tornou-se o segundo jogador que mais jogou pela segunda maior equipe do país. Não acredito que haja uma cidade sequer no Brasil que não tenha fãs corintianos e com pessoas que saibam quem é o Cássio.

No Brasil e no mundo o futebol tem um poder “mágico” de envolvimento, de atração, de admiração. E isso sempre traz retorno financeiro. Se bem trabalhado, muito retorno.

Quantos meninos sonharam em “ser o Cássio”? Milhares certamente. Quantas escolinhas de futebol pelo Brasil tiveram alunos que se matricularam para tentar alcançar o sonho? Quantas camisas foram vendidas nesses 12 anos devido aos feitos que o Cássio ajudou a alcançar? Quantas pessoas foram aos estádios e pagaram ingresso pois sabiam que teriam um goleiro como ele defendendo as cores de seu time? Quantos milhões ingressaram nos cofres do clube, referentes às cotas de participação e de conquista de campeonatos que ele ajudou a conquistar?

Isso falando só do aspecto financeiro. Mas futebol também tem o ingrediente “confiança”. O quanto o Corinthians não foi melhor, ganhou partidas, pois o plantel sabia que tinha um cidadão que trazia muita confiança embaixo das traves? Quem conhece um pouco desse mundo sabe que, por vezes, é melhor ter uma equipe coesa e autoconfiante do que uma equipe com muitos craques que não são unidos entre si.

Há pouquíssimos, raríssimos, exemplos de ídolos nas equipes do Brasil. Cada vez mais o jogador não tem sua identidade pessoal vinculada à imagem do clube. Hoje são “operários de várias indústrias”…

Perde muito o Corinthians com a saída do seu arqueiro. Perde dinheiro direta e indiretamente. Perde confiança. Perde referência. Lembro que seu rival, São Paulo, demorou anos e anos para repor (e ainda nem sei se foi à altura) o seu goleiro (Rogério Ceni). Teve vários e vários contratempos.

Cássio já não é um jovem. Já deve ter seu “pé de meia” consolidado. Já não sei o quanto um novo desafio lhe motivará.

Não estou no contexto. Não estou vivendo a situação presencialmente. Mas a experiência trazida nos anos junto ao futebol mostra que, num caso como esse desenhado, o melhor para ambos seria a manutenção dele em sua “casa”. Não deveria ter saído de onde é respeitado e tem um histórico que o suportaria até o final de sua carreira. Muitos dizem (não são palavras minhas) que ele foi o maior jogador de todos os tempos do Corinthians. Merecia e deveria ser tratado e conduzido para assim o fosse. Saiu para ser mais um que, na primeira falha, será muito criticado por quem nunca respeitará sua história.

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