Seguimos mapeando as casas de Curitiba, algumas em pé, outras não, de cidadãos ilustres que aqui viveram e deixaram o seu legado:
Até meados de 1880, acreditava-se que as doenças eram causadas “somente” pelo contato com ambientes insalubres.
Até os próprios médicos não recebiam ensinamento diferente disso
Todos acreditavam que os miasmas, que eram os vapores que subiam da evaporação dos locais onde havia decomposição de animais, vegetais e até de cadáveres humanos e acúmulo de dejetos, é que causavam as doenças.
Mas um dia, o químico Pasteur, lá em Paris, começou a fazer experimentos em laboratório e a perceber que tinha algo a mais:
E descobriu que existiam os “germes”( hoje chamados microorganismos – bactérias)
E que esses germes causavam doenças e que essas doenças podiam ser prevenidas com muita higiene e com vacinas.
E após testes com animais, experimentalmente criou a primeira vacina para uso humano.
E certo dia, um menino chegou até ele após ser mordido por cão com raiva e como o garoto estava fadado a morrer, Pasteur relutou mas decidiu aplicar em um curto período de tempo, treze injeções de vacinas que ele mesmo criara com sua equipe no laboratório.
Com isso salvou a criança e estava criada a primeira vacina para uso humano.
Muitos líderes de governos ficaram empolgados com a descoberta fantástica e o próprio D Pedro ll ficou muito entusiasmado e enviou dinheiro do próprio bolso para ajudar na construção do Instituto Pasteur de Paris, que passou a fabricar a vacina antirrábica em grande quantidade e a dar cursos.
E médicos do mundo inteiro passaram a ir a Paris psra aprender mais sobre os micróbios. E assim nasceu a cadeira de Microbiologia
A partir dali, os médicos aprenderam a importância de desinfectar cuidadosamente os instrumentos de cirurgia e a área do corpo a ser operada, e que isso reduziria as infecções e mortes
E a desinfectar curativos e feridas, higienizando e fervendo todos os materiais que entrassem em contato com o ferimento
Foi com base nas ideias de Pasteur que o médico Oswaldo Cruz debelou a epidemia de febre amarela no início do século XX.
Descrevendo a foto, essa era a casa do Tio Assis.
Tio Alfredo de Assis Gonçalves morava nesta casa aqui em Curitiba, na Praça Senador Correia, mas nasceu em 1884 na Bahia.
Cursou Medicina na Bahia e em 1910 veio para Curitiba assumir o cargo de Diretor de Higiene Municipal
Neste mesmo ano foi para Paris e ficou trabalhando no Instituto Pasteur e ao retornar, se tornou Diretor do Instituto Pasteur de Curitiba, uma das centenas de unidades instaladas no mundo todo que eram locais que reproduziriam as vacinas antirrábicas do Instituto de Paris, servindo seus estados.
E paralelamente, junto com Vitor Ferreira do Amaral e Nilo Cairo, se tornou avalista dos títulos que permitiram que a Construtora Bergonse terminasse o edifício central da nossa atual UFPr, na Praça Santos Andrade.
Com isso, a Universidade pode ser concluída e foi inaugurada em 1914.
Tio Assis se tornou professor de inúmeras cadeiras desta universidade, inclusive de Microbiologia
Na verdade, não foi bem uma escolha. O motivo era que quase nenhum grande médico ou profissional queria lecionar ali, visto que não havia dinheiro para pagar os professores.
Eram poucos alunos que podiam pagar. A universidade era particular e enfrentava grave problema financeiro.
Chegou a fechar o Curso de Medicina durante alguns anos.
Essa cerquinha de madeira era a divisa da casa do Tio Assis com a casa do Vô Dante Romanó. A palmeira, no lote vizinho pelo outro lado da casa, crescia no jardim do sogro- Nicolau Mader
Os dois médicos conversavam muito e o Vô Dante aprendeu muito com ele.
Cunhados, compadres, vizinhos, colegas de profissão, tinham tanto em comum.
Tio Assis foi humanitário e filantropo e doou o terreno para a construção do Hospital das Clínicas, no final da década de 50.
Vô Dante muito aprendeu com ele e lamentou quando a esposa do tio Assis, María Rosa, já viúva, o procurou para mostrar o caroço que aparecera no seio.
Por pudor, demorou a procurar o médico e quando o fez, já era tarde.
Maria Rosa era muito estimada por todos e o Vô Dante queria tanto poder curá-la
Certamente era o desejo de curar o (a) paciente que todo médico almeja, mas creio que também havia o anseio de retribuir os ensinamentos provenientes das longas e proveitosas conversas com o cunhado ao longo de anos de convivência e amizade.
Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.
Como era diferente. Não fazia ideia. Muito obrigado Karin!!!
Muito interessante 👏👏👏👏 adorei
Já virei leitor assíduo
Muito interessante.
Obrigada por compartilhar