A mãe é um destes mistérios da beleza feminina.
Nasceu para ser bela e manter- se bela sem grandes cuidados.
Aqui com seus 86 anos contestando todas as teorias e conceitos de um envelhecimento saudável.
Poucas vezes passou protetor solar e gostava de se esticar no sol (quando já era viúva).
Sempre foi pão-dura para gastar com filtro solar e no máximo usava um fator de proteção 15, tanto no rosto como no corpo.
Exercícios nunca fez regularmente. Uma aula de dança aqui outra ali e mais faltava do que ia. Não se preocupava com o controle do peso.
Parou de cozinhar há uns 20 anos e desde então passou a comprar comida industrializada no Mercadorama, priorizando frituras, pizzas prontas e todo tipo de porcarias.
Muitos doces, poucas verduras. Nunca faltou refrigerante na sua geladeira. De saudável somente bananas. Muitas bananas.
Hidratação no rosto com cremes de farmácia, marca Ponds ou Nívea. Bem baratinhos.
Hoje faz pilates mas vai forçada. Sempre arruma uma desculpa para não ir.
Plástica no rosto não fez, só blefaroplastia (pálpebras).
Quando era casada com meu pai fazia todo o serviço de casa incluindo lavar, passar, cozinhar, limpar. Quando tinha que preencher a profissão em algum formulário escrevia: “DO LAR”.
Lembro da mãe esfregando roupa no tanque que ficava em área descoberta da casa. Isso nas manhãs geladas de Curitiba.
A mãe não podia sair sozinha porque o pai tinha ciúmes, nem mesmo ir ao mercado. Se ocupava com jardinagem após o almoço, plantando e lidando com a terra.
O pai a deixou numa situação financeira confortável após o falecimento. Chegaram a completar 24 antes de casados.
Perdeu um filho há 9 anos. Meu irmão.
Conto isso para ilustrar que não teve vida fácil e portanto, não é bonita porque passou a vida no bem-bom.
A genética também não era tão boa. Minha vó materna era linda quando moça mas ficou cedo com o rosto bem enrugado. Acho que por causa do cigarro. Já meu avô materno morreu com 59 anos e não chegou a ficar velhinho para se tirar uma conclusão se ela herdou dele esse frescor.
Saúde a mãe sempre teve mas pegou uma hepatite C, provavelmente em algum tratamento que envolveu agulhas, quando ainda não havia muitas exigências em relação à esterilização.
O tratamento para a cura da hepatite foi bem agressivo e durante um ano tomou injeções de Interferon e Ribavirina 3 vezes por semana.
Os remédios davam fortes efeitos colaterais: emagreceu muito e perdeu cabelo. Mas ficou boa, graças a Deus.
Reza todos os dias mas nunca foi religiosa nem de frequentar missas e não demonstra sinais de espiritualidade elevada.
Ri à toa, conversa fácil, adora comprar sapatos, blusinhas e bijuterias. Nada muito caro. Não sai de casa sem delineado no olho.
Não puxei esse viço. Nem a beleza. Já fiz muitas aplicações de ácido hialurônico no rosto porque senti a flacidez no rosto pesar e não me senti confortável. Encarei minha aparência envelhecida sem naturalidade.
A mãe fez algumas poucas aplicações de botox e ácido hialurônico. Muito menos do que eu.
Atualmente está a uns 3 anos sem ir ao dermatologista. Segue bonita desafiando a indústria cosmética.
A beleza enamorou-se dela já na juventude e com ela permaneceu!
Deus conserve a vida e a alegria da minha e de todas as mães.
Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.