Ao fundo vemos Caiobá.
E podemos ver que já existe a estrada por terra unindo Matinhos até Caiobá, construida em 1942.
Lembrando que antes de 1942 não havia estrada neste trecho e o os carros transitavam pela areia da praia.
Na verdade, até o final dos anos 20, os paranaenses que queriam ir para a praia, só podiam ir para a Ilha do Mel. E mesmo assim não era fácil.
Não havia acesso por estrada até as praias do nosso litoral e não se tinha como chegar de carro próprio em Praia de Leste, Matinhos, Caiobá, Guaratuba.
Então o que se podia fazer era ir até Paranaguá e de lá pegar a lancha que levava umas 3 horas para chegar na Ilha do Mel.
Ou então pegar a lancha em Paranaguá e descer em Pontal do Sul. A partir daí havia carros de bois que transportavam as pessoas, preferencialmente em horário noturno e iam até Praia de Leste e até Matinhos.
Até que em 1927 foi inaugurada a Estrada Paranaguá Praia de Leste. Inicialmente de areia fofa, uma dificuldade.
E de Praia de Leste em diante, tinha que trafegar mesmo pela areia do mar.
Não era simples e o motorista tinha que ter habilidade e conhecer os horários das marés porque quando a maré subia, desaparecia a areia e o espaço para os carros rodarem.
Além do que havia alguns rios que se atravessavam na areia desembocando no mar. E trechos de dunas e areias fofas. O desafio era não encalhar.
Mas mesmo com as dificuldades, a partir a partir daí começou a construção das primeiras casas dos banhistas em Matinhos.
E eles vinham somente durante o inverno, por causa das mutucas e malária e para fugir do frio gelado de Curitiba.
E o costume era tomar banho de mar e não tinha isso de ficar no sol e nem guarda sol. Os mais velhos gostavam de tomar banho logo cedo, as 7:00 e depois outro banho mais à tarde, ali pelas 17:00.
Muito mais tarde, nos anos 60, ja havia cadeiras de madeira com um pano grosso e resistente para levar na areia e guarda sol.
E câmara de pneu para a gente brincar de bóia.
Bem depois as pranchas de isopor que assavam a pele da barriga.
E não se sabia o que era protetor solar. O que se tinha era caladryl que era rosa e se passava depois onde ardia.
Aliviava um pouco mas não evitava as bolhas que se levantavam poucas horas depois.
E todos falavam: “- Vai ter que dormir no cabide”.
Dias depois a pele descascava. A gente puxava uma ponta e ia descolando. Então tomávamos mais sol por cima da pele fina. E assim ficávamos cheias de sardas.
Na imagem principal, da esquerda para a direita, uma ajudante da minha mãe, minha avó Mariquinha, minha tia Leonira (irmã da minha mãe), minha mãe Lilia de vestido branco e seus 2 enteados: Odete e Mario (foto de 1946 tirada por Emílio Zagonel no Morro de Matinhos).
* Foto e informações gentilmente cedidas por Marina Zagonel Pereira
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Adorei Ler oque era pra poder chegar numa praia poriso dor maior valor pelS nossas praias 🌴
Bela foto e reportagem parabéns.
Muito bom
Didático e interessante.
Obrigado
Lembrei bem do Caladryl. As bolhas eram inevitáveis, ficávamos brincando horas a fio na areia, intercalando com banhos refrescantes de mar. E ainda dava para entrar na água sem medo de contrair alguma micose.