Mais de cem anos se passaram desde que esta casa foi construída.
O endereço é em uma das ruas mais movimentadas de Curitiba.
E mesmo assim, sempre se manteve como moradia de descendentes.
A construção segue os padrões das casas da região da Itália de onde o patriarca e a família vieram.
Tudo é mantido conservado e com as características arquitetônicas originais.
Cada canto, cada objeto, cada móvel tem uma história e um valor especial para os moradores.
As janelas venezianas de madeira se abrem para fora e as folhas de vidro com esquadrias de madeira abrem para dentro.
Telhado inclinado, muitos detalhes em madeira no interior e externamente, criando um aconchego – tais como o assoalho, guarda corpo da varanda, etc.
A porta principal tem uma parte vazada que pode ser aberta, permitindo aos donos da casa ter um contato visual com visitantes, antes de abri-la.
O gramado nos fundos reúne vegetação e flores, com cores, alturas e formatos harmoniosamente combinados formando um jardim encantado. Tudo plantado pelas mãos da própria moradora. Tem até um cipreste daqueles altos e finos, parecendo um charuto.
Atualmente a neta dos imigrantes reside no mesmo local onde os avós viveram e trabalharam.
Foram empreendedores muito bem sucedidos no ramo de confecção de carruagens, charretes, carroças, caleças, carroções e inclusive nasceu nesta casa, na cama onde hoje dorme ao lado do esposo.
A mãe a teve no mesmo quarto que hoje é do casal.
A vizinha de muro, que era uma parteira muito conhecida em Curitiba, foi quem fez o parto.
Tudo ali recorda os antepassados e os costumes de outrora.
Esta pérola encravada no centro da cidade cuja moradora, uma joia ainda mais rara e um amor de pessoa, não se furtou e mostrou cada detalhe da residência e permitiu a foto.
Sim, há pessoas que escolhem preservar a história de sua família, de todas as formas.
Que conseguem negar as muitas e atrativas ofertas para compra.
Que enquanto eles estiverem aqui, esta moradia e a história dos que ali viveram continuará viva.
Não me perguntem o endereço e quem souber, por favor não comente.
A moradora autorizou a foto e a história mas peço gentilmente para preservar a privacidade.
Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.
A coluna promete futuro, mesmo tratando do passado.
No entanto as imagens são indispensáveis para ilustrar o texto que é de boa articulação.
Busque espelhar-se na coluna Nostlgia do falecido e temperamental Cid Destafani.
Aguardemos as próximas pra ver como ficou.
Tchau.