Construída em 1898 pelo italiano Felippe Lombardi para ser a residência da família e um armazém de secos e molhados.
Que ideia genial! “Birra” é cerveja em italiano. “Gengi” é porque ia gengibre. E ele, sendo italiano, trouxe a ideia de lá.
Misturava gengibre, açúcar, fermento biológico e outros ingredientes. A seguir triturava tudo, fervia com água e deixava descansar. Por fim, coava e estava pronta para beber. E vendia no próprio armazém.
Faleceu na própria casa, em 1925.
A partir desta data foram muitos os inquilinos e proprietários que habitaram o endereço da Rua Jaime Reis, 134.
Vou pular para o último proprietário: o comerciante libanês Sr. Miguel Calluf.
Sr. Miguel Calluf trabalhou intensamente e tinha um tino comercial apurado.
Era muito rico e à época do Centenário do Paraná, o Governador Bento Munhoz da Rocha Neto sugeriu-lhe que construísse um grande edifício para incentivar outros empresários a promover o desenvolvimento da capital.
Ele logo ergueu o mais alto: o Lord Hotel, na Praça Tiradentes. O prédio que hoje é conhecido como Eduardo VII.
Voltando ao imóvel do século XIX, a família do Sr Miguel Calluf era vizinha, morava na casa ao lado, na Rua Jaime Reis, 86.
A casa da foto ficou para um dos filhos: Emir Calluf, que foi um padre bastante conhecido em nossa cidade.
Muito inteligente, até demais. Foi o primeiro Sacerdote Jesuíta ordenado em Curitiba. Professor da PUC, bolsista da Fullbright, escritor de uma dezena de livros, Psicólogo formado em Harvard.
Tinha um programa de TV que passava ao meio-dia chamado: “Um Lugar ao Sol”, de grande audiência nos anos 1960 e 1970.
Tempo quando a família inteira se reunia em volta da mesa durante as refeições. Os homens voltavam do trabalho para almoçar em casa junto da esposa e filhos.
E nessa hora todos paravam as conversas para ouvir o padre falar.
Suas missas eram às 11h00 aos domingos.
Concorridas, ficavam lotadas de jovens e faltava lugar na Capela do Colégio Santa Maria.
Chegava a mais de uma centena o número de moças e rapazes que assistiam a missa em pé, interessados em ouvir a homilia do padre que sempre prendia a atenção e levava à reflexão.
Década de 70 e o Padre Emir deixou de exercer o sacerdócio. Tempos depois casou e teve dois filhos.
A esposa há muito tem uma Galeria de Arte nesta casa. Ficou viúva com filhos novos e seguiu em frente! Mulher admirável!
Para quem quer valorizar com obras de arte os ambientes da sua casa, consultório, escritório,… vale a pena ir lá.
O local conta com inigualável acervo de belíssimos quadros que pode ser conferido presencialmente no local.
Em homenagem ao marido, deu à Galeria de Arte um luminoso nome: UM LUGAR AO SOL
Colaboração do historiador: Leonardo Mitrut @limosleo
@galeriaumlugaraosol
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