Nos três primeiros andares deste prédio era o Interamericano na década de 70 em diante. Aqui estudei durante sete anos.
Mas antes de construírem esse edifício, no local ficava o Moinho de Açúcar Bittencourt, do Tio Aristeu Bittencourt Filho. Ele era casado com Mirte Códega com quem teve dois filhos: Damaso e Domingos. A residência deles ficava anexa ao moinho.
Tio Aristeu tinha adquirido experiência trabalhando no engenho de açúcar de Emílio Romani (Açúcar Diana).
Prosperou muito. Vendia o açúcar para as fábricas de Balas Aurora, Bolachas Lucinda, padarias, Fábrica de Bolachas Grassi e para todos os armazéns.
Ficou viúvo e casou em segundas núpcias com Fany Mäder, irmã da minha vó Cylá Mäder. Com ela teve mais sete filhos: Milton, Paulo, Thereza, Mario, Aristeu, Carlito e Nilda.
Nessa época Tio Aristeu construiu uma bela casa em frente à Praça Santos Andrade. Lá tinha um grande pomar com abacateiro, parreiras, pereiras e outras frutas, além de horta e galinheiro.
Os filhos e primos aproveitaram muito a região. As meninas andavam de bicicleta ao redor da Praça Santos Andrade e os rapazes jogavam bola no campinho que onde hoje está o Teatro Guaíra.
Domingos e Paulo se formaram médicos e Milton se formou em Direito e foram exercer suas profissões. Por esse motivo trabalharam
curto período no moinho. Já Damaso trabalhou sempre ao lado do pai no moinho.
O filho Paulo conheceu Udine com quem veio a casar depois de um longo namoro.
O pai de Udine, Mateus Mudrovitsch, era da região da Croácia, antiga Iugoslávia e veio para cá como imigrante tentar a vida quando tinha apenas 17 anos.
Montou uma fábrica de doces: Balas Aurora, que fabricava todos os tipos de balas, aquelas azedinhas, as de canela, de hortelã, de amendoim, recheadas. Fabricava também torrones e pirulitos, caramelos, doces de espuma e bombons finos. Sr. Mudrovitsch comprava o açúcar do Bittencourt.
Aristeu Bittencourt adquiriu também uma chácara que ficava onde hoje é o Jardim Social. Lá os primos e cunhados(as) se reuniam nos fins de semana, faziam pic-nics, tomavam café.
Em junho/julho faziam grandes fogueiras, sapecavam pinhões e soltavam balões. Daqueles grandes que coloriam o céu nas noites geladas do inverno curitibano.
Meu avô dizia para as crianças: – Vão lá nos fundos procurar o tesouro que o Pirata Zulmiro enterrou! E a criançada corria em disparada tentando encontrar!
Por volta de 1950 tio Aristeu loteou a área da chácara dando origem parcialmente ao bairro Jardim Social.
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