Quem passa com frequência pela Rua Visconde de Guarapuava esquina com a Rua João Negrão não faz ideia de que naquele imóvel da esquina, onde hoje é a Previdência Social, funcionou até a década de 60 o antigo AÇÚCAR DIANA.
Não sei se era um Engenho de Açúcar ou uma usina. Isso porque aprendi que nos engenhos usavam a força dos escravos ou a força animal para espremer a cana.
Aqui já era utilizado o LOCOMÓVEL para extrair o caldo da cana.
Mas o que era isso? Um locomóvel era como uma locomotiva. Funcionava colocando lenha para aquecer uma caldeira (que é tipo uma panela de pressão com água dentro).
A medida que a água fervia dentro da panela, formava-se uma pressão.
Para não estourar, essa pressão tinha que ser liberada e era feita de forma controlada, como na panela de pressão.
Só que aquele vapor que saía tinha força e era aproveitado e canalizado para o lugar certo, gerando um movimento de pistão que provocava um mecanismo que extraía o caldo da cana.
Daí não precisava mais de força animal.
Esse caldo de cana era então fervido e deixado decantar para as impurezas irem para o fundo e o caldo ficar bem limpinho.
Depois era aquecido novamente para evaporar a parte líquida e cristalizar. Aí já se formavam os cristais de açúcar.
Por fim os cristais de açúcar eram secos e refinados para produzir açúcar branco.
Esse processo muitas vezes envolvia o uso de moinhos e peneiras. E colocação de aditivos para deixar branquinho.
Eu fui uma vez com meu pai dentro do Açúcar Diana. Lembro do cheiro/gosto bom porque as duas sensações se misturavam ali dentro.
O ar era impregnado daquele cheiro de garapa e os cristais de açúcar flutuavam no ar.
Tenho viva a lembrança caminhando na fábrica e sentindo a neve doce caindo sobre a minha cabeça! Saí toda branca!
Jorge Manoel Nauffal teve a honra de conhecer pessoalmente as instalações do Açúcar Diana e viu que o moinho era movido por locomóvel à vapor e o maquinário era acionado por correias de couro e polias de madeira.
E se você dúvida que o vapor de água tenha força para girar uma máquina, experimente colocar uma panela de água para ferver com a tampa bem vedada.
Quando a água estiver borbulhando e a tampa estiver pulando deixando escapar o vapor formado, tente manter a tampa fechada. Verá que não consegue e poderá conferir a força que o vapor tem para levantar a tampa.
Quem passava a pé na calçada ao lado do Açúcar Diana pela Rua João Negrão era obrigado a passar por cima de uma grande grade de ferro que pegava quase toda a calçada.
E podia ouvir o barulho da água do rio Ivo que passava por baixo.
Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.