A população de Curitiba vê cada vez mais com bons olhos as iniciativas de revitalização de edifícios de importância histórica, valorizando a estética conservacionista.
Se voltarmos o tempo em 50 anos, o pensamento era na direção oposta. Os velhos edifícios com arquitetura histórica eram menosprezados sob a ótica da modernidade.
Evoluimos e hoje sabemos que a preservação de um imóvel histórico somente se garante através de sua utilização.
E que para o uso do patrimônio edificado dentro das necessidades que o mundo contemporâneo nos impõe, são necessárias intervenções alcançadas com a utilização de novas tecnologias.
E este é o desafio dos arquitetos. Este é o desafio dos proprietários desses imóveis que demandam custos altos de manutenção e nem sempre são rentáveis.
Não sou nem proprietária nem arquiteta, então nem devia falar nada. Mas não me aguento. Vou falar a ideia e sair correndo.
Nao sei nem se é possível ou se vão achar que estou ficando louca: que tal a volta da fachada original do Edifício Eloisa, construído no estilo art déco? Aquele que tinha uma fachada em formato de onda.
Desconheço os aspectos técnicos mas imagino que o prédio ainda tenha essa mesma arquitetura sob esses vidros escuros que revestem toda a fachada.
E penso que a estrutura metálica com os vidros escuros está apenas apoiada na alvenaria original.
Este edifício é mais que lindo!
E foi construído pelo ilustre engenheiro e historiador David Carneiro.
Custou uma fortuna na época e os apartamentos eram belíssimos.
O apartamento no último andar se tornou a própria residência do Sr. Davi durante vários anos.
Se encontra no ponto mais nobre da Avenida Luiz Xavier, no coração da cidade, quase em frente ao Palácio Avenida, que é um dos nossos cartões postais.
David Carneiro fez com muito carinho e deu ao edifício o nome de sua filha: Eloísa, que faleceu antes de completar 5 anos.
Foi também o primeiro apartamento duplex de Curitiba.
Era para ser só um prédio residencial mas David acabou alugando o térreo para o Cine Ópera em 1941 – um dos mais elegantes cinemas de rua que Curitiba veio a ter.
No alto do prédio ficava a propaganda do Mate Real, produzido no engenho de erva da família Carneiro.
Foi dos primeiros anúncios com luz neon de Curitiba. O ‘reclame’, como era conhecido na época, veio abaixo após passagem de um tufão na cidade.
Para completar, foi ali em frente que meu pai aguardava a saída do cinema e tomou a iniciativa de ir conversar com minha mãe, após um breve encontro num final de baile do Clube Concórdia.
A mãe estava acompanhada da melhor amiga, que veio a se tornar minha madrinha: Edna Weber.
As duas, além de colegas do Colégio Cajuru, adoravam ir juntas na matinê.
Iam no Cine Ópera, Avenida, Ritz, Luz, ou onde tivesse passando filme bom!
O prédio da foto era o Hotel Majestoso na época. Mas depois ele se tomou a Casa dos Estudantes da Universidade. Antes de ter a sede definitiva ali no Passeio Público.
Foto atual do local
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