Escrevo tanto, mas tanto… e acabo sempre deixando escapar a oportunidade de escrever algo que já passou da hora.
Há cerca de 5 anos, acatando a sugestão de leitores, decidi reunir algumas histórias.
Pensei em publicar um livro. Fiz levantamento rápido de custos para uma edição pequena, capa simples, formato padrão, fotos preto e branco. Não era barato. Nada é barato.
E vi que não estava disposta a investir. Pensei cá comigo: “- Puxa, além de escrever, terei que pagar para publicar?”
E seria um dinheiro colocado na frente, incerto. Sabe-se lá se os leitores iriam gostar… e comprar!
E o dinheiro não estava sobrando ainda mais para publicar um livro.
E ao expor essa questão no Facebook, recebi muito apoio e sugestões como: “… eu deveria fazer uma venda antecipada, vaquinha virtual, e-book, publicar no Clube de Autores,…”
Mas refleti: publicar um livro não era algo importante. Era praticamente um capricho diante de tantas necessidades nesse mundo, quase uma futilidade. E ninguém além de mim mesma teria que bancar essa fantasia.
Mas nisso alguém apareceu sem se identificar. E até fez melhor. Fez com que eu pensasse que o(a) meu(minha) mecenas se tratava de uma mulher, uma senhora idosa de família tradicional.
Assim eu não corria o risco de aceitar um patrocinador que poderia ter segundas intenções.
E passei os dados e o dinheiro entrou na minha conta.
Quando o livro ficou pronto, me apressei a separar o primeiro exemplar para encaminhar à senhora. Queria fazer uma bonita dedicatória mas não tinha o contato.
Quando finalmente consegui, a pessoa anônima escreveu: – Fui eu quem quis que vc publicasse.
E assim, até hoje nunca o(a) conheci.
Jamais tentou qualquer aproximação.
E muitos frutos recebi a partir daí. Essa porta abriu tantas outras.
Sei que essa pessoa fez sem expectativa de reconhecimento. Nem quis parecer generoso nem maior. Decerto que podia…mas não precisava.
Posso estar errada mas minha intuição me diz que o anonimato não foi devido ao preceito bíblico:”…o que a mão direita faz a esquerda não precisa saber”…
Apenas fez e só.
Mas não posso considerar banal a dádiva recebida desta pessoa extraordinária.
Para alguns, a gratidão é um peso. Algo que os sobrecarrega.
Para mim, será sempre leve…o reconhecimento de tantas coisas boas recebidas e que me fizeram florir!
(Imagem de abertura: foto dos meus pais publicada no livro “Memórias de Curitiba” colonizada por Macir Martins)
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Karin querida. Tenho a honra de ter teu livro, o qual já reli várias vezes. Teu patrocinador deu um tiro certeiro. Obrigada à ele e a você.