A conversa que tive com D. Edmée Wallbach conta um pouco da Ilha do Mel nas décadas de 1930 e 1940:
“Meu pai se chamava Carlos Rodolfo Wallbach, nascido em Curitiba. Era contador da RVPSC – Rede Viação Paraná Santa Catarina.
Minha mãe se chamava Cecília e era filha de um conde francês e minha Vó Hermine Von der Osten, filha de alemães.
Ambos se apaixonaram e casaram no final da década de 1920. E assim viemos ao mundo, eu e meus irmãos.
Papai adorava ir para a Ilha do Mel. Era um momento muito aguardado por toda a família.
Nossa casa ficava na praia perto da Fortaleza. O Farol ficava na outra extremidade, a uns 3 kilometros.
O Hotel Balneário próximo do Forte da Ilha do Mel ficava um pouco distante das nossas casas e ainda não era um hotel propriamente dito. Havia no local um salão dançante e uma cancha de bocha.
Éramos um grupo grande, todos vizinhos e amigos formado pelas Famílias: Bettega, Machuca, Zagonel, Zaniolo, Bortolin, Valmassoni, Pizzatto, Turra e Wallbach. Talvez tenha esquecido de citar alguma(s). Já se passaram mais de 80 anos desse tempo.
O mar invadiu o local onde ficava nossa casa. Meu sobrinho posteriormente construiu na parte que sobrou do terreno porém o mar já se apoderou da varanda dele”.
Já segundo Dona Heloína Ribeiro de Souza: “Naquela época, o Canal Sueste era o canal de chegada dos navios e passava ao lado da Ilha, próximo da praia onde ficavam nossas casas. Vê-los passando era sempre uma atração. Havia dias que chegavam mais de dez navios para descarregar no Porto de Paranaguá.
A criançada corria e os adultos se apressavam a pegar o binóculo para ver a bandeira do navio: – Este é inglês, francês, sueco, italiano…
Os práticos moravam com suas famílias em casas junto ao Farol e conforme a escala, se dirigiam ao encontro do navio logo que o faroleiro avistava a embarcação.
Só eles conheciam o canal e sabiam como evitar as enormes pedras e os bancos de areia.
Com o mar calmo tudo corria bem mas com o mar revolto, os práticos eram postos à prova e se via o grande valor desses profissionais.
Enfrentavam muralhas de ondas gigantescas, se aproximavam do navio com a lanchinha e através das cordas de apoio, subiam a bordo e assumiam o comando”.
Mais adiante o Sueste deixou de ser utilizado como porta de entrada para os navios que chegavam do mar aberto rumo ao Porto de Paranaguá e desde a década de 70 as embarcações passaram a utilizar o Canal da Galheta.
Dona Edmee Wallbach enviou a foto com pessoas que tinham casas na Ilha na época. Dona Heloína Ribeiro de Souza relatou para: Memória da Ilha do Mel (IPHAN).
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