A gente entrava nessa loja e parecia um paraíso.
Era o melhor lugar quando se ia “prá cidade”, segurando a mão da mãe.
Subir nessa escada rolante era como se estivéssemos sendo transportados para um lugar encantado. E era: repleto de brinquedos e onde ficava a lanchonete.
Tinha toda a variedade de brinquedos que você pode imaginar e não havia produtos chineses.
Era tudo com mais qualidade e durável. As caixas dos jogos pesavam mais e eram feitos com madeira. Hoje é tudo papel cartonado
Amava as bonecas. Todas da Estrela.
Lá podia “namorar” a Amiguinha, que era a boneca maior e mais desejada. Tinha os cabelos compridos e alcançava quase a nossa altura.
Tinha a Andinha (que andava), a Beijoca, que tinha um furinho na boca e quando você juntava os bracinhos, dava um beijinho com barulhinho e tudo.
Tinha uma boneca que a gente puxava a cordinha atrás e ela falava algumas frases: se chamava Tagarela.
Tinha a Gui-Gui, que sorria.
Tinha a Mãezinha, que abria e fechava os olhos e embalava a filhinha de um lado para o outro enquanto tocava a musiquinha.
Essas bonecas eu não tive mas tive outras que também gostava, como a que imitava a cantora Wanderléia, um bebê rechonchudo e careca, mas já de borracha, e que fechava os olhos e a Suzi, que seria a bisavó da Barbie de hoje.
Para os guris tinha o Autorama e a cada ano lançavam um modelo novo ou série nova. O modelo Fittipaldi fez sucesso. Teve a série Wilson Fittipaldi, depois Emerson Fittipaldi, depois José Carlos Pace. Meus primos ganharam todos.
Tinha as bicicletas Caloi e Monark, os triciclos, o Jeep e o Trator da Bandeirante.
Tinham os jogos de tabuleiro: Jogo de Ludo, Dama e Tria, e mais tarde o Banco Imobiliário, depois teve o Detetive e Jogo da Vida. Tinha os papéis de carta até com cheirinho.
Sempre gostei muito de jogos porque daí podia brincar com meus irmãos. O pai brincava junto.
E tinha os carimbos de madeira, Balança mas não Cai, Pega Varetas, os carrinhos Matchbox, os aviões e carros da Ravel para montar.
E atrás da escada ficava a lanchonete, sempre cheia. Tinha que esperar para sentar.
Lembro do Club Lasa e da Banana Split. E também do Cachorro-Quente, do Sundae e do Waffle.
Club Lasa era um pão de forma macio, com queijo e presunto, cortado em triângulo e com palitinhos para segurar. A gente podia também pedir um chocomilk de garrafinha para acompanhar.
Servia no prato e no meio dos pães cortado colocavam batata chips.
A banana split eram tiras de banana em baixo, três bolas de sorvete em cima (morango, creme e chocolate) e depois cobertura de marschmellow, chocolate, caramelo e ainda castanhas picadas.
A gente ficava com a barriga estufada depois de comer uma banana split, mas era uma delícia.
Ir nas Lojas Americanas era o melhor programa do mundo e hoje, só de passar na frente e tirar essa foto, deu uma nostalgia.
A escada rolante da loja é mesma, só que está parada, esperando um cliente colocar o pé para movimentar. No tempo que fiquei ali, nenhum cliente pisou.
No meu tempo de criança, nunca vi um degrau dessa escada desocupado. Era fila para subir e descer o tempo todo.
Olhar tudo em volta é uma lenta volta ao passado.
– Onde foram parar as crianças com suas carinhas felizes ao lado das mães?
– Cadê as balas a granel?
– Cadê aquela multidão de pessoas em que você se sentia espremido?
Por segundos, recordamos daqueles que nos levavam e a maioria já não estão mais por aqui.
Como dói.
E lembramos de quem éramos. Dói também.
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Lembro disso tudo
Adoro quando você mostra fotos antes x atual, além de uma história cheia de curiosidades!
Acho que as crianças vão ao shopping center com as mães hoje em dia..