Foi dada a partida!
Os cavalos saem num confuso tropel de cascos, fardas coloridas dos jockeys, números junto às selas que à distância não conseguimos distinguir.
Os jockeys segurando firme as rédeas para poupar seus pupilos porque há muito pela frente.
Os cavalos que ocupam a raia interna tendem a se manter na frente visto que o circuito interno favorece pelo percurso menor.
Na reta oposta pouco se sabe. Um dos competidores tira 2 corpos de vantagem.
Isso ainda nada significa. Começa a curva e tudo começa a se desenrolar.
Cavalos e jockeys se engalfinham buscando espaço. Nenhum jockey abre uma lacuna.
Gritam palavrões e se digladiam em um clamoroso combate físico e verbal.
Contornam a curva de chegada e entram na reta final.
Abre-se o leque de cavalos para o público.
A velocidade é viva!
Por fora um cavalo com passadas largas encontra uma passagem aberta e segue atropelando. Obstinadamente.
O jockey só empurra com os braços. Parece flutuar no lugar mantendo as pernas flexionadas e sem sentar na sela. O cavalo responde.
Sinto na arquibancada o coração acelerar, parece que vai sair pela boca.
Outros jockeys olham para trás e percebem a aproximação do adversário e tentam manter a posição mas não contam com a convicção e raça de um craque.
E nessa ordem…. CRUZAM O DISCO FINAL!
Desço as arquibancadas em direção à pista. Avisto o pai na arquibancada dos treinadores, a respiração difícil.
Sempre, mas nesses momentos mais. A expressão dele denuncia o que sentia: “a tal felicidade”.
Sobe a bandeira. Olho Mecânico” para decidir qual cavalo ficou em primeiro ou em segundo lugar. Às vezes por um focinho, ou “por una cabeza”, como cantava Gardel.
Não sei dizer se momentos como estes valeram as esperas, incertezas, despesas, muitas despesas.
Só diria que na vitória, seja na vida ou no turfe, o que ficará para sempre é a emoção.
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Contornam a curva de chegada e entram na reta final.
Abre-se o leque de cavalos..,
A velocidade é viva!
(me arrepio cada vez que releio. Quem foi do jockey sabe do que estou falando…)