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KARIN-CABECA-COLUNA

Primeira fábrica de gengibirra: Felipe Lombardi

10/04/2025
Alto São Francisco em 1920, em 1° plano Sociedade Garibaldi, ao fundo Belvedere e a Sociedade Beneficente e Protetora dos Operários. A primeira casa, bem ao lado direito, com 2 pavimentos e o terreno, pertencia ao Sr. Felipe Lombardi

Há 26 anos, Dr Wilson Andersen Ballao estava passeando pela Rua Jaime Reis, quando se sente atraído, como por magnetismo, para a casa dos Calluf, ao lado da galeria “Um lugar ao Sol”.

A casa não estava conservada mas emanava familiaridade.

Após demoradas negociações ao longo de 4 anos e dispendioso restauro durante 6 meses, resolve instalar ali seu escritório de advocacia

Durante as negociações todos perguntavam a ele: – Por que justo esta casa? O que o atrai tanto ali?

Essa pergunta ecoava e ele não sabia o que dizer.

Passados 18 anos, encontra a resposta:

Descobre que aquele terreno guardava a história da sua família. Seu bisavô, Felipe Lombardi, faleceu ali em 1925. Sua mãe, neta dele, nasceu em 1929 – um hiato no tempo que os impediu de se conhecer, dissipando memórias.

Dessa forma, o bisneto nunca soube onde os Lombardi viveram na Curitiba daquela época.

Mas nunca desistiu de buscar a resposta. E quando encontrou, foi uma revelação.

O bisavô construíra a casa e instalara sua fábrica de gengibirra exatamente no local onde ele adquiriu, reformou e agora estava instalado.

Exatamente no mesmo lugar hoje fica a portaria do seu escritório de advocacia, o bisavô vendia a gengibirra e o vinho, que engarrafava diretamente dos tonéis. Aliás, o bisavô foi o primeiro a fabricar a gengibirra aqui em Curitiba

Os números 86 e 134 (a casa onde hoje é a galeria Um Lugar ao Sol e esta), hoje endereços distintos, eram uma única propriedade no passado.

E outra coincidência: o médico que assistiu o bisavô em seus últimos momentos, Dr. João Cândido, batiza a praça em frente à casa, onde estão as Ruínas de São Francisco, as Arcadas e o Belvedere.

Coincidências?

Penso que foi um chamado silencioso, algo como se a casa tivesse esperado 74 anos (1925 – 1999) pelo retorno de um Lombardi. E não podia deixá-lo escapar.

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