Lá pelos idos de 1967, houve um desfile de fantasias no Clube Curitibano. Não era um desfile de Carnaval, pois ocorreu em setembro. Mas seria um grande e badalado acontecimento, promovido pelo Clube do Siri, que organizava eventos beneficentes.
Na época, eu estava com quatro anos, e minha mãe decidiu mandar fazer uma fantasia de Pedrita para mim.
No entanto, quando a fantasia estava pronta, ela achou que faltava algo e pensou em acrescentar alguma coisa, talvez um acessório a mais…
Esse “acessório” depois se revelou o elemento principal da minha fantasia: um filhote de onça do Passeio Público.
Mas como assim?
Naquele tempo, as coisas eram um pouco mais simples. O Passeio Público não era como é hoje; todos os animais grandes ficavam lá, incluindo a onça e seu filhote.

Minha mãe conversou com o responsável pelos animais, que informou que o filhote de onça tinha apenas 5 semanas e que, nessa fase, não apresentava agressividade, podendo ficar longe da mãe por até 2 horas. Assim, minha mãe combinou de pegar o filhote de onça emprestado para o desfile.
Como morávamos praticamente em frente ao Passeio Público, comecei a ir lá todos os dias, para ver o filhote e fazer com que ele se acostumasse comigo, e eu com ele.
Eu estava achando tudo isso incrível.

No dia e na hora do desfile, no entanto, havia uma multidão, com muitas mulheres falando alto e também fumando. O filhote, que já estava bem acostumado comigo, começou a se incomodar com a fumaça e com o alvoroço, enquanto eu o levava na coleira. E empacou na passarela!
Mas eu não estava disposta a desistir naquele momento!
Fui até o filhote de onça e o coloquei debaixo do braço, de ponta cabeça mesmo, com o rabo para frente e a cabeça para trás.
E assim fui desfilando na passarela, com a oncinha de cabeça para baixo, ajeitando-a depois no colo.
As pessoas acharam a cena engraçada, aplaudiram e riram. E assim tenho uma história para contar.
Texto narrado por Karla Weber e escrito a quatro mãos com Karin Romanó.
Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.