O Carnaval Brasileiro teve na Avenida dos Privilégios, desfilando diante dos pagadores de impostos, mais um penduricalho que gera indignação. O ato, assinado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, permite a cargos comissionados da Casa Legislativa um dia de folga a cada três trabalhados, com a opção de “vender” o benefício. É um exemplo claro de como o nosso sistema político prioriza interesses particulares em detrimento das necessidades da Sociedade como um todo. Uma aprovação, sem qualquer discussão pública, e, particularmente entendemos totalmente desconectada da realidade.
A escala “4×3” para servidores do Senado, instituída por portaria em 28 de fevereiro e em vigor desde o dia 1º de março, foi implementada sob o argumento de compensar “funções relevantes singulares”. Que funções são essas? Ninguém sabe ao certo. O que sabemos é que, enquanto o setor produtivo rala para pagar a conta, o funcionalismo ganha mais um mimo. Imagine o pequeno empresário, aquele que enfrenta impostos abusivos, energia cara e burocracia infernal. Ele não tem folga “4×3”. Se fechar as portas por um dia, é prejuízo na certa. O trabalhador informal, então, nem sonha com indenizações por “serviços excepcionais”.
Já no Senado, basta uma canetada para criar um privilégio que, embora limitado a 10 dias consecutivos e 20 acumulados, cheira a regalia disfarçada de justiça. E o detalhe: o dinheiro da indenização não entra na base previdenciária. Ou seja, é um bônus que não custa o futuro do servidor — quem paga é o contribuinte. Mas, como tantas outras regalias, esta foi implementada no silêncio covarde de quem se apossa do poder e se desconecta de princípios básicos de uma República decente.
De forma alguma queremos aqui fazer panfletagem contra o funcionalismo — ele tem seu papel —, mas pretendemos sim demonstrar contrariedade a essa lógica de castas que protege os de cima e ignora os de baixo. O setor produtivo, motor da economia, está sufocado. Indústrias fecham, empregos somem, e o governo tem dificuldade em adotar medidas que mudem, de fato, o cenário. Enquanto isso, o Senado inventa formas de premiar os seus!
A portaria é mais um sinal de um Brasil dividido: de um lado, os privilegiados do poder; de outro, os que carregam o piano sem direito a aplauso. Até quando vamos aceitar essa dança desigual? Até quando vamos seguir aceitando a inexistência de um projeto de País? Temos condições de mudança ano que vem. Mas precisamos, desde já, nos mobilizarmos e nos concentrarmos em sermos protagonistas da construção do Brasil que queremos.
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Muito obrigado a todos vocês que puderam ler e agregar comentários, que também subscrevo!
Abraços
Abordagem perfeita. Ainda não chegamos a república. Ainda estamos no Império. A mobilização e conscientização nacional de que os protagonistas são o Povo é fundamental para as mudanças que desejamos. Parabéns pelos comentários.
Parabéns! Leitura perfeita é mais esse absurdo empurrado garganta abaixo, por essa ” elite política”.
A Honradez de colocar os pedidos de impeachment dos Ministros do STF em votação o sr. Davi não tem, mas a desfaçatez de criar estas novas benesses, ele nem pisca para assina-las. Este sr. nunca deveria ter chegado a Senador, muito menos a Presidente do Senado.
A continuar este tipo de comportamento podemos ter sérias consequências no futuro.
São tais abusos que justificam o anseio da população em destituir todo esse esquema de podridão que domina os três poderes…