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26/04/2024



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Sem admissão para retrocessos: a cidadania irá intervir

 Sem admissão para retrocessos: a cidadania irá intervir

O Brasil vive um dos seus mais complexos processos eleitorais. Certamente, a eleição de 2022 entra para a história pela conjuntura com a qual nós eleitores precisamos lidar. Já era esperado que houvesse grande turbulência e desafios colossais em todo o desenrolar eleitoral. Esse artigo se distancia, porém, da proposta de fazer juízos de valor personificados e de trazer um engrossamento da polarização vazia e desagregadora. O que pretendemos é contribuir com algumas reflexões mais amplas, sobretudo sobre o País que rejeitamos ter e o papel do cidadão na resistência democrática e opositora a qualquer insana movimentação do governo que irá assumir, sobretudo no sentido de desconstruir os avanços de nossa Pátria.

Antes de avançarmos para essas análises, sentimos a obrigação de tratarmos sobre a democracia. Para isso vamos iniciar fazendo perguntas! Criticar os poderes constituídos é ser antidemocrático? Questionar e ponderar sobre o sistema eleitoral é ser antidemocrático? Buscar respostas para dúvidas ou incertezas daquilo que deveria ser claro e imaculado como o processo eleitoral é ser antidemocrático? Demonstrar insatisfação com um resultado eleitoral e adotar um posicionamento ideológico firme de contrariedade ao governo que se avizinha é ser antidemocrático? Sinalizar uma interpretação constitucional de possibilidade de uma intervenção federal envolvendo as Forças Armadas é ser antidemocrático? Pensar e falar são atitudes antidemocráticas?

Um ponto que consideramos muito importante para essas perguntas é compreender que o modelo democrático já foi diferente do que se tem hoje. Se observarmos a origem da democracia, na Grécia, vamos perceber que havia entendimentos muito particulares da época e que hoje seriam vistos como bastante distantes de um regime democrático. Essa forma de se fazer democracia só foi mudando e se aperfeiçoando a partir do momento em que as pessoas criticavam o que se tinha, lançavam dúvidas, apresentavam possíveis falhas, demonstravam inconsistências, provocavam debates e lutas de ideias. A democracia foi sendo construída, ao nosso ver, pela própria capacidade do povo nela inserido de questionar, criticar e buscar novos contornos. Muitas vezes essas mudanças foram para acompanhar as transformações da própria Sociedade.

De forma alguma nossa intenção é permitir qualquer interpretação de que sejamos favoráveis a golpes ou tomadas de poder. O que estamos querendo mostrar é que mesmo que cause incômodo o processo de questionar, criticar ou protestar faz parte da democracia e serve para aperfeiçoá-la. É claro que há leis que precisam ser respeitadas, o que tememos é o uso das letras para criar condições de abusos e autoritarismos, censurando e sufocando as ideias. Aliás, censura é algo abominável, assim como também é esdrúxulo aceitar que uma pessoa ou um pequeno colegiado tenha a absoluta palavra final a respeito de tudo, interferindo em outros Poderes, sem ter recebido nenhum voto popular. Claro, estamos falando do judiciário e há sim necessidade de uma reforma para que haja um retorno desse Poder para o aspecto técnico e que o discurso de defesa da Constituição seja de fato colocado em prática, deixando de ser retórica para questionáveis ativismos. Mas isso é tema para outro artigo!

Bem, com essas provocações reflexivas sobre o que é democracia, sobre o que enxergamos como uma tentativa de narrativa com relação ao uso constante do termo antidemocrático, e com uma clara repulsa a censura, podemos partir para o ponto central do que pretendemos compartilhar. É fato que o processo eleitoral apontou um escolhido – com margem nunca antes tão apertada registre-se – e que deve assumir em janeiro. É inegável que o candidato vitorioso possui um passado no mínimo questionável e que sua sigla partidária é de esquerda e, como tal, possui sua doutrina política em prol do socialismo e, num cenário posterior, do comunismo. Tudo isso naturalmente gera percepções e compreensões do que pode acontecer nas mais diversas áreas do governo. E aqui ressaltamos a palavra “pode”. Existe sim riscos e é preciso vigilância, mas precisamos compreender que o Brasil é maior que o desejo individual ou de um pequeno grupo partidário, mesmo que esses formem um governo e tentem manipular massas. As manifestações que ocorrem desde o resultado do processo eleitoral são uma degustação da capacidade de reação caso haja qualquer tentativa de desconstrução do nosso País. Outro ponto de destaque é a composição do Congresso a partir do ano que vem com um claro alinhamento à direita. Esperamos que o Parlamento resista a possibilidade de se vender por emendas e trabalhe pelo Brasil.

Nesse sentido, consideramos que é muito importante a todos nós que tenhamos realmente fôlego para as eventuais resistências que sejam necessárias. Revogar a Reforma Trabalhista? Intervenção já! Intervenção da cidadania, do povo nas ruas, nos espaços democráticos! Revogar a lei da liberdade econômica? Intervenção da cidadania novamente! Retirar a independência do Banco Central? Atenção, cidadania. É hora de intervir mais uma vez. Injetar dinheiro brasileiro em países estrangeiros em detrimento das obras estruturantes necessárias para a nossa Nação? Fortalecer novamente os sindicatos oportunistas e chupins? Intervenção. Intervenção. É realmente a cidadania se opondo a qualquer modelo atrasado de administração, a qualquer tentativa de retirar o Brasil da trilha do desenvolvimento, a qualquer tentativa de inchar o Estado e sufocar o empreendedorismo. Enfim, diante de toda causa justa e desalinhamento do futuro governo com o Brasil do presente e do futuro, devemos sim propor a intervenção, mas a intervenção da cidadania, que é a que depende de mim, de você, de todos nós, unidos, com os instrumentos democráticos.

Esse cenário, caro leitor (a), esperamos que seja desnecessário. O nosso desejo é que o futuro governo surpreenda, mostrando que abandonou nos seus porões as cartilhas fantasmagóricas que sempre embasaram a esquerda. A nossa esperança é que seja um governo para todos com a compreensão de que uma relevante parcela do povo brasileiro compreendeu a importância do liberalismo e do conservadorismo e que isso precisa ser respeitado. Queremos profundamente que se ampliem as reformas necessárias, mas de forma moderna e inteligente, para realmente deixar o Brasil cada vez mais livre e pujante. Em seu discurso, o presidente eleito disse que governaria para todos e esperamos que realmente cumpra com isso. Falas recentes acenderam alguns sinais de alerta, mas acreditamos e confiamos que o legado deixado pelos governos mais alinhados à direita fora bem construído e que o destruir será tarefa difícil, principalmente porque o alicerce dessas ações tem como componente o povo. E esse povo vai cada vez mais acreditar na intervenção da cidadania para frear déspotas, quaisquer que sejam, e impor o respeito às suas vontades, aperfeiçoando a democracia e construindo o Brasil que deseja.

Queremos, por fim, sensibilizar a todos para que sejamos de fato protagonistas. Vamos pensar qual a estratégia adotaremos enquanto cidadãos? Vamos principalmente buscar a pacificação? Que as diferenças sejam apenas de ideias! Que as lutas sejam apenas retóricas. Somos todos brasileiros! Podemos ter visões de mundo diferentes, mas somos todos filhos da mesma Pátria. Transformemos nossa indignação em ação, mas o agir precisa ter profundidade, sentido. É preciso cultura, conhecimento, para que nossa cidadania tenha a força da intervenção que freia abusos e promove avanços. É preciso que nos afastemos das visões reacionárias e que busquemos soluções novas para problemas novos. Vamos olhar para a frente, fazendo oposição quando necessário, mas acreditando na força do nosso Brasil! Retrocessos não passarão: esse precisa ser o foco. Deixemos de dar argumento para as narrativas que objetivam sufocar e censurar. Tenhamos inteligência para resistir… inteligência!

Por fim… que tenhamos em mente que a melhor intervenção é a da cidadania. Seja cidadão de fato, sempre! Seja brasileiro de fato, sempre!

17 Comments

  • Artigozinho bem golpista. Uma simples leitura do art. 286 do Código Penal esclarece tudo. Esse eufemismo “intervenção federal” tem a ver com uma certa vergonha de se assumir com o que de fato é: vivandeira de quartel.

  • Parabéns pela manifestação muito coerente e atual. Uma só pessoa desprovida de recursos capilares, mas com recursos ditatoriais de sobra não pode acabar com nossos direitos e garantias individuais da forma que está acontecendo. O Judiciário serve ao povo e não o escraviza. Antidemocráticas são as atitudes da chefia do nosso Judiciário há alguns anos.

  • Luis Mario Luchetta, compartilho “ipsis literis” da sua reflexão. Considero fundamental contribuirmos, enquanto cidadãos de boa índole, na formação de novas lideranças neste país que se encontra, hoje, infelizmente, apenas polarizada. Não soubemos construir alternativas? O que nos resta é esse cenário temeroso? Não. Sua profunda reflexão nos remete a um caminho a seguir: “é preciso estarmos vigilantes com inteligência para resistir… Acreditando na intervenção da cidadania para frear déspotas, impondo o respeito às suas vontades, aperfeiçoando a democracia e construindo o Brasil que desejamos”. Que, realmente, doravante, sejamos de fato protagonistas. Inspirador.

  • Perfeito
    Democracia contempla todas as possibilidades de manifestações de pensamento.
    O Brasil se tornou uma grande república por força de seu povo e o empreendedorismo que marca nossa gente. A vigilância permanente é a fórmula para não enveredarmos para o retrocesso. Vejo sinais de avanços em nossa sociedade que hoje se preocupa mais com política em vez de futebol.
    Viva o Brasil

  • Até que enfim um posicionamento que traz luz e se sintoniza com o tenso momento que vivenciamos. Por enquanto era só o povo. Aos poucos, instituições respeitáveis também começam a se posicionar. Pisando em ovos, mas com convicção.

  • Interessante ponto de vista, só novas provocações: esse mesmo grupo apoiadores da direita estava nas ruas quando havia atrocidades aos mais pobres? Defendeu a vacinação e a ingestão do governo atual quando nao comprou vacinas, insistiu em metodos nao comprovados (hidroxicloroquina), interviu na PF, AGU e procurador geral da republica? E quando propôs intervenção militar? Isso não são pautas democraticas! Desejo que essa eleição resulte em oposição séria e constante, que apareça nos 4 anos do atual governo, e não somente em período eleitoral.

  • Vivemos em uma democracia constitucional sem espaço para déspotas que se escondem dos cidadãos comuns e quando interpelados respondem de forma intolerante, prepotente e chula. Lembrando aos tiranos o Artigo 1º da CF.
    Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

  • Espero que a instituição da qual fazemos parte possa ser o instrumento de alerta nos momentos em que houver fatos que mereçam intervenção.
    A omissão é, na minha opinião, um deboche desnecessário.

  • Excelente.

    A unidade patriótica, ao meu ver, não existe. E nunca existiu. Ultrapassaram todos os limites legais, morais e éticos do sistema de peso e contrapeso do sistema democrático.
    Os limites só existirão enquanto todos terem o sentimento de unidade de pátria.
    Sejamos vigilantes contumaz.

  • Texto inspirado! Parabéns, amigo. Tua reflexão nos convoca para a ação enquanto nos motiva com esperanças realistas e bem fundamentadas.

  • Muito bem pautado e discutido!

  • Quero ver a “intervenção da cidadania” com bomba de gás, bala de borracha e canhão d’água, pra cima dos cidadãos.

  • Parabéns meu querido Grão Mestre, e bem isso que precisamos fazer, observar e cobrar para que não venhamos a nos arrepender por deixar que façam tudo novamente

  • Concordo plenamente.

  • Isso é agir dentro do campo da ciência política e a prática da democracia. O resultado da eleição está firmado. E a minha concordância está em disperta em cada cidadão brasileiro seu censo crítico, capacitando-o na busca da equidade na justiça e na diminuição da desigualdade social. Assim acredito que estaremos agindo como homens de bons costumes.

  • Em pé e a ordem.

  • Sim! De acordo. Utilizemos o debate para crescer. Dentro da Lei, da Justiça e dos bons costumes.

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