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Governança da família empresária na ótica da família

25/01/2025

A moderna família empresária deve contemplar na sua matriz de governança uma metodologia formal de gestão do ativo “família” em duas vertentes, sendo uma de alcance interno – interfamiliar – e outra de repercussão externa, ou seja, a atuação da família na sociedade em geral. Pode-se afirmar que não existe família empresária sem governança e gestão dos assuntos familiares no seu âmbito in[1]terno e no externo. Neste sentido, este ativo familiar – família – requer uma gestão técnica, formal e assertiva. Apesar de, no trinômio empresa, família e patrimônio, família ser o único ativo não mensurável quantitativamente, ao contrário dos outros dois, os resultados qualitativos da sua gestão são inegáveis tanto para o bem-estar da família como para os benefícios sociais que a mesma pode proporcionar à sociedade em geral. Na realidade, pode-se seguramente afirmar que a gestão da família empresária faz parte do seu DNA.

Entre os objetivos mais relevantes da gestão da família estão a conciliação e alinhamento dos interesses comuns dos familiares e suas relações, ser o guardião do legado, valores éticos, religiosos, sociais, da tradição da família, além de ordenar o regramento das relações familiares no presente e a pavimentação da perpetuidade para as novas gerações. A implantação e o exercício da gestão da família consistem na prática efetiva dos valores e princípios proclamados no Protocolo Familiar e no Conselho de Família por meio de ações concretas que materializam a união, o respeito, o pertencimento, a responsabilidade social e os demais previstos. Para que esta governança aconteça, seguem algumas observações pertinentes.

I. Modelo de Gestão da Família

A principal recomendação é que a gestão da família seja intergerações, ou seja, que dela participem familiares representativos de todas as gerações da família. Portanto, trata-se de uma gestão por um órgão colegiado que deve ser estruturado e funcionar como tal. Neste sentido, é fundamental que tenha um comando ou coordenação – não importando de qual geração seja –, tenha objetivos, rotinas e pautas definidas. Seus integrantes devem sentir-se pertencentes, na medida em que contribuem com o seu trabalho e dedicação neste fórum, com atribuições e funções claras e definidas, sendo uma atmosfera favorável para a integração, o reforço de vínculos, o aprofundamento de conhecimentos recíprocos, a potencialização de vocações e as trocas de experiências em um ambiente mais propício e mais apropriado.

É, afinal, um espaço em que os familiares são vinculados por elos e valores que não somente os financeiros e patrimoniais, e sim por objetivos outros que não econômicos. O sentimento de pertencimento transforma-se em cumplicidade e comprometimento, revelados pelo atingimento das metas estabelecidas. Recomenda-se também que, apesar de a sua criação estar prevista no Protocolo Familiar, que o seu funcionamento seja autônomo e independente, sujeito, no entanto, às regras gerais estabelecidas pelo Conselho de Família. Assim como o Protocolo Familiar indica os modelos de governança da empresa e do patrimônio, deve contemplar o mesmo em relação ao modelo de governança da família.

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