Pular para o conteúdo
manoel

Governança da família empresária na ótica da família (II)

31/01/2025

Em continuidade ao artigo anterior, contemplam-se aos modelos de gestão os Objetivos internos e externos.

Por uma questão de focos e escopos bem definidos, costuma-se dividir o gerenciamento de assuntos familiares em duas vertentes:

Objetivos internos – A família deve elencar as suas prioridades em relação aos sonhos, expectativas e vontades de seus integrantes, seja no aspecto pessoal, profissional ou social, para que possa estabelecer objetivamente sobre quais matérias deve exercer a sua governança familiar. Temas como a programação de encontros de confraternização, gestão de apoio profissional, emocional e pessoal para seus integrantes, seja de natureza financeira ou de qualquer outra ordem, gestão dos bens de uso comum, programação de seminários, cursos, palestras e demais modalidades culturais e educacionais, critérios de contribuição e apoio para familiares e parentes não pertencentes ao núcleo familiar, assistência médica, são algumas, porém não todas, atividades da gestão da família. Deve-se destacar que, quando as famílias já têm um Conselho de Família e essas demandas já estão previstas no Protocolo Familiar, cabe ao fórum de governança da família executar, implantar, implementar e gerir tais atividades e funções. Uma situação recomendável é que se inclua na governança interna da família empresária atribuições de gestão de rotinas dos familiares, como pagamento de serviços domésticos, jardinagem e demais aspectos funcionais da família.

Esta atividade, se for o caso, se descola das atribuições do Family Office, cujo escopo e razão de ser é a gestão do patrimônio de família, e não da família, que seria atribuição do colegiado familiar de cunho mais informal e ágil. Tais atividades são mais aderentes neste fórum do que no Family Office, sempre destacando que as matrizes de governança não são rígidas, sendo facultado à família empresária o modelo que melhor lhe aprouver.

Objetivos externos – São as práticas que transmitem para a sociedade em geral a contribuição social, cultural, educacional, sanitária, ambiental e econômica da família, entre outras, a partir de algumas premissas, tais como: • A cultura da solidariedade. • A cultura da caridade. • A cultura da retribuição – give back – reciprocidade social. Trata-se, neste caso, do contraponto da cultura de resultado. • A percepção da desigualdade. • O exercício da cidadania empresarial. • A empatia social – colocar-se no lugar do outro. • A filantropia empresarial.

Por ser um investimento social familiar, é relevante e recomendável que tais práticas aconteçam de forma ordenada e com um gerenciamento responsável, e que a família não entenda esta vertente da família empresária como forma de assistencialismo, mas como uma vocação e uma escolha que deve ser materializada de forma profissional e formal. A depender das intenções familiares a respeito dos seus objetivos externos, o grau de formalismo deve ser compatível com os projetos. O mais importante a ser destacado é que, independentemente da formatação jurídica desta atividade – fundação, associação ou órgão familiar –, não se buscam tais objetivos externos de forma esporádica e sem metodologia.

Leia outras colunas do Manoel Knopfholz aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *